Economia
Preço do açaí dispara e ultrapassa valor da alcatra na Pajuçara

Uma embalagem com cinco litros de açaí vendido a R$ 239,90. Esse foi o valor cobrado por uma sorveteria, de marca alagoana, localizada à beira-mar em um boulevard no bairro da Pajuçara, em Maceió. Há menos de 20 dias, o mesmo produto e na mesma apresentação estava sendo vendido ao custo de R$ 134,00.
Desta forma, o litro de açaí que saia a R$ 26,80, custa agora no bolso dos amantes da fruta R$ 47,98, uma pequena fortuna se comparado ao preço cobrado por um quilo de alcatra, cujos açougues localizados no mesmo bairro vendem por R$ 44,99, o quilo deste corte de carne.
A diferença no preço do açaí salta aos olhos de qualquer consumidor. A elevação no preço chegou ao valor de R$ 105,00, ou seja, cerca de 80%. O reajuste foi justificado pelos funcionários da sorveteria – se é que tem justificativa – como uma consequência ao aumento no valor da matéria-prima.

Tanto pessoalmente quanto por telefone, os funcionários disseram que o aumento no preço aconteceu na última quarta-feira, dia 24. A sorveteria tem algumas filiais na capital e nos balneários litorâneos do estado.
Apesar do preço exorbitante cobrado no local, em uma outra sorveteria na Ponta Verde, localizada na esquina de uma Igreja, o açaí, na mesma embalagem de cinco litros, está sendo comercializado por R$ 124,00.
A convite da reportagem, o economista Francisco Rosário fez uma análise de oferta e demanda e explicou que o problema do aumento no preço do açaí pode ser um choque de oferta do ponto de vista da produção interna do produto no Pará.
Francisco Rosário é doutor em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é professor e pesquisador em economia na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ele relacionou algumas variáveis e mesmo assim não viu justificativa para um reajuste desta monta.
“O Pará produz 95% do açaí do Brasil e é também o grande consumidor. Do total da produção, 40% é exportado para os Estados Unidos. O que sobra é distribuído pelo Brasil. Com o tarifaço do governo Donald Trump, houve um ajuste. As fábricas de poupa diminuíram a produção, funcionários foram demitidos. E isso tudo pode estar afetando a oferta, inclusive, no Brasil”, discorreu.
A oferta do produto no Brasil, completou o economista, está ligada à exportação também.
Conforme Francisco Rosário, é fato que o preço do açaí nos últimos dois anos estava subindo mais que a inflação. Segundo ele, desde o final de 2023, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), no Pará, já havia identificado aumentos acima da inflação do preço do açaí.
Ainda segundo o doutor em economia, outro fator tem a ver com a cadeia logística na entrega. “Como as empresas enxugaram seus quadros, a entrega do produto ficou complicada. Ainda assim, como todos esses fatores, não sei se justifica praticamente dobrar o preço. Até porque em agosto, por exemplo, o preço do açaí caiu no Pará. Vinha em uma alta constantemente e, por conta do tarifaço, sobrou produto e o preço caiu. Então não justifica um aumento tão grande”, explicou o economista que atua também como Consultor associado da GESTOTUS Consultoria.
Na avaliação de Francisco Rosário, alguns empresários devem ter aproveitado o tarifaço para aumentarem o valor do açaí em Alagoas. “Como o bom açaí é uma iguaria de consumo bem elitizado, as pessoas são pouco sensíveis ao aumento de preço e têm mais disposição a pagar”.
PROCON AL
Daniel Sampaio, diretor-presidente do Procon Alagoas, afirmou que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor qualquer que seja o abuso por parte de alguma empresa, o consumidor tem o direito de reclamar e cobrar do órgão fiscalizador uma providência nesse sentido.
No entanto, é preciso que ele esteja documentado quanto ao possível abuso, para que a fiscalização possa averiguar caso a caso as demandas que chegam ao Procon.
"É muito importante o consumidor interagir com o órgão para que ele seja protegido contra abusos e conquiste os seus direitos ", completou.
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