Cidades

Flexal: “estamos sendo massacrados”

Moradores denunciam rachaduras em imóveis e fendas no chão, dizem que “órgãos não resolvem” e que foram tirados os direitos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/02/2022 10h29
Flexal: “estamos sendo massacrados”
Reprodução - Foto: Assessoria
“Estamos sendo massacrados. Não existem direitos. Foram tirados todos os nossos direitos. Crianças sem escola ou estudando distante e as mães sem poder acompanhar o desenvolvimento porque muitas não tem nem o dinheiro da passagem, foi tirado tudo, até as missas, até os cultos, até as igrejas foram tiradas de nós”, desabafa Lucélia Sarmento que há 40 anos reside no Flexal, em Bebedouro. A intensificação dos pedidos de socorro dos moradores do Flexal tem explicação: eles temem que a situação da área se agrave com a chegada do período de chuvas. Segundo relatos, rachaduras, fissuras e fendas no chão tem virado rotina na comunidade. Os buracos nas vias têm preocupado ainda mais os moradores. Renato Inocêncio é morador do Parque da Lagoa e dá detalhes da última ocorrência, registrada no sábado. Segundo ele outras fendas vem se abrindo nos últimos meses. “Surgiu do nada. No sábado a gente estava na porta conversando e vimos como se fosse um buraco se abrindo como se fosse sair alguma coisa, um caranguejo, algo assim, aí vinha passando um rapaz de muleta e quase caia dentro. De lá pra cá a gente ligou pra Defesa civil, disseram que viriam aqui, perguntamos o que estaria acontecendo e eles disseram que é problema de saneamento, como se todo o esgoto aqui é a céu aberto? No Flexal de Baixo tem duas crateras, algumas pessoas botam barro, mas afunda, abriram outra em outra rua. Porque aqui eles não reconhecem que é problema da Braskem?”, indaga o morador. Assustados Lucélia Sarmento afirma que os moradores estão assustados e sem perspectivas. “São imagens claríssimas, de patologias que ocorreram nos outros bairros e agora estão acontecendo aqui. E eles [Defesa Civil] estão voltando atrás da própria análise que eles fizeram lá atrás nos outros bairros. Rachaduras com dois, três anos, que são fechadas e se abrem novamente. Estamos assustados, chegando o inverno a qualquer momento, e estamos pedindo socorro porque não sabemos o que fazer”, pontua. A comunidade dos Flexais que reivindica a realocação é composta por moradores de cerca de 20% dos imóveis que permaneceram após a última atualização do acordo. Mas segundo eles, os problemas vem aumentando e as explicações dos órgãos responsáveis não satisfazem. Comunidade reivindica que os moradores sejam realocados [caption id="attachment_498661" align="aligncenter" width="640"] Foto: Edilson Omena[/caption] “Existem casas que estão rachadas, uma atrás da outra, as pessoas morando nas casas, a Defesa Civil vem diz que é questão de alvenaria, estrutura da casa e manda não circular na casa no local que está rachado, para não ir na área do quintal, por exemplo. Como alguém não vai circular na própria casa? Tem uma casa que a rachadura parece que passou a serra elétrica no meio da casa, dividindo a casa ao meio e eles não fazem nada. A Defesa Civil disse que o problema é o acordo. Que como estamos numa área de monitoramento por isso não somos contemplados”, enfatiza Lucélia. “Jogo de empurra” Para Renato Inocêncio, a situação crirou um “jogo de empurra” entre os envolvidos. “A gente está vivendo um problema que tem que ser pessoas que conheçam a situação, que sejam profissionais. Aí fica uma jogando para o outro e nada é resolvido. O chão está afundando, todo mundo correndo risco e nada é resolvido. Veio um pessoal da Braskem para avaliar e dissemos que só ia deixar tapar [o buraco] depois que viesse um técnico especializado. O que tem aqui são dois pedaços de rua das pessoas mais necessitadas, muitas pessoas saindo pra morar de aluguel, deixando casas próprias porque não aguentam mais, não tem como mais viver aqui. É isso que deixa a gente mais triste, porque o que mais a gente pede é que tire a gente daqui e eles não fazem nada”, diz. Procurada, a Defesa Civil de Maceió informou que houve abertura de chamado para a região e que o órgão esteve no local no sábado e ontem (8). Questionada se a área deve passar por novos estudos que identifiquem as causas do problema a pasta municipal afirma que “a região segue monitorada 24h por dia, com equipamentos e com a visita constante de técnicos do órgão”, resumiu. Em nota, a Braskem confirmou que esteve no local e que tem disponibilizado apoio para ação de “tapa buracos”. Também questionada se faria novos estudos no local, a petroquímica afirmou que tal ação é de competência da Defesa Civil de Maceió. “Uma equipe de técnicos da Braskem esteve no local e se colocou à disposição para fazer o serviço de tapa buracos, em apoio à comunidade. Com relação às possíveis causas de rachaduras em imóveis localizados em áreas adjacentes ao mapa de setorização definido pela Defesa Civil de Maceió, moradores devem acionar o Comitê de Acompanhamento Técnico, que é coordenado pela DCM”, explicou por meio de assessoria.