Cooperativas
Mulheres de comunidades quilombolas não se deixam abater pela crise e fundam cooperativa
No Vale do Mundaú, cerca de 20 delas dão exemplo de diversificação
14/02/2020 18h25
Presidente da Cooperativa de Mulheres Quilombolas, Raimunda Caetano da Silva, na horta onde é produzida boa parte da comercialização que sustenta a cooperativa de mulheres quilombolas (Foto: André Palmeira / Agência Alagoas)
“Foi um aprendizado muito grande porque foi lá na Pindorama que aprendemos que a diversidade de culturas é o que faz a diferença. Quando uma cultura passa por crise como a nossa, os produtores buscam novas oportunidades de renda para sua família”, disse a presidente da Cooperativa de Mulheres Quilombolas, Raimunda Caetano da Silva. Guloseimas “tentam” equipe de reportagem Raimunda, entre uma resposta e outra, não se cansava de ofertar ao repórter e à trupe do jornal Tribuna Independente e do portal tribunahoje.com a diversidade de guloseimas produzidas na fábrica, resultado da cooperativa. Entre uma pergunta e outra, era tão farta a produção que foi impossível não se ‘deliciar’ com a tentação de bolos de massa puba, macaxeira, pés de moleque, tapiocas, beijus, que ia cruzando o tempo todo a vista da equipe de reportagem pelas mãos de Raimunda, que, empolgada, ainda posou para fotos na horta onde colhe a maior parte da produção de hortaliças que comercializam nas feiras livres da região que acontecem duas vezes por semana. Na diversificação da cooperativa e graças a essa capacitação na Pindorama, atualmente essas mulheres dos quilombos do Vale do Mundaú, além das tentadoras guloseimas e das hortaliças, comercializam ainda laranja, bananas, jaca, entre outros produtos. “Graças a Deus, apesar do pouco tempo da nossa cooperativa, a gente tem conseguido uma renda que dá para ajudar no nosso sustento”, completa Cícera Vital da Silva, que, além de participar da Cooperativa das Mulheres Quilombolas, ainda preside o Instituto Irmãos Quilombolas, que dá suporte à logística que as empreendedoras precisam para se firmarem no mercado.Cícera Vital da Silva, presidente do Instituto Irmãos Quilombolas, diz que produção da cooperativa garante renda para famílias (Foto: André Palmeira / Agência Alagoas)
Somente na comercialização de bolos, as quilombolas conseguem vender entre 40 e 50 unidades por semana. Somando-se à produção diversificada de frutas e hortaliças, isso garante a elas, em média, uma renda em torno de R$ 300, 00. “Para algumas é uma renda extra, mas para outras, com maridos desempregados, passa a ser uma renda da família, mas dá para sobreviver”, completa Raimunda. Quarta-feira abençoada ajuda a desaguar produção Para ajudar a comercializar a produção da Cooperativa de Mulheres Quilombolas, elas conseguiram ainda, com a intermediação novamente da Gerência de Articulação Social do Gabinete Civil, entrar no Programa “Quarta Verde”, do Governo de Alagoas, coordenado pela Secretaria de Agricultura, Emater e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), além da prefeitura municipal de Santana do Mundaú. O Quarta tem sido “uma mão na roda” como apoiador efetivo das três comunidades remanescentes de quilombo Jussara, Mariana e Filuz – que, juntas, reúnem cerca de 120 famílias no município. A iniciativa motivou o Instituto Irmãos Quilombolas a concorrer ao edital de credenciamento e conseguir ser selecionado com a doação de 10 barracas para feiras. Com o Quarta Verde as mulheres quilombolas se firmaram em uma feira livre para a comercialização exclusiva dos quilombolas.Gerente de Articulação Social do Gabinete Civil do Estado, Edenilsa Lima mantém diálogo constante com povos tradicionais de Alagoas, como índios, quilombolas e negros, garantindo direitos de cidadania (Foto: André Palmeira / Agência Alagoas)
“A gente vivia da safra da laranja, mas eu sempre quis ter a minha horta, e agora estou realizando esse sonho. São produtos sem veneno, é tudo orgânico, eu planto couve, coentro, cebolinha, alface, pimentão, tomate e abóbora. A importância dessa feira é para mostrar pra todo mundo o que a gente tem no quilombo e vender nossos produtos.”, ressalta Raimunda. O projeto Quarta Verde acontece todas às quartas-feiras na praça do povoado Mundaú de Baixo das 13h às 17h; e nas sextas-feiras das 6h às 17h, no Residencial Jussara, em Santana do Mundaú.Mais lidas
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