Ciência e Tecnologia

Seis em cada 10 computadores são expostos a malware

No Dia Internacional da Internet Segura, especialistas dão dicas de como proteger dados e evitar crimes cibernéticos

Por Tribuna Independente com Evellyn Pimentel 11/02/2020 09h08
Seis em cada 10 computadores são expostos a malware
Reprodução - Foto: Assessoria
Hoje, dia 11 de fevereiro é dedicado à conscientização sobre prevenção e combate a crimes cibernéticos e ações mal intencionadas nas redes, o chamado Dia Internacional da Internet Segura. A Tribuna Independente ouviu especialistas que elencaram as principais “dicas” para que o usuário se mantenha distante dos riscos. Segundo um levantamento mundial, seis em cada 10 computadores no Brasil (62%) foram expostos a aplicativos mal intencionados, os conhecidos malwares. Em Alagoas, segundo o delegado Thiago Prado, responsável pela Seção de Crimes Cibernéticos, da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) em todo o ano passado foram registrados mais de mil crimes cibernéticos. Thiago Prado explica que os usuários precisam ter atenção redobrada e evitar o fornecimento de dados pessoais, expor informações íntimas. Dados como número de CPF, números de telefone e endereço, por exemplo, não devem ser divulgados em ambientes online. “Publicar o mínimo possível de informações pessoais a exemplo de CPF, endereço, até número telefônico nas redes sociais e outros sites porque esses dados podem ser vazados e utilizados por outros criminosos. Em segundo lugar ficar atento a fishing. Fishing hoje é a maior tática, é o chamado roubo de dados, é uma isca enviada às pessoas, às vezes passando e-mail como operadora de cartão de crédito, Netflix, alguma empresa de vendas, em que a pessoa acaba sendo enganada porque acredita que é um site verdadeiro e ali acaba perdendo seus dados, incluindo nome completo, CPF, endereço e cartão de crédito. Isso aí acaba caindo no sistema dos criminosos que utilizam para a prática de outros delitos”, reforça o delegado. O advogado especialista em ciências criminais Alexandre Teixeira afirma que é crescente o número de pessoas que passam por transtornos ou caem em golpes vinculados à internet. “Prestei consultoria a um cliente que por pouco não caiu em um golpe, porque recebeu um link no WhatsApp que falava que ela tinha um dinheiro a receber de uma causa na Justiça em Brasília e de fato essa pessoa teve um processo em Brasília, mas já havia recebido o valor referente ao processo. Mas a pessoa que teve acesso aos dados tinha RG, CPF, endereço, nome completo e isso dava uma aparêcnia de veracidade, quando na verdade era tudo falso. Não se sabe qual o golpe que a pessoa iria aplicar, mas ela esteve exposta e por pouco não caiu. Embora tenhamos vários instrumentos legais para prevenir, mas o percentual de pessoas que caem nesses golpes é muito grande e as pessoas devem ter muita atenção nisso”. Cada vez mais comuns as invasões de aplicativos de mensagens causam transtornos a quem é vítima. A orientação segundo Alexandre Teixeira é evitar repassar código de verificação ou quaisquer informações vinculadas às redes sociais. “A prática mais comum dos golpes de clonagem é através de envio de SMS com código. A pessoa que tenta clonar o WhatsApp, envia por SMS um código de verificação, e se a vítima informar esse número automaticamente vai ser acessado, cai ser clonado. A dica principal é nunca passar qualquer código de verificação enviado através de SMS ou e-mail. O WhatsApp nunca passa códigos por e-mail, ele tem duas formas de verificação por SMS ou por ligação. É muito importante que não seja passado de nenhuma forma esse código de verificação, as pessoas passam, ou clicam na mensagem, abrem e aí o golpista começa a pedir dinheiro, tem acesso a todos os contatos, é um verdadeiro transtorno”, salienta. Golpe no whatsapp O psicólogo e jornalista Carlos Gonçalves foi vítima de uma invasão num aplicativo de mensagens no ano passado. Ele conta que não desconfiou do golpe até que a filha dele estranhou uma mensagem pedindo dinheiro e a invasão foi descoberta. “Na verdade foi a minha filha que desconfiou. Eu não desconfiei de nada. Um rapaz começou a falar e quando é clonado a pessoa tem o domínio de todas as pessoas com o número cadastrado. Ele falou com diversas pessoas conhecidas, de grupos e começou a pedir dinheiro. As pessoas acharam estranho, pelo meu perfil, que jamais eu iria pedir dinheiro assim na cara lisa. Minha filha achou estranho porque nesse período ela estava na África fazendo uma experiência. E eu já tinha ajudado a ela, comprando passagens para ir e ela achou estranho pedir dinheiro. Logo pra ela. Fui na Polícia, fiz um BO, comprei outro chip e de repente a pessoa saiu e eu voltei ao meu número normal”, relata. Carlos Gonçalves não acredita que a pessoa responsável pela invasão possa ser identificada. “Quando eu fui fazer o B.O., a maioria das queixas é de pessoas que caem, fazem depósitos. Eu não depositei, meus amigos também não, porque perceberam o golpe, mas não tem como identificar não, eles pegam chip, enrolam é muito difícil de identificar”. O delegado Thiago Prado reforça a necessidade de denunciar às autoridades. “Deve denunciar, fazer Boletim de Ocorrência, que pode ser feito em qualquer delegacia do estado, e inclusive atualmente existem postos de atendimento em shopping centers da capital, e o registro de ocorrência é muito importante para que a pessoa não seja confundida pelo crime de estelionato, porque na clonagem de WhatsApp geralmente se pede dinheiro.” Empresas devem proteger dados de clientes A partir de agosto deste ano começa a vigorar a “Lei da Proteção de Dados”. Na prática o dispositivo pretende restringir o acesso a dados pessoais por empresas e responsabilizá-las a uma gestão mais eficiente e segura. Alexandre Teixeira defende que muitas informações atualmente solicitadas são desnecessárias. “Algumas informações, como renda familiar, sexo, religição, raça, cor, são desnecessárias e a partir da entrada em vigor dessa nova legislação não vai ser mais necessária a coleta desses dados. E isso faz com que as empresas tenham uma proteção maior sobre os dados de cada consumidor. A lei exige que as empresas tenham cuidados maior com os dados do cliente. Na prática isso é um avanço gigantesco porque aumenta-se a responsabilidade das empresas em manter a proteção de dados do cliente.” Além de responsabilizar as empresas que de alguma forma se utilizem de dados pessoais para cadastros e transações, a lei prevê punição e multa pelo descumprimento. “A Lei cria a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANDP) que tem, dentre outras, a competência de zelar e fiscalizar o cumprimento da Lei, bem como elaborar diretrizes para a Lei e aplicar as sanções previstas para as empresas públicas e privadas que não cumprirem a Lei. A Lei Geral de Proteção de dados estabelece penalidades para as empresas que descumprirem a Lei, dentre elas uma multa de até 2% de seu faturamento, sendo o valor máximo da sanção de R$ 50 milhões por infração”, acrescenta o especialista.