Cidades

Casa Dom Bosco é missão dada pelo Papa João Paulo II há 30 anos

Padre Tito Régis, presidente da Fundação João Paulo II – Casa Dom Bosco de Maceió, convidou a imprensa para um café da manhã e comentou sobre a sua metodologia salesiana

Por Thayanne Magalhães 14/10/2022 10h48 - Atualizado em 14/10/2022 15h58
Casa Dom Bosco é missão dada pelo Papa João Paulo II há 30 anos
Jovens acolhidos pela Casa Dom Bosco têm acesso a vários cursos - Foto: Sandro Lima

Há trinta anos uma visita do papa João Paulo II à Maceió mudaria a vida de meninos e meninas vivendo em vulnerabilidade. O ano era 1991 e, ao avistar um grupo de crianças em situação de rua usando drogas, o pontífice se sensibilizou e deu ao bispo da época a missão de construir um local de acolhimento.

Nesta sexta-feira (14), o padre Tito Régis, presidente da Fundação João Paulo II – Casa Dom Bosco de Maceió, convidou a imprensa para um café da manhã e comentou sobre a sua metodologia salesiana.

Padre Tito Régis (Foto: Sandro Lima)


O sacerdote vem dando continuidade ao processo de reabilitação de jovens em dependência química nas duas unidades da fundação, sendo elas: Casa Dom Bosco para meninos e a Casa Maria Auxiliadora para meninas, ambos com faixa etária de 12 a 17 anos.

O padre explica que os acolhidos passam por um processo de reabilitação com duração de 6 a 12 meses. Os jovens assistidos podem contar com aulas de reforço escolar; música; curso básico de panificação e pizzaiolo, eletricidade e informática; bem como dispõem de atendimento psicológico, social e odontológico. Além de cursos de bordado, costura, cabeleireira e aulas de balé para as meninas.

Jovens fazem curso de padeiro na Casa Dom Bosco (Foto: Sandro Lima)


“A Fundação João Paulo II de Maceió foi criada no dia 19 de outubro de 1992, pela idealização do Bispo Dom Edvaldo Amaral com a colaboração do Papa João Paulo II, quando realizou uma visita à capital alagoana, e percebeu a questão de vulnerabilidade social, onde a pobreza era gritante na fisionomia das crianças da região da orla lagunar, como também o uso abusivo de drogas entre os jovens que moravam nas praças e ruas da cidade”, explica o padre Tito

Entre os jovens acolhidos está Paulo Vitor, de 16 anos. Sem entrar em detalhes, ele contou à Tribuna Independente que vinha “fazendo coisas erradas e seguindo por um caminho ruim”, quando sua mãe decidiu leva-lo para a Casa Dom Bosco.

Os jovens Paulo Vitor e Auxiliadora relatam que mudaram de vida na Casa Dom Bosco (Foto: Sandro Lima)


“Minha mãe pediu para eu ficar aqui e eu também quis vir. Eu estava num caminho errado e agora eu escolhi a vida de oração. Aqui eu tenho acesso ao lazer, estudo, faço cursos de padeiro, eletricista, barbeiro e pizzaiolo. Foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida. Estou aqui há dez meses e sei que quando sair, estarei com outra visão da vida”, disse o adolescente.

Auxiliadora tem apenas 13 anos e há um ano e dois meses chegou na Casa Dom Bosco, levada por conselheiros tutelares.

“Eu vivia fora de casa fazendo coisas erradas e aí o Conselho Tutelar me trouxa para cá. Aqui eu estudo, a gente vai passar fim de semana na casa de praia, eu faço curso de cabeleireira e minha mãe sempre vem me visitar. Quando eu sair daqui, não quero voltar para a vida que tinha antes”, disse a menina.

Padre Tito lamenta que apenas 15% dos acolhidos acabam aceitando a acolhida e o processo de reabilitação. “O restante recai e acabo encontrando alguns no presídio quando faço as visitas da Pastoral Carcerária. São jovens fragmentados, de famílias desestruturadas e precisamos lutar muito para convencê-los a ficar. Nos primeiros dois meses a maioria ver a Casa Dom Bosco como uma prisão, mas os que ficam, seguem um bom caminho”, concluiu.