Economia
Novo valor de R$ 945 do salário mínimo não satisfaz trabalhadores alagoanos
Reajuste de 7,5% está previsto para entrar em vigor em janeiro, mas reajuste só deve cair na conta no início de fevereiro
O novo valor do salário mínimo que deve começar vigorar a partir do dia 1º de janeiro e ser pago em fevereiro deve ser de R$ 945,80. A estimativa de reajuste sobre os atuais R$ 880 é de 7,5%. Apesar do aumento ser acima da inflação, os trabalhadores não ficaram satisfeito com novo o valor.
Seu José Nascimento que trabalha como pedreiro disse que o reajuste é muito pouco. “Os R$ 65,80 a mais não vai ajudar em nada. É um aumento pequeno, tudo subiu de preço. Além das necessidades de casa temos também necessidades de comprar medicamentos”, comentou.
A servidora pública Marcela e seu esposo Nivaldo Santos também não ficaram satisfeitos com o aumento.
“Atualmente o salário mínimo não dá para fazer nada com ele. A gente usa o dinheiro basicamente para a cesta básica. Esse aumento não é satisfatório e nem vai suprir as necessidades de uma família que só tenha ele para sobreviver. Tudo é apertado. Só dá para a feira. Lazer com o salário não existe. Vamos continuar dando prioridade ao básico”, falou o casal.
A diarista Adriana da Silva disse que ganha menos de um salário mínimo e usa o dinheiro que recebe para as suas necessidades pessoais. “Ganho menos de um salário para comprar minhas coisas. Esse aumento é muito pouco. No mesmo dia o dinheiro vai embora. A sorte em casa é salário do meu esposo.”
O reajuste foi proposto pelo Governo Federal e aprovado pelo Congresso Nacional no último dia 15.
Para chegar a ele, foram considerados o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2015 e o Produto Interno Bruto (PIB) dos dois últimos anos, o que resultou em uma previsão de correção sem ganho real.
“Previsão para 2017 é poder aquisitivo maior”
Para o presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de Alagoas (Sindecon/AL), Marcos Calheiros, o aumento é bom. E vai dá um poder aquisitivo maior para os trabalhadores.
“Proporcionalmente é um aumento muito bom se considerarmos que ficou acima da infração e que o PIB [Produto Interno Bruto] foi de saldo negativo. Parece pouco para quem recebe, mas é muito para quem paga. A previsão para 2017 é um poder aquisitivo maior. A partir do segundo semestre, a situação deve melhorar gerando mais renda e saindo da recessão com condições melhores e ampliação de empresas, diminuindo o desemprego”, falou o economista.
A dica do economista é para que as famílias compatibilizem o que ganham com o gasto do mês. “O correto é sempre fazer um planejamento, nunca gastar acima do que recebe ainda mais no momento de crise.”
O principal motivo pelo qual o salário mínimo em 2017 não será capaz de agregar ganhos reais acima da inflação para o trabalhador é o encolhimento do PIB em 2015, quando o indicador que mensura a atividade econômica do país caiu em 3,8%.
Sem o crescimento do PIB, foi considerada apenas a inflação de 2016 que deve fechar o ano em torno de 7,5% para reajustar o mínimo, o que “puxou” seu reajuste para baixo. Resultando um aumento que irá somente repor a inflação do período anterior.
Com o salário mínimo de R$ 945,80 é possível comprar um dos itens a seguir na quantidade especificada: 2,6 cestas básicas (R$ 358,77 cada), 15 botijões de gás (R$ 60 cada), 31 pizzas tamanho grande (R$ 30 cada), 55 combos Mc Lanche Feliz (R$ 17 cada), 105 acarajés (R$ 9 cada), 157 quilos de feijão (R$ 5,99 o pacote de 1kg), 243 litros de gasolina (R$ 3,89 o litro), 327 litros de leite (R$ 2,89 o litro), 503 latões de Schin (R$ 1,88 a unidade de 473ml), 3.152 pães francês 50g (R$ 5,99 o quilo). Já com os R$ 65,80 de aumento é possível comprar 1 botijão de gás, 2 pizzas tamanho grande, 3 combos Mc Lanche Feliz, 7 acarajés, 11 kg de feijão, 16,9 litros de gasolina, 22 litros de leite, 35 latões de Schin, 219 pães francês 50g.
O Governo já tem pronta a sua previsão de correção para o salário mínimo dos próximos 3 anos. É o que consta no texto da Proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2017. Para 2018, está previsto um salário mínimo de R$ 1.002,70. Já em 2019, ele deve subir para R$ 1.067,40.
Esses valores, assim como os R$ 946 do salário mínimo 2017, estão no projeto encaminhado ao Congresso Nacional em 18 de abril de 2016, que podem ainda sofrer modificações. Ainda há de se considerar, entre as consequências da entrada em vigor do salário mínimo 2017, os reajustes de bens e serviços que costumam ocorrer a partir desse aumento.
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