Cidades

Moradores dos Flexais recusam troca de casas

Eles utilizaram as redes sociais para acusar Braskem de sugerir mudança de pescadores para contêineres de ferro

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 07/09/2024 09h03 - Atualizado em 07/09/2024 09h31
Moradores dos Flexais recusam troca de casas
Moradores dos Flexais, em Bebedouro, se recusam a aceitar contêineres como moradias ofertadas pela Braskem - Foto: Reprodução

Moradores da região dos Flexais usaram as mídias sociais na sexta-feira (6) para a acusar a Braskem de querer trocar as casas dos pescadores da beira da Lagoa Mundaú por instalações em contêineres de ferro.

“Isso é um verdadeiro absurdo, a Braskem e a Prefeitura de Maceió estão tentando retirar o pessoal do seu convívio natural para colocá-los dentro de contêineres. Isso é desumano. Isso não se faz”, denunciou o comerciante Valdemir Alves, que é morador do Flexal de Cima e integrante do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem.

Segundo ele, os moradores não querem sair de suas casas ou de seus barracos, onde residem e guardam os equipamentos de pesca, no Flexal de Baixo, às margens da Lagoa Mundaú.

“A Braskem não pode retirar essas pessoas a pulso de suas casas, ainda que sejam barracos. As autoridades, a Justiça, o Ministério Público precisam tomar conhecimento dessa medida e impedir esse absurdo”, acrescentou Alves.

MUVB PEDE PROVIDÊNCIAS

O servidor público Maurício Sarmento, integrante do MUVB, a comunidade dos Flexais foi surpreendida com essa iniciativa da Braskem, em parceria com a Prefeitura de Maceió. “Como se já não bastasse o isolamento social que submeteu os moradores dos Flexais, a Braskem quer agora trocar casas por contêineres”, comentou Sarmento.

Segundo ele, caso essa medida se concretize “a Braskem estará dando mais um passo desumano contra os moradores dos Flexais, que residem há mais de 20 anos às margens da lagoa Mundaú, muitos deles criadores de animais e carroceiros”.

Braskem explica que espaço será para guardar materiais

“O mais absurdo e cruel é a proposta de alojar esses moradores em contêineres, uma solução que ignora totalmente a dignidade humana e o direito à moradia adequada. Essa atitude revela a falta de sensibilidade e de diálogo por parte das autoridades e da empresa, que deveriam colocar as vidas e a história dessas famílias em primeiro lugar”, observou Maurício Sarmento.

“Precisamos amplificar essa denúncia e exigir respeito e justiça para todos os moradores dos Flexais. Não podemos permitir que mais uma vez o poder econômico passe por cima das pessoas. Vamos nos unir para dizer não a mais essa tentativa de remoção forçada e para exigir um debate verdadeiro, onde as vozes dos moradores sejam ouvidas e respeitadas”, concluiu o integrante do MUVB.

NOTA DA BRASKEM

“A Braskem esclarece que a afirmação sobre instalação de contêineres nos Flexais, para ‘alojar moradores’, é inverídica. A futura instalação de contêineres tem o objetivo de armazenar materiais de pesca, temporariamente, até a conclusão das obras de construção do píer e do Centro de Apoio aos Pescadores da região”.

A empresa disse ainda que “para a instalação dos contêineres, é necessária a retirada de algumas baias. Todo o trabalho será conduzido pelo Município de Maceió, titular das obras previstas no acordo celebrado com as autoridades e a Braskem, com o objetivo de promover a integração urbana e o desenvolvimento dos Flexais”.