Economia
"Prévia" do PIB tem retração de 0,79% no 3º trimestre, diz BC
Resultado oficial do PIB será divulgado pelo IBGE em 30 de novembro
A economia brasileira permaneceu em contração no terceiro trimestre deste ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quinta-feira (17). O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, teve retração de 0,79% de julho a setembro, na comparação com o trimestre anterior.
Os números apontam que o país ainda não conseguiu sair da recessão - esse foi o sétimo trimestre seguido de "tombo" no nível de atividade. Os números mostram ainda que o "encolhimento" da atividade no terceiro trimestre deste ano foi maior do que o registrado de abril a junho - quando houve uma queda de 0,42% no indicador. A última vez em que o IBC-Br registrou expansão foi no quarto trimestre de 2014 (+0,11%).
O IBC-BR é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que é divulgado pelo IBGE. O resultado divulgado nesta quinta foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de "compensação" para poder comparar períodos diferentes).
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do PIB do terceiro trimestre será divulgado pelo IBGE somente em 30 de novembro. Em 2015, a economia teve queda de 3,8%. Para 2016, a estimativa de analistas dos bancos é de um recuo de 3,37%.
A economia brasileira atualmente passa por um período de forte recessão, que acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 11%) e também da inadimplência. No segundo trimestre deste ano, o PIB teve um "encolhimento" de 0,6%, segundo o IBGE.
A equipe econômica tem avaliado que a economia voltará a se recuperar nos últimos meses deste ano e, para 2017, previa alta de 1,6% para o PIB. Recentemente, porém, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que essa estimativa poderá ser revisada para baixo, o que representaria menos arrecadação no próximo ano.
De acordo com o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o indicador do BC “corrobora” a expectativa da instituição de um terceiro trimestre de atividade “ainda em marcha ré, em um ritmo pior ou parecido com o registrado nos três meses anteriores”.
“Algum sinal mais evidente de reversão da atual recessão, no entanto, só deve vir no começo do próximo ano. Crescimento, talvez, só no final de 2017”, acrescentou ele, em comunicado.
Setembro, parcial do ano e doze meses
Apesar do tombo no terceiro trimestre deste ano, somente em setembro, ainda de acordo com números do BC, o nível de atividade registrou expansão de 0,15% na comparação com agosto. Neste caso, a comparação foi feita após ajuste sazonal. Sem ajuste, houve uma retração de 2,98%.
O crescimento do nível de atividade registrado em setembro foi o terceiro do ano de 2016. Os outros foram verificados em abril (+0,19%, segundo número revisado) e em junho (+0,26%, dado revisado). No restante dos meses, houve queda do IBC-Br.
Os números do Banco Central também mostram que, de janeiro a setembro deste ano, o indicador de atividade, sem ajuste sazonal (pois considera períodos iguais de tempo), mostrou contração de 4,83% na atividade (com ajuste, a retração é de 5,19%).
Já no acumulado em 12 meses até setembro, ainda segundo a autoridade monetária, a prévia do PIB (indicador dessazonalizado) do Banco Central registrou contração de 5,42% (sem ajuste, a queda é de -5,23%).
IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado.
Recentemente, o BC atualizou a metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), além de outras mudanças.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Após a primeira queda em quatro anos, os juros básicos estão em 14% ao ano.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida neste ano.
Em 2017, a meta central também é de 4,5%. Porém, o teto é menor: de 6%.
Neste ano, o mercado financeiro acredita que a inflação oficial ficará novamente acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 6,84% em 2016. Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou a meta.
O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em 2016 e para o objetivo central, de 4,5%, em 2017.
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