Economia
Implantação de sistemas agroflorestais impulsiona caprinocultura leiteira no agreste Alagoano com apoio do Banco do Nordeste
Projeto da Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA), selecionado em edital do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e de Inovação (Fundeci), do BNB, adota práticas sustentáveis e fortalece produção de leite de cabra

Um projeto da Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA) vem introduzindo novas práticas de manejo agrícola no agreste alagoano para promover o desenvolvimento e a segurança alimentar da caprinocultura leiteira naquela região. As ações, realizadas nos últimos três anos, foram fortalecidas por meio de apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e de Inovação (Fundeci), do Banco do Nordeste (BNB), que possibilitou o redesenho das paisagens alimentares para produção animal e a implementação de Unidades de Referência em Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAFAs) nos municípios de Igaci, Limoeiro de Anadia e Coité do Noia.
Segundo o engenheiro agrônomo e coordenador geral do projeto, Fabiano Leite, as ações se concentraram na diversificação dos espaços produtivos, substituindo o modelo convencional baseado em insumos externos por sistemas agroflorestais, com foco forrageiro. “Nesses sistemas, foi possível cultivar, em uma mesma área, espécies arbóreas, alimentos para as famílias agricultoras e forragem destinada à alimentação dos caprinos. A estratégia resultou em paisagens multifuncionais, com melhorias na fertilidade do solo, aumento da biodiversidade e redução da dependência de agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes transgênicas”, ressalta.
A iniciativa começou com três unidades demonstrativas e, com o engajamento das famílias, atualmente, já são mais de 10 SAFAs implantados. “Criamos um verdadeiro ecossistema de envolvimento, com mutirões, participação e avaliação coletiva em cada atividade. Os produtores passaram a reproduzir os modelos em outras áreas de suas propriedades”, destaca Fabiano.
Avanços e inovação
A recuperação gradativa do solo foi um dos avanços constatados com a implementação do projeto, principalmente com o aumento da matéria orgânica e da melhoria da estrutura e cobertura vegetal. “O princípio é simples: solo coberto é solo vivo. Ao mantermos uma cobertura diversificada, composta por diferentes espécies cultivadas de forma consorciada, fortalecemos o solo e garantimos sustentabilidade ao sistema produtivo”, explica o engenheiro agrônomo.
Além da parte técnica, o projeto promoveu formações em temas como conservação e armazenamento de forrageiras, gestão financeira da propriedade, qualidade orgânica, homeopatia animal e controle biológico de pragas. Para apoiar o trabalho no campo, as famílias receberam kits de mecanização adaptados à agricultura familiar, incluindo motocultivadores, roçadeiras, motosserras e pulverizadores.
Cerca de 20 famílias de agricultores foram beneficiadas diretamente, enquanto o impacto indireto alcançou estudantes, técnicos da assistência e agricultores de outros municípios. Os resultados já são percebidos tanto na produção de leite de cabra, que apresentou crescimento em 2024, quanto na oferta de alimentos diversificados para consumo humano e animal.
Educação no campo
As ações foram trabalhadas a partir da Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (PEADS), que orienta a construção do conhecimento agrícola comunitário. Em busca do fortalecimento da educação no campo, o projeto focou em abordagens pedagógicas contextualizadas, com a promoção de cursos, oficinas e visitas de pares, que na visão de Fabiano criaram uma verdadeira atmosfera de troca de saberes.
“Nessa construção, valorizamos tanto os saberes do campo e da cultura popular quanto o diálogo com o conhecimento científico. Assim, estabelecemos uma base sólida de aprendizado. Nesse sentido, a agroecologia é a nossa referência central. Ela dialoga com as ciências políticas, sociais, agrárias e até exatas, contribuindo para uma nova forma de pensar a produção agrícola”, esclarece Fabiano.
Fundeci
O projeto “Promoção do desenvolvimento e da segurança alimentar da caprinocultura leiteira no agreste alagoano” foi um dos selecionados no edital do Fundeci de 2023 e recebeu os recursos para sua implantação. O apoio ocorre por meio do Banco do Nordeste, que destina recursos não reembolsáveis a iniciativas voltadas ao fortalecimento do setor produtivo. Os editais priorizam temas estratégicos e incentivam a criação, o aprimoramento ou a adaptação de processos e produtos capazes de gerar impactos positivos na região.
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