Economia
Bovespa sobe 38,94% em 2016 e tem 1ª valorização anual desde 2012
Foi a maior alta anual desde 2009 da bolsa; as ações da Vale e da Petrobras terminaram o ano com forte valorização e ajudaram a puxar o índice para cima
A Bovespa fechou o ano em alta de 38,94%, na primeira valorização anual desde 2012 e a maior alta desde 2009. O Ibovespa, o principal indicador da bolsa, terminou o último pregão do ano em 60.227 pontos. Nesta quinta-feira (29), o dia foi marcado por baixo volume de negócios, devido à proximidade das festas de final de ano.
Já o dólar encerrou o ano com queda de 17%, a primeira desvalorização em relação ao real desde 2010.
A última vez que a bolsa havia fechado o ano em alta havia sido em 2012, com avanço de 7,4%. Em 2015, a bolsa caiu 13,3%, encerrando o ano aos 43.349 pontos. Nos anos anteriores, a Bovespa também havia encerrado no vermelho: em 2014, teve desvalorização de 2,91%. Já em 2013, a queda anual da bolsa foi de 15,5%, na ocasião a maior desde 2011.
Alta no anoEm 2016, a menor cotação de fechamento da Bovespa foi registrada no dia 4 e janeiro, com 42.141 pontos. Já a maior, de 64.954 pontos, foi no dia 31 de outubro.
Entre as principais influências nos mercados de câmbio e ações deste ano destacou-se o cenário político, as incertezas em relação ao cenário externo e a trajetória dos preços das commodities, destacaram economistas ouvidos pelo G1.
“A nossa bolsa avançou de maneira substancial, se descolou completamente das outras bolsas do mundo”, aponta. André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. “De um lado, houve uma mudança de governo que era amplamente esperada pelo mercado, mas isso não explica tudo”, analisa o especialista, referindo-se ao impeachment de Dilma Rousseff. “Mais importante que isso foi a apreciação muito forte de algumas commodities que influenciou a gente, notadamente o petróleo. A nossa bolsa e a moeda brasileira são muito próximas de movimentos de mercados de commodities.”
Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, também cita o fator político e seu peso sobre os mercados. “O Brasil iniciou o ano com uma perspectiva bastante adversa do ponto de vista fiscal, com investidores questionando a própria solvência do país”, diz o especialista, referindo-se à fragilidade das contas do governo.
“O que mudou essa trajetória foi a mudança de governo, com a agenda da nova equipe econômica que apontou para um lado oposto”, diz Campos sobre medidas como a limitação do crescimento dos gastos públicos e outras medidas apresentadas para tentar reequilibrar as contas públicas.
Do cenário externo, Campos cita a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia e a eleição de Donald Trump como fatores que adicionaram volatilidade aos mercados. “O cenário externo pesou, sem dúvidas, mas o que deu direção foi o quadro doméstico”, pondera.
Vale e PetrobrasCom peso importante na composição do Ibovespa, as ações da Vale e da Petrobras terminaram o ano com forte valorização e ajudaram a puxar o índice para cima. As ações preferenciais da Petrobras fecharam o ano com alta de 121%, enquanto as ordinárias subiram 97,67%. Já os papéis preferenciais da Vale encerraram 2016 com avanço de 127%, enquanto os ordinários tiveram elevação de 97,08%.
No começo do ano, a ação preferencial da Petrobras chegou a ser cotada abaixo de R$ 5.
“Houve uma mudança de governança das empresas estatais, como a Eletrobras, Banco do Brasil e a própria Petrobras, com critérios mais técnicos, buscando mais eficiência e resultados, e menos critérios políticos”, diz o economista Silvio Campos, da Tendências Consultoria.
O especialista cita ainda o efeito do avanço dos preços das commodities, como petróleo o minério de ferro, sobre os papéis de empresas como Vale e Petrobras. “O caso do minério foi bastante emblemático e contribuiu pesadamente para o desempenho da Vale.”
Segundo a agência Reuters, a maior alta anual do Ibovespa foi registrada pela Bradespar, uma das maiores acionistas da Vale, com avanço de 200% das ações preferenciais.
Maiores e menores retornosSegundo a Economatica, a ação que mais deu retorno aos investidores em 2016, considerando o pagamento de dividendos e a variação do próprio valor do papel, foi a da Magazine Luiza, seguida pela Eletrobras. Já a maior perda foi de acionistas da Embraer, seguida pela Valid. Veja abaixo a lista completa:
Os 10 maiores retornosMagazine Luiza ON: +501%Eletrobras ON: +296%Sanepar PN: 267%Viavarejo UNT: 229%Bradespar PN: 199%Gerdau PN: 192%CSN ON: 171%Usiminas PNA: 169%Eletrobras PNB: 147%Ser Educacional ON: 146%As 10 maiores perdasEmbraer ON: -46%Valid ON: -40%Fibria ON: -37%B2W Digital ON: -33%Tupy ON: -32%Suzano PNA: -22%Klabin UNT: -22%Gafisa ON: -22%Totvs ON: -19%
Estimativas para 2017Para 2017, a recomendação para os investidores é de cautela. Os economistas ouvidos pelo G1 afirmam que, dificilmente, o próximo ano terá a mesma valorização expressiva das ações vista em 2016.
“Uma alta tão forte não é razoável de esperar, pois as incertezas devem limitar o avanço dos mercados”, diz Perfeito, em referência às dúvidas em torno do cenário externo com a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia.
Campos também cita esses eventos, e afirma que “no ano que vem a volatilidade tende a crescer”. “A valorização que a gente teve neste ano é difícil que se repita no próximo, pelas incertezas que ainda tornam o cenário bastante desafiador.”
Dólar em quedaO dólar fechou 2016 em queda de 17,69%, na primeira desvalorização da moeda dos Estados Unidos em relação ao real desde 2010. Foi a maior queda anual desde 2009. O dólar terminou o último dia de negócios do ano cotado a 3,2497, em queda de 0,94%.
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