Cidades
Advogado e jornalista sofrem truculência em blitz
Profissionais foram abordados e coagidos por policiais do BPTran, em ação policial realizada no Vergel
Um advogado, devidamente inscrito e atuante na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, e um jornalista, devidamente registrado no Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas, o Sindjornal, foram coagidos na noite da última terça-feira (17), durante uma abordagem realizada por policiais do BPTran (Batalhão de Polícia de Trânsito) em uma blitz na região do Vergel do Lago.
Os dois, que se encontravam a trabalho, estavam se dirigindo para casa, na parte alta de Maceió, por volta das 21 horas, quando decidiram pegar a Avenida Monte Castelo e se depararam com uma blitz no cruzamento da Rua Balbino Lopes. Foram obrigados a parar o carro por dois militares, que chegaram apontando armas e perguntando onde estavam a arma e as drogas.
De imediato, ambos se identificaram, cada um mostrando sua credencial de advogado e jornalista. No entanto, os militares, de forma truculenta, disseram que não queriam saber, afirmando que para eles advogados e jornalistas não eram nada. Logo em seguida, foram levados para o canto do carro, sendo questionados o tempo todo sobre o tipo de abordagem e a razão de tanta truculência. A partir deste momento, a truculência aumentou, e ambos foram colocados de frente para uma parede com as mãos na cabeça. Foram revistados, e o carro também foi revistado.
Em determinado momento, um dos policiais foi para o outro lado do carro, sendo questionado pelo advogado por não estar vendo a revista. Quando o advogado pediu para abrir a porta traseira para acompanhar melhor a revista, os policiais se negaram e só abriram a porta depois de concluírem a revista. No final da abordagem, ainda coagiram o jornalista, dizendo: “Você quase levou um tiro porque abriu a porta do carro sem eu mandar”.
Ao final da blitz, o advogado indagou aos policiais o motivo de tanta truculência na abordagem. Eles simplesmente disseram que era porque se tratava de um bairro perigoso, ou seja, uma clara atitude de racismo estrutural. Para o advogado, realizar uma busca pessoal e veicular sem uma fundada suspeita é manifestamente ilegal, um claro descumprimento ao artigo 244 do CPP, que determina que a busca pessoal deve se basear em uma fundada suspeita. Não respeitar esse artigo da lei acarreta crime de abuso de poder.
“A blitz existe para verificar a situação do veículo, seja documental ou estrutural. A situação foi tão absurda que sequer solicitaram a habilitação e o documento do veículo”, afirmou o advogado. Ele também destacou que parece haver um padrão policial destinado aos bairros nobres e outro padrão nos bairros periféricos. Nos bairros nobres, os policiais só pedem o documento do motorista e a habilitação, enquanto nos periféricos tratam as pessoas como a escória social, aquelas que não têm qualquer valor moral ou social.
“Em toda minha vida, nunca presenciei nos bairros nobres qualquer conduta ao menos próxima do que presenciei no dia de ontem, uma verdadeira balbúrdia e escárnio policial à dignidade da pessoa humana”, concluiu o advogado.
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