Ciência e Tecnologia

Google demite engenheira que modificou ferramenta para lembrar funcionários de direitos

Kathryn Spiers, que entrou com reclamação formal contra empresa, é a quinta demitida este mês que acusa a gigante da internet de retaliação a funcionário

Por G1 18/12/2019 17h15
Google demite engenheira que modificou ferramenta para lembrar funcionários de direitos
Reprodução - Foto: Assessoria
A engenheira de software Kathryn Spiers, que trabalhava para o Google, foi demitida por modificar uma ferramenta da empresa para enviar uma pop-up no navegador Chrome a outros empregados com informações sobre direitos trabalhistas quando eles acessavam alguns sites. Ela entrou nesta segunda-feira (16) com uma reclamação contra a empresa na Comissão Nacional de Relações de Trabalho, nos Estados Unidos. Spiers é a quinta funcionária demitida do Google em um mês a reclamar de retaliação por parte da empresa. A ferramenta em questão funcionava em uma versão do navegador Chrome, exclusiva para funcionários, e era originalmente projetada para dar informações sobre segurança. Spiers modificou o recurso parar incluir lembretes a colegas de que eles têm o direito de se organizar em ações coletivas. O alerta de Spiers disparava uma janela pop-up dentro do Chrome se funcionários visitassem a página sobre a política interna ou o site de uma empresa envolvida em tentativas de enfraquecimento de sindicatos — e que foi recentemente consultada pelo Google. Ela trabalhava na parte de segurança do Chrome e foi suspensa horas depois de realizar a modificação. O Google afirma que Spiers foi demitida porque violou políticas da empresa. A engenheira afirma que ela tinha autoridade para usar o sistema para alertar os funcionários da empresa sobre novas políticas. Em setembro, o Google havia publicado uma lista sobre direitos dos funcionários, resolvendo uma ação aberta pela Comissão Nacional de Relações de Trabalho. "Eu não esperava ser demitida por isso", disse Spiers em entrevista à agência Reuters. "A questão aqui é que uma engenheira de segurança usou de maneira indevida uma ferramenta de segurança e privacidade para criar um pop-up que não era sobre segurança ou privacidade", afirmou uma porta-voz do Google à Reuters. "Esta pessoa fez isso sem autorização e sem justificativa do ponto de vista de negócios." Outros demitidos Spiers foi suspensa no mesmo dia em que quatro colegas ativistas foram demitidos do Google, no final de novembro — ela foi demitida na última sexta. Segundo o Google, os quatro empregados foram demitidos por violações nas políticas de dados da empresa, mas eles alegam que houve retaliação porque estavam tentando organizar trabalhadores. Em uma entrevista ao portal Business Insider, Spiers afirma que ela também foi retaliada por tentar informar os funcionários de seus direitos. Organização sindical As recentes demissões incentivaram alguns funcionários a se organizarem para protestar contra políticas da companhia. Alguns deles recorreram ao grupo sindical Trabalhadores de Comunicações da América (CWA) após muitos meses de ações. Outros funcionários disseram que seus colegas estavam intimidados e falando menos. O CWA é a entidade que encaminhou a queixa em nome dos quatro funcionários demitidos pelo Google e também que abriu uma nova reclamação em favor de Spiers. A entidade argumenta que a demissão foi ilegal porque teve como objetivo "impedir Spiers e outros funcionários de reivindicarem seu direito de participarem de atividades organizadas". O Google afirmou que teria agido da mesma maneira se Spiers tivesse publicado outra coisa. A empresa afirmou que ação foi mais grave porque Spiers usou um mecanismo de emergência para instalar o aviso sem ter aprovação de uma segunda pessoa. Funcionários do Google já haviam protestado no ano passado por causa de denúncias de assédio sexual.