As festas de fim de ano, tradicionalmente associadas à união e à celebração em família, infelizmente também registram um aumento significativo nos casos de violência contra a mulher. Segundo a professora e advogada Elita Morais Dorvillé, diversos fatores contribuem para esse fenômeno preocupante, exigindo atenção redobrada da sociedade e das autoridades.

Um dos principais fatores que intensificam a violência doméstica nesse período é o consumo excessivo de álcool e drogas. “Essas substâncias reduzem inibições e podem exacerbar comportamentos agressivos, especialmente em ambientes onde já existem históricos de conflitos”, explicou Dorvillé ao TH Entrevista dessa semana. Além disso, as tensões familiares acumuladas durante o ano e as expectativas irreais em relação às festividades podem gerar situações de estresse que desencadeiam atos de violência.

Embora a agressão física seja o tipo de violência mais visível, as festas de fim de ano também expõem mulheres a outras formas de abuso, como a violência psicológica e moral. Comentários humilhantes, desqualificações diante de familiares e ameaças veladas são formas de abuso que podem ser igualmente devastadoras. “Esses comportamentos muitas vezes passam despercebidos ou são minimizados, mas deixam marcas profundas”, alerta a advogada.

Amigos e familiares devem estar atentos a sinais de alerta que podem indicar situações de violência. “Mudanças no comportamento, como isolamento, nervosismo excessivo ou marcas físicas, são indícios que não podem ser ignorados”, orientou Dorvillé.

Para as mulheres que enfrentam situações de violência, mesmo em meio às comemorações, é fundamental saber que há formas de buscar ajuda. “Mesmo cercada por familiares, a mulher pode ligar para os canais de denúncia, como o 180, ou buscar apoio junto a amigos de confiança”, destacou a professora. A denúncia pode ser feita anonimamente, e as autoridades têm o dever de agir imediatamente para proteger a vítima.

Enfrentar a violência doméstica durante as festas de fim de ano exige um esforço coletivo. “Conscientizar homens e familiares sobre a importância de respeitar e proteger as mulheres é essencial. A sociedade precisa adotar uma postura ativa, repudiando qualquer forma de abuso”, reforçou Dorvillé.

Os canais de denúncia, como o 180 e o 190, estão à disposição para registrar casos de violência. Além disso, centros de referência e delegacias especializadas oferecem suporte para as vítimas. “Após a denúncia, há uma série de medidas protetivas que podem ser acionadas para garantir a segurança da mulher”, ressaltou a advogada.

As festas de fim de ano devem ser um momento de paz e harmonia, mas para muitas mulheres, podem se tornar cenário de sofrimento. Reconhecer os sinais, oferecer apoio e denunciar são passos fundamentais para combater a violência. “Somente com ações concretas e uma mudança de mentalidade poderemos transformar esse cenário e garantir que todas as mulheres possam celebrar as festividades com dignidade e segurança”, concluiu Élita Morais Dorvillé.