Cidades

Caso Braskem em Maceió entra na pauta da Organização das Nações Unidas

Estará em debate no Conselho de Direitos Humanos, esta semana, desastre ambiental causado pela mineradora

Por Ricardo Rodrigues - colaborador com assessoria / Tribuna Independente 27/06/2023 10h26 - Atualizado em 27/06/2023 17h45
Caso Braskem em Maceió entra na pauta da Organização das Nações Unidas
Afundamento do solo provocado pela extração de sal-gema da Braskem ocorreu em pelo menos cinco bairros da capital alagoana - Foto: Edilson Omena

O desastre ambiental provocado pela Braskem em Maceió, considerado um dos maiores do mundo na atualidade, está na pauta da 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada esta semana, de 26 a 30 de junho, em Genebra, na Suíça.

O Caso Braskem, como ficou conhecido o afundamento do solo provocado pela mineradora em pelo menos cinco bairros da capital alagoana, será debatido na ONU, por meio de três ativistas de Alagoas, selecionados pelo Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH).

Evelyn Gomes, Lucas Enock e Rafaela da Cunha Pinto vão apresentar a tragédia do Pinheiro, onde surgiram as primeiras rachaduras, aos conselheiros da ONU. A missão dos ativistas é levantar a questão ao debate internacional e atuar na defesa das vítimas da mineradora, do ponto de vista dos direitos humanos.

Para apresentar a tragédia ao mundo, a ativista alagoana Evelyn Gomes embarcou no último domingo (25/6) para Genebra, onde deve se juntar Lucas Enock e Rafaela Cunha, para participação no evento.

Eles foram selecionados pelo Edital Ecoar, promovido anualmente pelo Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH), para que pudessem vivenciar atividades práticas de advocacy internacional, levando pautas brasileiras para o debate no cenário mundial.

OBSERVATÓRIO

A alagoana Evelyn Gomes é diretora do Lab Hacker e idealizadora do Observatório Caso Braskem, criado depois do desastre para acompanhar os desdobramentos do desastre e as tratativas com as vítimas da mineradora.

Ela foi escolhida para representá-los em uma manifestação oral sobre o aumento incessante de casos de violências praticadas contra os direitos humanos, principalmente a invisibilidade da problemática nas regiões Norte e Nordeste.

“Eu estarei no local para servir de voz à denúncia de inúmeras violações de direitos humanos, mas acima de tudo, irei levar para a ONU as tragédias que venho presenciando em Maceió. Não podemos deixar de lembrar que a mineração forçou o deslocamento de mais de sessenta mil pessoas por risco de desabamento de solo”, afirmou Evelyn, antes de viajar.

“Esse é o maior desastre socioambiental em zona urbana registrada no mundo e precisamos que as instituições internacionais acompanhem de perto o caso, para que as pessoas que perderam suas casas sejam justiçadas e que os culpados sejam responsabilizados”, acrescentou.

ASSINATURAS ON-LINE

O Caso Braskem entra em pauta na quarta-feira (28/6), mas os três ativistas de Alagoas participarão, ao longo de toda semana, de uma agenda de incidências políticas, que inclui reuniões com representantes da ONU, diálogos interativos com Relatores/as Especiais e a participação em eventos paralelos.

“No entanto, é necessário reforçar que, neste momento, estamos buscando assinaturas da sociedade civil brasileira para copatrocinar o evento e apoiar essa manifestação. Por isso, precisamos que entidades civis assinem nossa manifestação, que está disponível por meio de formulário on-line na internet”, explicou Evelyn.

Segundo ela, a ONU precisa incluir em sua agenda formas de sanar e dirimir a dor que milhares de alagoanos vêm vivenciando há mais de cinco anos, o desastre do afundamento do sole. “Só a partir da contribuição coletiva, que poderemos sensibilizar seus departamentos para esse caso, que é de violação coletiva de Direitos Humanos”, argumentou a ativista.

A assinatura e a leitura do texto da manifestação na íntegra, podem ser feitas pelo link: https://docs.google.com/forms/... .