Cidades

Número de fumantes aumenta em Alagoas

Conforme dados da pesquisa Vigitel, 6,5% da população alagoana fazia uso do cigarro em 2021; índice em 2020 era de 4,3%

Por Luciana Beder - colaboradora com Tribuna Independente 29/08/2023 09h22
Número de fumantes aumenta em Alagoas
Conforme dados da pesquisa Vigitel, 6,5% da população alagoana fazia uso do cigarro em 2021; índice em 2020 era de 4,3% - Foto: Edilson Omena

Hoje (29) é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que tem como objetivo conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro. Em Alagoas, segundo dados da pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde (MS), 6,5% da população acima de 18 anos é fumante. Um percentual 2,2% maior que o registrado no ano de 2020, que registrou um percentual de 4,3% de adultos fumantes no estado.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é um dos fatores de risco para mais de 50 doenças, entre as respiratórias e o câncer. “O tabagismo é fator de risco para vários tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças do aparelho circulatório, respiratório, entre outras. O tabaco possui mais de 7 mil compostos e substâncias químicas e o tabagismo mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano no mundo e 443 pessoas por dia no Brasil, sendo a maior causa isolada evitável de mortes precoce”, reforça a coordenadora do Programa Estadual de Combate ao Tabagismo, Eunice Canuto.

“As Diretrizes e Objetivos demandam do Programa Nacional, que coordena as ações. O Programa Estadual coordena, presta cooperação técnica e auxilia os municípios para que implantem seus Núcleos de Atenção ao Fumante. Quem executa as ações, são os municípios. No município de Maceió, por exemplo, temos três Núcleos implantados: no Hospital Universitário; no II Centro de Saúde Dr. Diógenes Jucá Bernardes, situado na Praça da Maravilha, e na Unidade de Saúde João Paulo II, no Jacintinho”, explica Eunice Canuto.

De acordo com a coordenadora, no 1º quadrimestre deste ano, 336 pessoas buscaram tratamento no Estado e foram inseridas no Programa. “Estamos fechando o 2º quadrimestre, que compreende de maio a agosto, mas só podemos atualizar esses dados a partir de setembro deste ano”, disse.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a partir da análise da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, indicam que, para além do prejuízo à saúde de quem produz e utiliza o cigarro, o ato de fumar compromete cerca de 8% da renda familiar per capita no Brasil. O percentual de gasto mensal chega a quase 10% da renda domiciliar per capita entre os fumantes de 15 a 24 anos e é ainda maior para aqueles com ensino fundamental incompleto, chegando a 11%.

Por região, os maiores gastos foram identificados no Norte e no Nordeste, sendo o Acre o estado com maior comprometimento de renda (14%), seguido por Alagoas (12%) e Ceará, Pará e Tocantins (todos com 11%).

A DATA

O Dia Nacional de Combate ao Fumo – 29 de agosto – foi criado em 1986 pela Lei Federal nº. 7.488 e tem o objetivo de reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Todos os anos, na data, o Inca promove e articula uma grande comemoração nacional sobre o tema escolhido com as secretarias estaduais e municipais de saúde e de educação dos 26 estados e do Distrito Federal e com outros setores do Ministério da Saúde e do Governo Federal que integram a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS).

Dependentes não conseguem largar o vício mesmo sabendo dos riscos

Mesmo sabendo que o tabagismo é uma das principais causas de morte, doenças e de empobrecimento em todo o mundo, muitas pessoas não conseguem parar de fumar e seguem reféns do vício. Há mais de 50 anos, o pedreiro José Narciso Xavier é fumante. Segundo ele, já tentou parar de fumar, mas o máximo que conseguiu foi ficar três meses sem nicotina.

“Fumo desde os meus 11 anos e hoje já estou com 67 anos. Já parei durante dois, três meses. Esse é o tempo máximo. Tenho vontade de parar de verdade, mas não consigo, mesmo sabendo dos riscos, que a gente vê até na carteira de cigarro. Eu tento controlar a quantidade, compro uma carteira de cigarro e passo dois ou três dias, mas, quando estou mais preocupado ou estressado, não tem jeito”, afirmou Xavier.

O assistente social Jean Eduardo Ferreira fuma há 20 anos e também afirma não conseguir largar o vício. “Comecei aos 16 anos, por influência de amigos e acabei me acostumando. Tenho consciência dos riscos à saúde, já tentei parar e fiquei mais de três meses, mas depois voltei. Acho que faltou força de vontade”, disse.

Já o ajudante de construção Pedro Rocha sabe dos riscos, mas conta que nunca tentou parar de fumar. “Já estou com 47 anos e fumo desde os meus 21, comecei a fumar em casa, sozinho. Nunca tentei parar, apesar de saber dos riscos. Todo mundo sabe dos riscos, mas não tenho medo”, afirmou.