Economia

Bovespa fica instável após chegar ao maior patamar desde 2008 com cenário político

Possível anulação do acordo de delação com a J&F gerou reação no mercado

Por Fonte: G1 05/09/2017 16h20
Bovespa fica instável após chegar ao maior patamar desde 2008 com cenário político
Reprodução - Foto: Assessoria
O principal índice da B3 (antiga BM&FBovespa, a bolsa brasileira) opera com instabilidade nesta terça-feira (5), após ter subido com força e alcançado a maior pontuação desde 2008. O mercado reagiu diante da visão de fortalecimento do governo do presidente Michel Temer, após a possibilidade de anulação do acordo de delação com a J&F.

Contudo, o índice perdeu fôlego contaminado pelo exterior, com as bolsas dos Estados Unidos ampliando as perdas nos índices S&P 500 e Dow Jones.

Às 15h47, o Ibovespa subia 0,12%, a 72.216 pontos. Mais cedo, o índice chegou a avançar 1,46% na máxima da sessão, a 73.179 pontos. Foi o maior patamar intradia (durante a sessão) desde a máxima histórica em 29 de maio de 2008, de 73.920 pontos.

Delação da JBS

As ações da JBS lideravam as baixas, com queda de mais de 6%. Na véspera, o procurador-geral da república, Rodrigo Janot, mandou investigar indícios de omissão na delação dos donos da JBS, o que pode cancelar os benefícios concedidos aos executivos.

A notícia enfraquece a possibilidade de uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer e aumenta as expectativas de que o governo conseguiria se fortalecer politicamente e encaminhar com mais segurança a pauta econômica no Congresso Nacional.

Janot destacou, contudo, que provas as apresentadas pelos delatores até o momento continuam válidas. "O anúncio... de que a delação da JBS pode ser anulada por suspeitas de irregularidades, fortalece ainda mais a posição do presidente Temer", escreveram analistas da corretora Coinvalores, em nota a clientes.

As atenções também seguem voltadas para o Congresso Nacional, diante da expectativa de conclusão da votação da medida que altera as metas de déficit fiscal deste e do próximo ano. Além disso, o Senado precisa votar a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) antes que a medida provisória perca a validade, na quinta-feira.

Outros destaques

Vale, Bradesco e Itaú Unibanco apareciam entre as mais negociadas e operavam em queda, pesando sobre a baixa do índice.

As ações preferenciais (prioridade para dividendos) e ordinárias (direito a voto) da Petrobras avançavam mais de 1%, em linha com os preços do petróleo no mercado internacional. Também no radar estava o avanço do processo de reestruturação societária da subsidiária BR Distribuidora, que aprovou reforma do seu estatuto, e o reajuste no preço do botijão de gás de 12,2%.

CSN subia reagindo à notícia do jornal "O Estado de S.Paulo" de que a empresa deve anunciar um reajuste de 10,25% no preço do aço a partir de 1º de outubro para a rede de distribuição e indústria. Usiminas tinha valorização de quase 2% e Gerdau recuava.

Véspera

Na véspera, o Ibovespa subiu 0,29%, a 72.128 pontos. Foi a maior pontuação desde o dia 8 de novembro de 2010, quando o índice fechou a 72.657 pontos. No exterior, tensões políticas geradas pelos testes nucleares da Coreia do Norte deram tom aos mercados.