Economia

Bovespa fecha em queda de mais de 3% nesta quinta; Bradesco cai quase 9%

Queda das ações do Bradesco e da Petrobras pressionaram o índice

Por G1 10/11/2016 19h48
Bovespa fecha em queda de mais de 3% nesta quinta; Bradesco cai quase 9%
Reprodução - Foto: Assessoria

O principal índice da Bovespa fechou em forte queda nesta quinta-feira (10), pressionado por ações de bancos e da Petrobras e em meio ao aumento da incerteza após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. A ação do Bradesco caiu quase 9%.

O Ibovespa recuou 3,25%, aos 61.200 pontos, após ter fechado em queda 1,4% na véspera.

A queda desta quinta foi a maior para fechamentos desde 9 de setembro (-3,71%), segundo a Reuters. Durante esta sessão, o índice subiu 1% no melhor momento e caiu mais de 4% na mínima.

Alto volume de negócios

O volume financeiro foi novamente intenso, somando R$ 6,5 bilhões, quase duas vezes acima da média diária para o mês até a véspera, de R$ 8,86 bilhões.

A forte alta do dólar sobre o real, que fechou em alta de mais de 4% nesta quinta-feira, a R$ 3,3614, também pressionou a bolsa paulista, segundo operadores, aumentando a aversão a risco e a preocupação com a situação das empresas com dívidas na moeda norte-americana.

O índice chegou a operar no azul pela manhã, acompanhando o tom mais positivo no exterior após o susto inicial com a vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos. Segundo a agência Reuters, pesou também para a virada da Bovespa apreensões com a política interna após a notícia sobre uma doação de R$ 1 milhão pela empreiteira Andrade Gutierrez em 2014, que teria sido direcionada à campanha do então vice-presidente Temer, companheiro de chapa da ex-presidente Dilma Rousseff na eleição daquele ano.

Bradesco cai quase 9%

Petrobras PN caiu 6,91%, após ter subido mais de 3% no melhor momento da sessão, enquanto Petrobras ON recuou 4,99%, com os preços do petróleo firmando-se no vermelho ao longo da sessão. A petrolífera divulgou seu balanço após o fechamento, com prejuízo líquido de R$ 6,458 bilhões.

Bradesco PN fechou em queda de 8,92%, maior declínio em quase 8 anos. O segundo maior banco privado do país reportou que teve lucro líquido de R$ 3,236 bilhões no terceiro trimestre, queda de 21,5% ante igual período do ano passado, com números do período mais fracos que o esperado. Itaú Unibanco fechou em queda de 4,98%.

Banco do Brasil perdeu 6,41%, após divulgar resultado trimestral que mostrou queda de 26,6% no lucro líquido de julho a setembro ante igual período do ano passado, para R$ 2,246 bilhões.

Entre os destaques positivos do dia, as ações da Vale avançaram mais de 8%, mantendo a tendência de alta dos pregões anteriores em meio à alta nos preços do minério de ferro.

Os papéis das fabricantes de celulose e exportadoras Suzano e Fibria lideraram as altas do dia, com valorização de mais de 13% e 11%, respectivamente, favorecidas pela alta do dólar.

'Risco Trump'

Nesta quinta, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu sucessor, Donald Trump, se reuniram na Casa Branca para começar as discussões sobre transição de poder e o presidente eleito disse que pretende pedir conselhos a Obama.

Segundo operadores, os investidores devem permanecer estressados até ter conhecimento do que de fato o presidente eleito vai conseguir colocar em prática das propostas radicais que anunciou em sua campanha.

A vitória de Trump joga dúvidas sobre a condução da política de comércio exterior dos Estados Unidos e sobre o rumo da taxa de juros na maior economia do mundo.

Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que o aumento da percepção de risco após a vitória de Trump pode afetar a decisão do Fed. “O Fed emite sinais crescentes de que deve fazer o aumento da taxa de juros. Mas, eventualmente, com essa turbulência, pode ser mais conservador ”, diz Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria.

O mercado monitora pistas sobre a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque taxas mais altas poderiam atrair para o país recursos aplicados atualmente em outros mercados, motivando assim uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.