Cidades
Cozinha solidária da Ocupação Tereza de Benguela alimenta 800 pessoas e se consolida como espaço de resistência e formação popular em Maceió
Projeto do MTST em Maceió une combate à fome, educação popular e fortalecimento comunitário em uma das regiões mais vulneráveis da capital alagoana
Na Ocupação Tereza de Benguela, no Benedito Bentes, zona periférica de Maceió, o cheiro da comida se mistura ao som de risadas e conversas. Desde o dia 14 de dezembro de 2019, quando surgiu junto à própria ocupação, a Cozinha Solidária do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) alimenta cerca de 800 pessoas, três vezes ao dia. Mais do que um espaço de preparo de alimentos, o projeto se tornou um símbolo de autogestão, solidariedade e resistência da população.
A princípio, as refeições eram garantidas a partir de doações de redes parceiras e da própria comunidade, que contribuía com o que podia, seja alimento, tempo ou trabalho voluntário. As feiras livres também se tornaram importantes parceiras para manter a cozinha funcionando diariamente, em um contexto onde a fome só cresce e a ausência de políticas públicas se mantém constante.
Com o passar do tempo, o espaço foi se transformando. Hoje, a Cozinha Solidária da Tereza de Benguela recebe apoio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Cozinhas Solidárias, criado pelo Projeto de Lei nº 2920/23, de autoria do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e sancionado em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O programa passou a reconhecer oficialmente as cozinhas solidárias, que nasceram da mobilização popular como política pública de combate à fome e à pobreza extrema. Agora, parte dos recursos destinados ao projeto é voltada à compra de insumos, contratação de profissionais e manutenção dos espaços, fortalecendo experiências locais de abastecimento e oferta de refeições em todo o país.
Na Tereza de Benguela, os alimentos chegam também do SAF Chico Mendes e da agricultura familiar, com produtos adquiridos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Assim, a cozinha garante alimentação saudável à comunidade e incentiva a produção local, promovendo uma conexão entre campo e cidade.
Na ocupação, histórias de transformação são contadas todos os dias. Mulheres, jovens, idosos e crianças encontram ali não apenas um prato de comida, mas um sentimento de pertencimento e esperança. Para muitos moradores, a Cozinha Solidária é um símbolo concreto de resistência frente à desigualdade e à falta de políticas públicas de moradia e alimentação.
Enquanto cada refeição é servida, o projeto reafirma o que o próprio MTST defende desde sua criação: ninguém deve passar fome, e a solidariedade é uma das formas mais poderosas de construir um país mais justo.
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