Cidades
Bom Parto: moradores de casas com fissuras cobram soluções
Imóveis ficam fora da área de risco, mas aumento de rachaduras traz incertezas aos proprietários

Moradores de imóveis situados no bairro do Bom Parto, em Maceió, relatam a intensificação de rachaduras em suas casas. Mesmo situadas fora do mapa de risco e realocação as residências têm patologias que causam incertezas nos moradores sobre a relação com o afundamento de solo causado pela mineração. As famílias cobram uma solução para o problema.
Maria do Socorro da Silva conta que são duas décadas residindo no mesmo imóvel no Bom Parto e reclama das dificuldades que vem enfrentado. Segundo ela, o surgimento das rachaduras começou em 2020 e vêm aumentando, causando tensão entre a família.
“Ano passado minha casa começou a afundar. Na cozinha, no banheiro e no quarto. Nessa casa moramos há mais de vinte anos e nunca apareceram essas coisas. Fizemos reformas, piso foi mudado e as rachaduras apareceram. Aí chamei Defesa Civil que alegou ser problema na estrutura, mandaram a gente isolar o imóvel, e não circular pelas áreas comprometidas até fazer reparos. Também deram a opção para que a gente saísse imediatamente do imóvel, mas ofereceram inscrição em um programa social que pagava 200 reais. Uma vergonha. Continuamos no imóvel, mas com medo e sem uma definição”, diz a moradora.
O medo de não saber o que está acontecendo no imóvel fez parte da família se mudar, agora eles se revezam em permanecer no local para evitar ação de vândalos.
“Meu irmão está morando lá e meu pai também vai sempre. Não podemos deixar desocupada porque se não os ladrões vêm e levam tudo”, comenta.
Ana Paula Vila Nova mora há 55 anos no Bom Parto e detalha a rotina de incertezas. Ela precisou fechar o pequeno comércio que tinha em casa e agora são apenas 14 moradores na rua.
“A minha situação é muito difícil, tudo isso que estamos passando. Eu tinha minha clientela, meu negócio de tirar xerox, mas as pessoas começaram a se mudar e nós ficamos, e precisei fechar, perdi a clientela do comércio que era meu meio de sustento. A rua está um esquisito muito grande, ladrão demais, minha casa o banheiro também está afundando”, comenta.
Em nota, a Defesa Civil afirma que as casas vêm sendo monitoradas, entretanto, não há relação com a subsidência.
“A Defesa Civil informa que, neste caso, as fissuras não têm associação ao processo de subsidência, mas que são problemas estruturais do imóvel, já que a casa está fora do mapa de setorização de danos. A Defesa Civil esclarece ainda que a última ocorrência solicitada para o endereço foi em outubro do ano passado e os técnicos constataram diversas fissuras, além de possível erosão no piso da cozinha e do banheiro. A Diretoria de Operações recomendou à moradora a contratação de um profissional habilitado para realização do reparo e a não permanência nesses cômodos da casa. As casas que estão no entorno do mapa continuam sendo monitoradas periodicamente pelo comitê técnico, coordenado pela Defesa Civil”, diz o órgão.
Laudos da Defesa Civil não relacionam rachaduras a afundamento de solo
Inconformadas com o laudo da Defesa Civil que não relaciona as rachaduras ao afundamento de solo, as moradoras deram entrada este ano num processo administrativo para cobrar providências.
Segundo a advogada Mônica Michele de Gusmão, que representa as moradoras, não há condições de permanência nessas moradias e é preciso que uma solução seja dada para que as famílias não sejam prejudicadas.
“A Defesa Civil atestou as evidências do problema da mineração em alguns imóveis em Bom Parto, chegando ao absurdo de recomendar que a família evite utilizar a cozinha e banheiro do imóvel sob risco de desabamento. Com base no próprio Laudo da Defesa Civil, foi requerido junto ao Gabinete do Prefeito providências no sentido de incluir estes imóveis no PCF [Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação]. Em resposta, a Defesa Civil ignorou o próprio Laudo e a orientação do Termo Aditivo e transferiu a responsabilidade para Defesa Civil Nacional e CPRM”, salienta.
BORDAS DO MAPA
Moradias situadas ao redor das zonas de realocação têm sido direta e indiretamente afetadas pelo esvaziamento dos bairros que afundam. A situação vem sendo questionada por lideranças do Movimento das Vítimas da Braskem (MUVB) que defendem indenização devido aos efeitos secundários do problema. A desvalorização dos imóveis, comércios e o fechamento de empresas precisariam de reparação. Eles falam inclusive em acionar a Justiça.
Até então, as lideranças vinham defendendo a desocupação de 800 imóveis em áreas como os Flexais e Marquês de Abrantes, com a inclusão no programa de realocação.
Segundo a entidade, tem ocorrido o chamado “efeito de borda”, ou seja, danos que vem sendo provocados em áreas próximas ao mapa de risco, mesmo sem influência da subsidência.
Estariam, segundo o MUVB, enquadrados nessa situação pontos como o corredor comercial e de transportes da ladeira que dá acesso ao bairro de Santa Amélia; Ruas José da Silveira Camerino, Coronel Lima Rocha e Miguel Palmeira, alguns trechos do Farol e do Bom Parto que não foram realocados.
A representante do MUVB, Neirevane Nunes, pontua que problemas como violência, desvalorização financeira e isolamento têm prejudicado de forma severa tanto moradores como comerciantes.
“Os moradores e empresas não estão na área reconhecida de risco, não estão inclusos no mapa. Eles se encontram no entorno, mas estão sendo afetados e por isso precisam ser indenizados pelos danos sofridos. Pretendemos acionar a Justiça para que os danos causados aos moradores e empresários da área do entorno sejam reparados com a indenização”, argumenta.
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