Ciência e Tecnologia

MP de Goiás denuncia esquema que conseguia cartões do Nubank com CNH falsa

Fraude usava carteiras de motorista falsas com dados do Detran para obter cartão do Nubank; crédito servia para comprar cerveja

Por Tecnoblog 26/10/2018 16h24
MP de Goiás denuncia esquema que conseguia cartões do Nubank com CNH falsa
Reprodução - Foto: Assessoria
O MP-GO (Ministério Público do Estado de Goiás) denunciou um esquema de fraude para obter cartões do Nubank usando carteiras de motorista falsas. Elas tinham dados verdadeiros, obtidos por um servidor do Detran-GO (Departamento Estadual de Trânsito de Goiás) que gastava o crédito para comprar cerveja e revendê-la. Segundo o MP, o esquema operou entre 2016 e 2017. Giovani da Silva Martins, funcionário do Detran, obtinha dados de motoristas através do cadastro da CNH. Ele os repassava a Josemar Alves Soares, que confeccionava carteiras de motorista falsas. A CNH falsa tinha uma foto 3×4 de indivíduos cooptados para participar da fraude. No entanto, ela usava dados verdadeiros de outras pessoas obtidos no Detran (nome, filiação, data de nascimento, CPF, entre outros). Com o documento, era possível solicitar um cartão. Bruno Menezes de Godoi e Paula Aparecida Alves foram orientados por Giovani a cooptar pessoas que lhes forneciam o celular para baixar o aplicativo do Nubank, e entregavam fotos 3×4 de si mesmas. Nubank era enganado por CNH falsa Para verificar se a pessoa é dona da CNH, o Nubank pede que ela envie uma selfie segurando o documento. As pessoas envolvidas na fraude faziam exatamente isso: o rosto delas era o mesmo presente na CNH falsa, enganando a empresa. Se o Nubank aprovasse o pedido, o cartão era repassado para Josemar, que usava todo o limite de crédito para comprar cerveja. Então, ele revendia a bebida em Padre Bernardo (GO) por valor igual ou inferior; e pagava uma parte às pessoas que cederam seu rosto para a CNH falsa. O MP-GO diz que Josemar, Giovani, Paula e Bruno foram os mentores do esquema. Os quatro foram denunciados por estelionato, associação criminosa, falsificação de documento público e lavagem de dinheiro. No entanto, há mais 30 pessoas que também participaram do golpe: algumas forneceram seus celulares e fotos; outras fizeram isso e também cooptaram mais participantes para o esquema. Nubank e Detran-GO reagem à denúncia do MP O Detran-GO diz ao Mais Goiás que “a gerência de auditoria da autarquia está solicitando acesso a denúncia ao MP para instaurar processo administrativo”. Além disso, o órgão afirma que Giovani foi exonerado em maio de 2017. Por sua vez, o Nubank diz em nota ao Tecnoblog: “não comentamos casos isolados de segurança para não incentivar comportamentos maliciosos e proteger os nossos clientes”. A empresa diz que seu processo de verificação de identidade “conta com diversos mecanismos antifraude com alto nível de assertividade”, e que colabora com as autoridades para ajudar no combate a atividades criminosas.