Cidades
Obesidade infantil avança no Nordeste
Números divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que 10% das crianças da região já são afetadas pelo distúrbio

Dados do Ministério da Saúde apontam que a obesidade infantil tem crescido em todo o país. O percentual de crianças obesas no Nordeste, por exemplo, chega a 10%. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta. A Tribuna Independente ouviu especialistas para saber os riscos e como pais e responsáveis devem proceder. Por unanimidade, eles apontam a importância de incentivar hábitos saudáveis entre os pequenos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define obesidade como o estoque excessivo de gordura corporal, claramente associado a riscos à saúde. A pediatra Carolina Magalhães ressalta que a maioria dos casos de obesidade, acontece por sedentarismo e/ou erro alimentar. Além disso pode decorrer de alterações genéticas e em síndromes.
“Os dados são preocupantes. É preciso que pais e responsáveis fiquem atentos aos hábitos alimentares das crianças, estimulem a prática de atividade física e procurem ajuda profissional para prevenir e tratar o aumento de peso e a obesidade. Quando uma criança é obesa, ela tem maior chance de se tornar um adulto obeso”, detalha a pediatra.
Carolina Magalhães explica que cada criança precisa ser avaliada individualmente para identificar se de fato estar acima do peso indica obesidade.
“Para o diagnóstico de obesidade usamos o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que leva em consideração o peso e a estatura da criança. É necessário, na consulta com o pediatra, colocar o valor encontrado nas curvas de IMC de acordo com a idade e o sexo da criança. Então, não é possível definir um peso específico para classificar as crianças como obesas. E, a obesidade pode ocorrer em todas as idades (bebês, crianças e adolescentes)”, expõe a médica.
A nutricionista da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, Franciane Santos destaca que na rotina de atendimentos é perceptível o avanço da obesidade. Ela enfatiza que a abordagem precisa envolver diversos fatores e não apenas exclusivamente aos alimentos.
“Na epidemiologia nutricional podemos ver uma ascensão na obesidade infantil. A obesidade, segundo a literatura científica é multifatorial, envolvendo fatores psicológicos, genéticos, ambientais, econômicos, fator atividade física, bem como a alimentação. Não podemos apenas pontuar a comida como um fator para o crescimento da obesidade, ainda que seja infantil”, disse.
Isolamento na pandemia aumentou número de casos
A pediatra Carolina Magalhães ressalta que um dos fatores que intensificaram essas estatísticas foi a pandemia de Covid-19 que obrigou o isolamento social e as mudanças nas atividades das crianças.
“O isolamento social na pandemia da covid-19 agravou o ganho de peso nas crianças. Mais tempo em casa significou aumento de tempo diante das telas e longe de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre”, pontua.
Por isso, segundo ela, as famílias devem sempre que possível fazer acompanhamento médico para detectar possível alterações.
“O acompanhamento de rotina com o pediatra é fundamental. É importante atuar na prevenção da obesidade, estimulando a prática de atividade física, uma alimentação saudável e a redução do tempo de tela. Detectar o quanto antes crianças com sobrepeso e com isso, estimular mudanças no estilo de vida. Evitando, chegar nos estágios de obesidade e obesidade grave.
INCENTIVO
As especialistas reforçam que incentivar alimentação equilibrada, brincadeiras que envolvam movimentos e estímulos a hábitos saudáveis são primordiais e devem ser incluídas na rotina desde muito cedo. Isto começa desde o aleitamento materno, passando pela introdução alimentar.
“Nessa faixa etária (infância), é essencial o acompanhamento desde o nascimento, orientando desde o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de vida, e alimentação completar a partir dessa idade, caracterizando a introdução alimentar, que se conclui aos dois anos. Por isso a importância e necessidade da oferta de alimentos como Legumes, hortaliças, Frutas, raízes ( macaxeira, inhame, barata doce) leite, ovos, dentre outros. E não oferta de açúcar. Talvez a falta de informação da família sobre como deve ser de fato a Introdução alimentar até os dois anos”, pontua.
A rotina de alimentação é fundamental e influencia de forma direta na maneira como as crianças vão desenvolver os hábitos no futuro.
“O aumento de consumo de alimentos ultraprocessados (biscoitos recheados, biscoito simples, salgadinhos de pacotes, sucos de caixinhas adoçados com açúcar) também podem interferir num ganho mais rápido”, disse ela. Esses alimentos possuem densidade energética geralmente mais alta que alimentos in natura. Mas esse padrão de consumo pode acontecer desde lanches ou até substituição de grandes refeições como almoço e jantar. Esses comportamentos se perpetuado por longo prazo, de 3 , 6 meses e até mais tempo, pode se tornar um hábito e ser difícil reeducar uma criança novamente. E se faz necessário as vezes uma equipe multiprofissional para ajudar a criança e a família para reverter o quadro de obesidade, ou até manter o peso enquanto a criança cresce”, afirmou.
Frutas e legumes no lanche escolar são boas práticas para as crianças
Um exemplo de boas práticas vem sendo desenvolvido por uma escola particular na parte alta da capital investindo na educação alimentar dos pequenos.
Desde as séries iniciais, as crianças são apresentadas as frutas, legumes, hortaliças. As atividades são desenvolvidas ao longo de todo o ano e envolvem plantio de sementes e mudas, colheita, mini feira, produção de receitas.
O objetivo é trabalhar de forma lúdica a importância de uma alimentação equilibrada e incentivar o consumo e a manipulação dos alimentos.
“Conversamos muito com eles tendo como base a pirâmide alimentar. O respeito ao equilíbrio. Alguns alunos experimentam e eu percebo que realmente não gostam, outros eu vejo que falta o hábito. Assim nós trabalhamos de forma lúdica, deixando a criança produzir seu alimento ( com segurança) mostrando os benefícios dos alimentos”, disse ela.
- Eu mostro - continuou - a pirâmide alimentar várias vezes durante o ano e cada alimento que mencionamos ou produzimos mostro em qual parte da pirâmide ele está localizado, inclusive quantas porções diárias. Nós conversamos basicamente: fruta é muito saudável, mas não é o suficiente para supriras necessidades do nosso corpo, precisamos de proteínas, carboidratos.
Thanuzia Peixoto Diniz ainda acrescentou: “nesse sentido cada alimento que mencionamos durante o ano fazer uma referência à pirâmide alimentar”.
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