Cidades
Quadrilhas juninas intensificam ensaios
Com pandemia controlada, grupos já planejam últimos detalhes para retorno de apresentações com público presencial

Após dois anos sem apresentações presenciais várias Quadrilhas Juninas de Alagoas estão a todo vapor em verdadeiras maratonas de ensaios para voltar com tudo nas apresentações. De acordo com diretores de juninas, maio já é a reta final de ensaios e ajustes para que tudo saia conforme foi planejado.
A junina Amanhecer no Sertão, do Bairro do Bentes, fundada no dia 12 de abril de 2002, por exemplo, iniciou os ensaios em março deste ano. A direção da junina explica que geralmente são iniciados no ano anterior, mas até fevereiro o clima ainda era de incerteza a respeito da volta dos ensaios e apresentações.
“Acredito que, com a realização do Carnaval, pudemos confiar que o São João também se realizaria. Daí, os números de casos de Covid-19 deram uma diminuída e em março voltamos a ensaiar. Vale dizer que antes da pandemia, começamos a ensaiar quase oito meses antes”, comenta Bruno Melo, da assessoria de comunicação do grupo.
Melo conta que até então, o clima entre os integrantes da junina é de ansiedade e alegria com o retorno. “Desde a última vez que dançamos, em 2019, já se vão dois anos e, para gente, acostumados a periodicamente estar envolvido com os festejos juninos, foi uma pausa grande. Agora, com todos em segurança, vacinados, esperamos que toda essa alegria pelo retorno se traduza em um São João especial”, pontua comentando que “por ser um ano atípico, o nível de engajamento foi um pouco menor do que o de outros anos, mas ainda sim o número de dançarinos chegou em 56”.
O quadrilheiro afirma que o grupo tentará fazer um espetáculo especial, mesmo com toda correria. “Sendo muito sincero, particularmente acredito que a maior surpresa este ano são as quadrilhas de uma forma geral conseguir se apresentar depois de um longo período. Acho que será um São João emocionante em todos os sentidos”, comenta Bruno Melo.
Este ano, o tema da Amanhecer no Sertão foi divulgado em uma sala de cinema para apresentação de um curta. A frase-tema é “Enamore-se: um mundo que se abre”.
“De forma resumida, a expectativa é apresentar uma nova perspectiva para a história das bonecas Namoradeiras”, expõe Melo, deixando claro que “por ser um ano atípico, algumas coisas não tiveram tanta atenção, como, por exemplo, uma produção maior, que demanda um valor maior no orçamento. Sendo assim, cada componente precisou pagar R$ 700, que diz respeito a material de figurino, costura, entre outras coisas”.
Em relação ao calendário de apresentações, a junina Amanhecer no Sertão, tem oficialmente divulgado o dia 5 de junho. “É um evento que organizamos para estrear no São João”, antecipa Bruno.
Dona Ciça teve preparativos iniciados ainda em 2020
Mesmo na incerteza, os membros da junina Dona Ciça, de Arapiraca, fundada em 14 de novembro de 2016, começaram a ensaiar ainda em 2020. Segundo o projetista, coreógrafo e marcador, Dênio Silva, esses ensaios foram feitos com os cuidados possíveis por conta da pandemia.

“Os ensaios iniciaram em meados de 2020, com todas as incertezas, paralisações e com todos os cuidados possíveis. Passamos um bom período parados com toda demanda da pandemia, ainda chegamos a fazer alguns ensaios reduzidos em 2021, ou através de lives, mas não era aquele mesmo gosto de antes. Só com a flexibilização dos decretos que voltamos”, lembra Dênio.
A presidente da quadrilha, Roxanne Rodrigues, diz que a expectativa para este retorno é imensa. “A expectativa é grande e a cada dia que passa aumenta cada vez mais, são dois anos sem nossa festa popular, sem sentir o verdadeiro calor do São João, das fogueiras e de todos elementos que compõem o mês de junho. Agora falta pouco e os integrantes estão com todo vapor para o retorno aos tablados. Que tudo seja extraordinário depois de dois anos parados. Não tenho dúvida de que faremos uma linda festa, um lindo São João, com toda alegria e emoção que os festejos nos proporcionam”.
O grupo que conta com 46 pessoas, sendo 36 brincantes e 10 pessoas na produção, vai se apresentar com o tema que seria apresentado em 2020: A Dona festeja “Mandacaru Sonhador”, retirado de um prólogo do livro do autor Fernando Limoeiro.
MATUTA
Criada em 2009, a Quadrilha Junina Xamego de Menina, do Município de Paulo Jacinto, no Agreste de Alagoas, se apresentou pela última vez em 2012. Após todos esses anos sem engajamento, os antigos quadrilheiros resolveram resgatar a tradição e, com antigos e novos dançarinos, também seguem a todo vapor a maratona de ensaios. De acordo com a organização, são no mínimo três por semana.
“A Xamego de Menina vai se apresentar com 14 pares de dançarinos. Nossos ensaios estão acontecendo três vezes na semana. Queremos uma apresentação bem dinâmica misturando passos de juninas estilizadas com as tradicionais quadrilhas matutas do interior”, disse Kleilson Rosendo Pinheiro, um dos organizadores da junina, lembrando que haverá apresentação na Praça Multieventos Josefa Barbosa, em Paulo Jacinto nos dias 12, 23 e 28.
Em Alagoas, 45 grupos fazem parte da liga
No estado, 45 grupos das cinco regiões têm registro na Liga das Quadrilhas Juninas de Alagoas (LIQAL), conforme Washington do Nascimento Machado, presidente da liga, representantes dessas juninas já participaram de algumas reuniões para decidir o formato das apresentações de 2022.
“A LIQAL vem se organizando desde que as restrições sanitárias e as vacinas começaram a reduzir o número de pacientes internados. Iniciamos os trabalhos com nossos associados reunindo para decidirmos o formato do São João em 2022. As datas de apresentações, algumas já podemos informar, outras ainda dependem dos editais. O município de Maceió começará a partir do dia 15, o estado ainda teremos que aguardar o edital. Além disso, a liga irá realizar o primeiro pré-junino em parceria com o Governo do estado e a prefeitura de Marechal Deodoro que acontecerá no dia 2 de junho. Além desses eventos teremos o festival de mostra que acontecerá nas cinco regiões do estado’’, explica Machado.
No entanto, ele ressalta que não haverá concursos de estilizadas este ano. “Este ano em assembleia, as quadrilhas juninas optaram por não ter concurso. As juninas ainda estão se refazendo da pandemia para fortalecer seus grupos para 2023 voltarmos com os concursos da LIQAL”, disse Washington do Nascimento Machado.
TRADIÇÃO
O professor de história Milton Pedro de Oliveira Filho, explica que a quadrilha junina surgiu na França, especificamente em Paris no século XVlll, como uma dança de salão composta por quatro casais e era dançado pela elite europeia, chegou ao Brasil durante o período regencial por volta de 1830.
“Cada região do Brasil tem sua peculiaridade e expressa às diferenças nas tradições juninas. No Nordeste e Norte há um animado forró programado para acontecer nas ruas. Na atualidade, existem duas categorias de quadrilhas juninas, as tradicionais matutas e as estilizadas. Ambas com sua importância e brilho. No caso, a matuta é mais tradicional, já as estilizadas são voltadas para os grandes centros urbanos, com teatro e brilho”, explica Milton.
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