Cidades

Abalo sísmico de Paripueira ocorreu a 3 km de profundidade

Laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte segue monitorando movimentação da costa alagoana

Por Davi Salsa - Sucursal Arapiraca / Tribuna Independente 05/12/2024 09h08 - Atualizado em 05/12/2024 09h12
Abalo sísmico de Paripueira ocorreu a 3 km de profundidade
Geofísico Eduardo Menezes revela detalhes do abalo em Paripueira - Foto: Reprodução

O geofísico Eduardo Menezes, pesquisador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis), revelou à Tribuna Independente que um estudo mais detalhado do tremor de terra ocorrido na terça-feira passada (3), no litoral de Paripueira, na Região Metropolitana de Maceió, mostra que o abalo foi registrado a uma profundidade de apenas três quilômetros do solo e distante 18 km da orla.

Segundo o especialista, apesar da reduzida profundidade do solo, é provável que os moradores da cidade litorânea de Alagoas não tenham sentido o fenômeno.

Estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte já identificaram falhas geológicas e vários fragmentos de rochas antigas sob a Região Nordeste que favorecem os abalos.

Os eventos ocorrem por acomodações nas camadas geológicas e são sempre de baixa profundidade. Ainda de acordo com o biofísico, o Brasil está localizado sobre uma placa tectônica, que é recortada em pequenos blocos, de várias dimensões, que apresentam alguma zona de cisalhamento e podem se abrir a qualquer momento e liberar energia.

O abalo sísmico registrado na terça-feira, em Paripueira, às 7h41 e de magnitude 2.4 na escala Richter, mesmo não tendo causado danos materiais, o tremor despertou discussões importantes sobre a necessidade de monitoramento e estudos mais aprofundados sobre a sismicidade no estado de Alagoas.

O sismo é o maior dos últimos dois anos no estado e foi detectado pela estação localizada no município de Anadia, a 98 km de Maceió. A rede é operada pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O tremor de terra em Paripueira aconteceu na plataforma continental e foi o maior já registrado em Alagoas nos últimos dois anos. Antes, o mais forte ocorreu no município de Colônia Leopoldina em novembro de 2023, com magnitude 2.3 mR na Escala Richter.

Desde o ano de 2022 que vários tremores de terra estão sendo detectados no estado. Na Região Agreste, especificamente, nesse período, o LabSis já registrou mais de 60 tremores de terra nas cidades de Craíbas, Arapiraca e Feira Grande.

Pesquisadores da Uneal se destacam em estudos sobre abalos sísmicos

Pesquisadores do curso de Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) têm se destacado nesse campo de atuação, contribuindo com relevantes estudos sobre a sismicidade local.

Entre as pesquisas em andamento, destacam-se as análises sobre a ocorrência de tremores induzidos em Arapiraca e regiões próximas a cidade que apresentam ocorrências de abalos de pequena intensidade. Essas iniciativas acadêmicas são fundamentais para compreender as causas, os padrões e os impactos desses fenômenos, além de propor estratégias para mitigar ris e orientar políticas públicas de segurança.

A falta de equipamentos de monitoramento no estado compromete a capacidade de detecção precisa e o mapeamento detalhado das áreas mais suscetíveis a tremores, enquanto estados vizinhos contam com redes mais robustas, Alagoas ainda depende de uma única estação, no município de Anadia, sob a coordenação da UFRN, para captar e registrar dados sobre eventos sísmicos, como o ocorrido em Paripueira.

Pesquisadores realizam estudos na área de tremores de terra (Foto: Cortesia)

Segundo especialistas, a instalação de novas estações sismográficas em pontos estratégicos ampliaria significativamente a capacidade de monitoramento, ajudando a identificar com mais clareza os epicentros, as profundidades e a frequência dos abalos.

Uma nova pesquisa traz à tona dados impor, realizada pelos estudantes da Uneal, aponta os tremores de terra registrados entre os anos de 2020 e 2023, na região de Arapiraca.

O mapeamento faz parte da pesquisa conduzida pelos pesquisadores Willian Almeida, Marcos Araújo e Sandro Maciel. Os estudantes-pesquisadores identificaram os epicentros dos abalos sísmicos e apontam os bairros e localidades mais afetados.

O estudo, inédito na região, foi desenvolvido após análise dos dados disponibilizados pelo LabSis/UFRN.