Economia
Em Arapiraca, mulheres elevam renda familiar com destalação de fumo
Trabalho manual com cultura fumageira mobiliza centenas de donas de casa, que chegam a ganhar até R$ 80 por dia

Rotineiramente, desde as primeiras horas da manhã até o final da tarde, a dona de casa Severina Rosa da Conceição, 65 anos, realiza um trabalho alternativo que ajuda, significativamente, a aumentar a renda de sua família: o processo manual de destalar as folhas de fumo.
A atividade ocorre na sala principal de sua residência, localizada no Conjunto Jardim das Paineiras, na periferia da cidade de Arapiraca, no Agreste alagoano.
Além de Severina Rosa da Conceição, o trabalho de retirada dos talos das folhas do fumo também reúne outras mulheres da comunidade. Elas ganham uma renda extra que pode chegar até R$ 80 reais por dia.
Durante o período de colheita de fumo, a prática de armazenar as folhas do tabaco, em casas de pessoas que não possuem terras para cultivo, remonta ao início da fundação de Arapiraca. Esse processo transforma as folhas em matéria-prima para a produção da corda de fumo
“Faço isso desde os oito anos de idade. Hoje, já tenho três bisnetas e o trabalho como destaladeira de fumo ajudou e continua ajudando a sustentar a minha família”, relata Severina Rosa.
Ela conta que os produtores deixam as folhas nas residências e pagam entre R$ 1,50 e R$ 2 reais para cada quilo de folha de fumo sem os talos. “O rendimento depende da qualidade da folha. Tem dia que a gente chega a produzir 60 quilos e receber um bom dinheiro pelo serviço”, revela a dona de casa.
Trabalho quase artesanal
A retirada dos talos é um processo manual que ocorre antes de o produto ser enrolado e transformado em cordas de fumo para a maturação e depois ser armazenado e comercializado nas feiras livres, no mercado regional e até na exportação para outros países.
A cultura fumageira foi, por várias décadas, a principal atividade produtiva, responsável pelo crescimento urbano e pelo desenvolvimento econômico de Arapiraca.
O município localizado na Região Agreste de Alagoas vivenciou o período de ouro da cultura fumageira entre as décadas de 1940 e 1980, com a instalação de várias indústrias multinacionais que compravam o tabaco e exportavam o produto, principalmente para países da Europa.
Nesse período, a área de plantio chegava a 30 mil hectares de terra, com a geração de mais de 20 mil empregos no meio rural em Arapiraca e nos municípios vizinhos.
Mas, no início da década de 1990, as leis internacionais ficaram mais rígidas em relação ao consumo de tabaco, o que acabou gerando a redução da área do plantio e o número de produtores de fumo em Arapiraca. A nova convenção de trabalho também afetou os produtores de municípios vizinhos, como Coité do Nóia, Taquarana, Craíbas e Lagoa da Canoa.
Mesmo diante da redução da atividade fumageira, que caiu pela metade, ainda nos dias atuais, a atividade ainda é um meio rentável para centenas de famílias em Arapiraca, sobretudo para as mulheres que conheceram o processo de destalagem do fumo e passaram o conhecimento para as filhas e netas.
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