Economia
Dólar cai na semana, em meio a posse de Trump e incerteza política
Morte do relator da Lava Jato também esteve no radar
O dólar caiu 0,55%, cotado a R$ 3,1825 na venda, depois de ter cedido 0,58% na véspera, a R$ 3,2002. Veja cotação. Na terceira semana do ano, a moeda dos EUA recuou 1,21%. No acumulado de 2017, a queda foi de 2,06%.
Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h09, alta de 0,006%, a R$ 3,20Às 9h49, alta de 0,219%, a R$ 3,1932Às 10h29, alta de 0,08%, a R$ 3,1975Às 13h39, queda de 0,31%, a R$ 3,1901Às 15h32, queda de 0,54%, a R$ 3,1828Às 16h19, queda de 0,70%, a R$ 3,1775
Efeitos da posse de TrumpDurante sua posse, o novo presidente dos EUA prometeu gerar empregos e aumentar investimentos em infraestrutra, reiterando sua promessa de campanha com tom protecionista e expansionista.
Trump se mostrou pronto para começar a implementar ações executivas no seu primeiro dia na Casa Branca, para avançar rapidamente com as suas promessas de reprimir a imigração, construir um muro na fronteira entre Estados Unidos e México e reverter políticas do presidente Barack Obama.
"O discurso do Trump não trouxe nada que justificasse o dólar mudar a trajetória em que já estava. E lá fora a moeda também passou a cair ante outras divisas, reforçando essa tendência", comentou à Reuters um profissional da mesa de câmbio de uma corretora doméstica.
O maior temor dos investidores é que Trump adote de fato uma política econômica inflacionária e protecionista, o que poderia obrigar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar ainda mais os juros. Se isso se concretizar, recursos aplicados em outras praças, como a brasileira, podem migrar para os Estados Unidos em busca de rendimentos maiores.
Estrategistas do Brown Brothers Harriman disseram ao Valor Online que a chance de a política monetária norte-americana ficar mais divergente das de outras importantes economias explica o cenário construtivo para o dólar.
O dólar também poderia se fortalecer com o aumento das incertezas políticas na Europa, que poderiam deprimir a confiança. Isso poderia aumentar a distância entre os juros americanos e europeus (que estão perto de zero e até negativos), garantindo a atratividade do dólar, segundo análise do Valor Online.
Morte de ZavasckiInternamente, a morte do ministro do STF, Teori Zavascki, criou grandes incertezas sobre o futuro da operação Lava Jato, sobretudo no que se refere ao substituto que dará andamento à operação no STF.
A expectativa era de que o ministro decidisse em fevereiro se homologaria ou não o acordo de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht. O acordo é apontado como tendo potencial explosivo para boa parte da classe política que teve o nome citado pelos executivos da empreiteira.
"A leitura é de que traz um componente de especulação, pode alterar o rumo das investigações e isso não é bom para a credibilidade. Vai fazer preço nos ativos em algum momento", afirmou à Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
A Lava-Jato é citada pelo mercado financeiro como um elemento de incerteza sobre o Brasil, já que pode comprometer mais membros do governo. Em última instância, o temor é que os desdobramentos das investigações acabem atrasando ou inviabilizando a implementação de reformas econômicas, tidas como essenciais para o Brasil voltar a crescer e controlar o crescimento de sua dívida pública.
Intervenção do BCO Banco Central realizou novo leilão de swap cambial tradicional (equivalente à venda futura de dólares) com oferta de até 15 mil contratos para rolagem do vencimento de fevereiro. O lote foi vendido integralmente.
Com este leilão, o BC já vendeu o equivalente a US$ 2,7 bilhões para rolar o total de US$ 6,431 bilhões que vencem no próximo mês.
O entendimento é que o BC agiu para minimizar riscos de volatilidade justamente com a posse de Trump, que sugere mais inflação e, portanto, juros mais altos nos EUA, o que tende a fortalecer o dólar.
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