Economia

Após flertar com R$4,28, dólar crava novos recordes históricos em sessão de atuação do BC

Onda de compra de moeda foi deflagrada depois de declarações dadas na véspera pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, indicando que o dólar alto veio para ficar

Por Reuters 27/11/2019 00h18
Após flertar com R$4,28, dólar crava novos recordes históricos em sessão de atuação do BC
Reprodução - Foto: Assessoria
O dólar até desacelerou a alta depois de dois leilões extraordinários promovidos pelo Banco Central no mercado à vista, mas ainda assim fechou com folga em nova máxima recorde nesta terça-feira, depois de ao longo do pregão disparar a quase 4,28 reais e cravar novo pico histórico também para o intradia. A onda de compra de moeda foi deflagrada depois de declarações dadas na véspera pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, indicando que o dólar alto veio para ficar. Mas o fortalecimento também teve como respaldo a percepção de que o Banco Central estava hesitando em atuar no mercado cambial. No fim, a autoridade monetária precisou fazer duas intervenções da autoridade monetária no mercado à vista para acalmar os ânimos. A primeira operação foi anunciada por volta de 11h e ajudou a desacelerar a alta da moeda, que, porém, voltou a ganhar fôlego depois. Segundo operadores, esse primeiro leilão foi pequeno e passou impressão de um BC receoso. A segunda oferta líquida de dólar à vista do dia foi anunciada pouco antes das 15h40 e, diferentemente da primeira, fez mais preço, ajudando a cotação a fechar perto das mínimas do dia. Há pouco, o BC anunciou leilões ordinários de dólar à vista, swap cambial reverso e swap cambial tradicional, sem oferta líquida de moeda no mercado físico. Mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça que as atuações foram por gap de liquidez e poderão ser repetidas na quarta. Ao longo desta terça, o ministro da Economia voltou a discursar, mas evitou falar de câmbio. No mercado interbancário, cujas operações se encerram às 17h, o dólar fechou em alta de 0,59%, a 4,2398 reais na venda, mais de 2 centavos acima da máxima anterior —de 4,2150 reais na venda, marcada na véspera. Durante os negócios, a cotação cravou 4,2785 reais na venda. Na compra, a moeda foi a 4,2770 reais, superando com folga a taxa de 4,2482 reais na compra alcançada em 24 de setembro de 2015, quando os mercados domésticos sofriam com forte volatilidade logo depois de a S&P retirar do Brasil o grau de investimento. Na B3, a taxa do contrato futuro de dólar mais negociado bateu uma máxima de 4,2775 reais. No mês, o dólar salta 5,75% ante o real, que tem desempenho melhor apenas que o peso chileno, considerando uma lista de 33 rivais do dólar. Mas a forte alta da cotação não tem animado alguns investidores por ora. “Sigo neutro em dólar, não estou comprado na moeda. Acho que o mercado está muito esticado”, disse Luiz Eduardo Portella, sócio-fundador da Novus Capital. “Mas nessa época do ano quando tem muita saída de fluxo fica difícil ficar vendido”, ponderou. O salto do dólar nas últimas semanas tem sido motivado em boa parte pela frustração com a perspectiva de fluxo, depois da falta de lances por parte de empresas estrangeiras no megaleilão de petróleo no começo de novembro. O fluxo cambial está negativo em 21,910 bilhões de dólares neste ano. Em evento em São Paulo nesta terça, o diretor de Regulação do BC, Otavio Ribeiro Damaso, disse que o BC estuda uma regulação no sentido de retirar alguns entraves para investimentos de menor porte no país, que acabam pouco viáveis para os investidores devido a custos de manutenção dos recursos no mercado interno.