Cidades

Maceioenses pedem saúde e paz em 2023

Depois da pandemia, população da capital esquece desejos materiais e tem esperança de dias melhores, sem ódio e mais democracia

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora com Tribuna Independente 31/12/2022 08h14 - Atualizado em 31/12/2022 16h31
Maceioenses pedem saúde e paz em 2023
Bárbara Batista acredita que o país vai melhorar com o novo governo: “o primeiro ano não vai ser fácil” - Foto: Edilson Omena

Passar em concurso, se formar na faculdade e até arranjar um trabalho melhor. Os desejos dos maceioenses para 2023 são melhorar de vida. Mas antes de qualquer projeto pessoal, o desejo que a maioria absoluta cita é a paz. Com fundo religioso ou político, o sentimento das pessoas sempre busca fim da violência, dos problemas sociais, e que a mudança de governo traga esperança.

Andando pelo Centro de Maceió, nossa equipe de reportagem ouviu a população. Com a pandemia que aconteceu nos últimos anos, o pensamento coletivo e menos materialista se fez muito presente nos anseios das pessoas. O professor Wesley Lino tem esperança no novo governo. “Que no campo da política tudo corra bem, o novo presidente assuma e faça o seu papel junto com o congresso e no nosso estado ocorra tudo bem. E que reduzam os índices de violência, de fome, coisas que afetam a nossa população”.

Já o ambulante Luiz Tsere só deseja que nada mude em sua vida. “Quero que o ambulante continue trabalhando aqui. Falaram que vão limpar ou reorganizar, não sei, mas meu desejo é continuar do jeito que está hoje”.

Mais religiosa, Luciene dos Santos, deseja que as pessoas busquem Deus. Que seja um ano de paz, sem violência que as pessoas tenham mais empatia, amor no coração e principalmente Deus. As pessoas fazem coisas por raiva, egoísmo, se buscar Deus vai ter menos violência”. Para si própria um único desejo: “cuidar mais de mim, da minha saúde”.

A jovem Laura Augusto espera o sentimento de coletividade fortalecido. “Espero que seja um ano construído em conjunto, não individual, mas em conjunto. Depois de tanta situação que a gente passou, pandemia, começos de guerra, tantos conflitos que acho que vale a pena não pensar em crescer no individual, e sim no coletivo, porque para uma boa sociedade a gente não pode pensar no individual, tem que ser no todo. Não posso pensar no meu melhor, sem querer que você cresça comigo. A lição que 2022 deixa é que a gente aprenda que para crescer é no coletivo”.

O sentimento de perder alguém na pandemia deixou a funcionária Lucielma Torres bastante desapegada das coisas materiais. “Essa pandemia deixou todo mundo um pouco desnorteado, muita gente perdeu alguém, e eu sou uma delas. Então não desejo nada material, acho que só saúde mesmo, correr atrás do prejuízo. Paz. Muita paz, saúde pra todo mundo”.

Elton Silva também vê aprendizado no último ano. “Acho que 2022 veio pra ensinar que a gente precisa do mínimo, e o mínimo é saúde e a família junto, e é isso que desejo pra 2023. Saúde primeiramente, e o resto a gente corre atrás”. Mas ele também tem um projeto pessoal: “Uma viagem para conhecer o Chile, se Deus quiser”.

Gustavo Avelino trabalha em uma farmácia de manipulação. Imediatamente desejou “muita saúde, prosperidade e que todos vivam bem”. Mas ele também tem um projeto pessoal “desejo me formar como educador físico”.

Alexsandra da Conceição trabalha no centro como ambulante há 4 anos. Ela quer sair de lá. “Desejo que as coisas melhorem, porque aqui a nossa vida não está fácil, nem só aqui, o mundo todo. Melhore em trabalho, em tudo. Meu sonho pra esse ano é deixar esse trabalho e arrumar outro melhor, porque só estou sofrendo”.

Angela Sá deseja saúde, paz, e que todo mundo busque realizar os sonhos. “Quem tem seus sonhos que corra atrás, não se acomode onde está porque o mundo é grande, as oportunidades também. Eu quero passar em outro concurso, crescer”.

Barbara Baptista está cheia de expectativas com a saída do atual presidente. “Desejo democracia, emprego, saúde, assistencialismo de verdade. Com o novo governo tenho certeza que vai melhorar, mas a gente sabe que o primeiro ano não vai ser fácil, tem muitos desafios que a gente precisa resolver que o Bolsonaro deixou em aberto e acredito que as coisas só vão começar a melhorar no segundo ano de governo. Mas é um começo”.

Animada que a vacinação chegou até as crianças de 6 meses, ela deseja coisas boas pra todos. “Que 2023 seja mais leve, estamos em outra reta da pandemia, acredito que exista uma mais próxima da normalidade com a vacinação que avançou. São conquistas pra a sociedade. Que acabe o negacionismo. E venha muita saúde, vacina, emprego e dinheiro pra todo mundo, que é isso que a gente precisa”.

Psicóloga: “período é importante para reavaliar metas e objetivos”


A sensação de mudança e desejos nesse período do ano tem uma explicação, como diz a psicóloga Anne Teles. “A humanidade marca o tempo com datas, então tudo se inicia e termina, data que nasce, aniversário, casamento, trabalho, filhos, morte... Então neste espaço também temos marco temporal menores e dentro dele se constrói os maiores. Claro que cada época terá seu marco de acordo com a cultura vigente, mas os povos antigos já tinham seu marco anual com: Inverno, Verão, Primavera e Outono e assim se programava pra agricultura. A questão do ano é muito importante pra reavaliar as metas e objetivos, mas necessariamente não é isso que acontece. Por vezes as pessoas apenas comemoram e atuam como se fosse ter uma mudança e isso gera esperança, faz com que vivam e se sintam melhores”.

Para aproveitar esse sentimento e levar os projetos adiante, evitando perder os estímulos, a psicóloga sugere um caminho. “Uma boa estratégia é criar um planner, colocando metas e objetivos e inclusive o que necessita mudar emocionalmente. Com prazos reais e sinceros. Ao longo do ano e refazendo e reavaliando e terá até o material pra o próximo ano”.

ECONOMISTA

O economista Victor Hortêncio avalia as mudanças provocadas nos últimos anos e vê o momento atual como uma retomada positiva. “Quando a gente pensa 2023 é vendo hoje. Em um acontecimento que marcou os últimos anos, que foi a pandemia. Então a partir do ano passado a pandemia ficou mais controlada com a vacinação. O que que isso tem a ver com a economia? Tem tudo a ver. 2022 apresentou um panorama mais favorável. 2023 eu acho que vai ser seguindo essa linha”.

Segundo ele, a pandemia trouxe uma aceleração na parte digital, que inicialmente com a paralisação total das atividades empregou muita gente. “Para você ter ideia aqui em Alagoas no primeiro semestre de dois mil e vinte a gente desempregou mais de trinta mil pessoas. Em 2021 a taxa de desemprego chegou a 14% no Brasil e aqui não foi diferente em Alagoas, Maceió. E a gente vem recuperando. O desemprego que chegou a 14,5% hoje está em 8,9%. Então está abaixo de 10%. A gente ainda tem um índice, tem muita gente desempregada. Milhões de pessoas desempregadas. Mas eu acho que já foi muito maior. Então quando as pessoas trabalham elas têm renda, elas consomem, diminui a miséria, diminui a pobreza e a gente vê o bem-estar da população, principalmente a mais pobre que é isso que é a população que desemprega, na grande maioria”.