Educação

Projeto piloto do novo Enem não inclui Maceió

Novo formato com prova digital vai ser iniciado em 15 capitais no próximo ano para até 50 mil estudantes

Por Lucas França com Tribuna Independente 06/07/2019 13h05
Projeto piloto do novo Enem não inclui Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ganhará uma versão digital da prova a partir de 2020. Mas, a capital alagoana ficou de fora desta primeira etapa do “projeto piloto” do Ministério da Educação (MEC), anunciado na última quarta-feira (3). A primeira edição do Enem Digital será aplicada para até 50 mil estudantes, nos dias 11 e 18 de outubro de 2020. Eles farão as provas em escolas e faculdades de 15 capitais brasileiras. Segundo a assessoria de comunicação do MEC, o Estado não vai ficar de fora do projeto. “Não existe nenhum motivo para Alagoas ou qualquer outro estado ficar de fora do Enem Digital. O que acontece é que esse é um primeiro momento. Estamos implantando o modelo digital de forma gradual em teste. Com o tempo o modelo será aplicado em todo o país”. Ainda segundo informações do ministério, o modelo continuará garantindo a segurança e lisura da aplicação das provas. “A segurança continuará existindo, inclusive com fiscais e regras na hora da aplicação”. Para o professor de redação e um dos cursinhos pré-vestibulares em Maceió, Thalles Barros, o novo Enem não é só uma estratégia de redução econômica, é também estratégia de alcance da chamada geração Z. “Vivemos na era da tecnologia, mais de 90% dos estudantes são dessa geração. Isso já é observado mundialmente, então esse novo sistema atenderá muito a esses alunos. Sou professor de redação, e noto que muitos candidatos/alunos passam mais tempo teclando que escrevendo. Inclusive nas escolas é comum perguntarem se é para escrever ou se pode tirar a foto do que estar nos quadros. Ou seja, essa tecnologia como vai se gradativa até 2026, dará tempo para se adaptada nas escolas. Com isso, os alunos vão se adaptando. Acredito que esse modelo se adequa mais que o papel. Tem alunos que até reclamam de técnicas de caligrafia passadas em vários cursinhos e em escolas, então a tendência é de fato a metodologia usando a tecnologia a seu favor”, diz. Thalles também acredita que com o sistema diminuirá tentativas de fraudes nas provas. “Nesse formato com certeza terá um sistema ou aplicativo que impeça as fraudes seja de alunos ou de terceiros. Inclusive um sistema que evite a correção automática da redação. É mais seguro porque as questões do exame serão abertas só nos dias das provas diretamente aos alunos – com o modelo atual as provas são impressas com muita antecedência”. Professores querem mais informações sobre mudança Em relação à não inclusão do projeto em Maceió em 2020, o professor Thalles Barros avalia que o ministério resolveu iniciar o piloto em cidades e estados que obtiveram melhores resultados nos últimos exames. “Estamos muito atrás dos resultados conquistados pelas escolas do sul. Em Alagoas a escola que obteve a melhor nota no Enem ficou na 887 posição. Recife está para receber o piloto porque está na terceira colocação de resultado. Porém, acredito que até 2026 deveremos entrar nesse processo com bons resultados’’. Já para o professor Luzinário Barbosa, ainda é cedo falar desse novo projeto. “Ainda é muito prematuro formar uma opinião sobre essa mudança. Praticamente não temos informações suficientes para construirmos uma ideia firme. Vamos aguardar mais informações para fazer uma análise real e profunda dessa mudança”. Belém (PA); Belo Horizonte (MG); Brasília (DF); Campo Grande (MS); Cuiabá (MT); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Goiânia (GO); João Pessoa (PB); Manaus (AM); Porto Alegre (RS); Recife (PE); Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA); São Paulo (SP) foram escolhidas para iniciarem com o Enem Digital. Apesar de não se saber ainda quando o modelo funcionará em Alagoas, candidatos ao Enem já recebem a notícia de forma positiva. Para a estudante Laís Raposo, 19 anos, o novo Enem pode trazer benefícios, mas também malefícios. “Existem dois lados: A ideia em si é muito boa, mas exclui uma parte de alunos que não tem o acesso as novas tecnologias. Vai atrair uns e outros não. Principalmente os estudantes de escolas públicas em diversas cidades do interior que não têm acesso a um tablete, computador ou celular. Esse novo Enem será um desafio para eles. Já por outro lado, tem a redução econômica com a diminuição de impressão das provas que já vai ajudar na sustentabilidade também”, comenta a estudante acrescentando que acha o projeto precipitado “tem que iniciar levando tecnologias às salas de aula”. Já a estudante Maria Júlia Lopes, 17 anos, acha a ideia positiva. “Acho interessante porque vai evitar muito gastos de papel. Além disso, maiorias dos jovens já vivem nessa era de tecnologias digital – temos uma prática diária. Acredito que pode economizar tempo na hora do exame”