A demora no tempo-resposta da Equatorial Alagoas para atender aos chamados da população e a falta de ressarcimento dos prejuízos causados pela queima de eletrodomésticos em decorrência da frequente falta de energia e/ou oscilação constante no fornecimento de energia são as principais queixas dos clientes da empresa.

No período compreendido entre 1º de janeiro e ontem, o Procon recebeu 610 reclamações contra a Equatorial Alagoas. A quantidade de reclamações foi informada pela Gerência de Atendimento, Orientação e Conciliação do Procon – Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor.

Uma das mais recentes reclamações foi registrada na última terça-feira, quando um poste, localizado à Rua São Carlos, nos fundos do Empresarial Humberto Lobo, na Serraria, pegou fogo a noite. Moradores, empresários e condôminos ligaram para a Equatorial, relataram o ocorrido, abriram um chamado e aguardaram técnicos da empresa para resolverem a situação.

Concomitantemente, populares acionaram também o Corpo de Bombeiros devido ao risco de o fogo se propagar através da fiação elétrica. Os militares chegaram ao local bem antes da equipe da Equatorial e tiveram que esperar, mais de uma hora, para que os técnicos chegassem e interrompessem o fornecimento da energia elétrica.

No Empresarial Humberto Lobo, além do medo de acontecer algo mais grave, os condôminos e clientes passaram por muitos transtornos. No local, funcionam diversos escritórios de advocacia, contabilidade, além de clínicas médicas e empresas de diversos setores.

O deputado federal Paulão (PT), um dos mais expressivos nomes no combate à privatização dos serviços, considera sofríveis os serviços prestados pela Equatorial.

“Por isso, a Equatorial Alagoas é campeã de reclamações no Procon. A prestação de serviços à população piorou absurdamente”, salientou o parlamentar.

O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas afirmou que em relação aos aumentos na conta de energia, entre 2022 e 2023, as tarifas da Equatorial Alagoas superaram, em muito, os índices da inflação.

“Em 2022 o aumento de energia foi de 19,88%, enquanto a inflação foi de 5,79%. Em 2023 o aumento foi de 17,59% e a inflação de apenas 4,62%. O que acarreta grande peso no bolso das famílias ao longo dos anos”, argumento a presidente do Sindicato, Dafne Orion.

Na avaliação do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, a privatização da energia não trouxe melhorias para a população e menos ainda para as regiões mais vulneráveis, estas sendo ainda mais afetadas.

“As quedas de energia, a rotatividade de pessoal na empresa, cortes, terceirização, baixa qualidade do atendimento e, demora no restabelecimento após interrupções, são problemas recorrentes Alagoas. Há uma insatisfação também com a postura da empresa em relação ao tratamento que dá aos seus trabalhadores. A empresa não investe na mão de obra devidamente. Explora os trabalhadores com jornadas excessivas, salários muito baixos, coloca os trabalhadores para atingir metas cada vez mais altas, sem o devido reconhecimento no acordo coletivo de trabalho”, detalhou a presidente do Sindicato dos Urbanitários, Dafne Orion.

A empresa também falha, completou o Sindicato, em termos de transparência, no compromisso com obrigações regulatórias, além do impacto que essas falhas têm sobre o cotidiano dos cidadãos, tais como contas, eletrodomésticos, conforto e segurança.

“Desde a privatização da antiga Ceal [Companhia Energética de Alagoas], hoje Equatorial, que as reclamações em relação aos serviços oferecidos têm aumentado por parte da população. Hoje o serviço é caro e pior do que era antes. Quem mais precisa do serviço público é o povo, sobretudo sua parte mais carente. Por isso, defendemos o acesso aos serviços essenciais para toda a população, que serviços como água e energia sejam feitos por empresas públicas, pois empresas privadas visam apenas o lucro e não têm compromisso social”, destacou a presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas.

Equatorial Alagoas

A Distribuidora ressaltou que, desde que assumiu a concessão, em 2019, já investiu R$ 2,14 bilhões e segue executando ações permanentes para melhorar o fornecimento de energia.

Conforme a Equatorial, o compromisso com a melhoria contínua resultou na construção de oito novas subestações, incluindo unidades estratégicas nos municípios de Maceió, Barra de São Miguel, Craíbas, Coruripe, Girau do Ponciano e Porto de Pedras, além da ampliação de outras 14 subestações. Essa modernização garante maior confiabilidade ao fornecimento de energia do litoral ao sertão do estado.

“Os investimentos realizados impactaram positivamente os indicadores de qualidade do serviço. A Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) caiu 62,13% desde 2019, reduzindo o tempo médio sem energia de 38,69 para 14,65 horas. Já a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) teve uma queda de 69,55%, passando de 16,32 para 4,97 interrupções no mesmo período. Esses avanços garantem um fornecimento mais seguro e estável para os clientes. A Distribuidora também reforça que tem realizado melhorias em seus canais de atendimento, oferecendo cada vez mais comodidade, praticidade e agilidade para a solicitação de serviços e registro de ocorrências”, destacou a distribuidora, em nota.

Sobre o relato de clientes com relação ao tempo de atendimento em ocorrências de falta de energia, a Equatorial Alagoas informa que segue empenhada para atender à todos os chamados, sobretudo aqueles que envolvem situações de risco à vida. Na ocorrência registrada na última terça-feira (23), no bairro da Serraria, nas proximidades do edifício empresarial Humberto Lôbo, a empresa informou que ao receber o chamado do Corpo de Bombeiros, equipes técnicas foram acionadas e enviadas até o local dentro do tempo previsto para o atendimento.