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Milho lidera vendas neste período de pandemia

Mão do cereal, que equivale a 50 espigas, pode ser encontrada em vários pontos da cidade por valores entre R$ 30 e R$ 50

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 24/06/2021 09h36
Milho lidera vendas neste período de pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria
A condição climática favoreceu a produção de milho verde em Alagoas, com água em boa quantidade e qualidade. O preço, comercializado em média por R$ 30, também ajudou bastante, fazendo com que o milho lidere as vendas neste período de pandemia. Não houve comprometimento na produção. As informações são do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL). A vendedora Katiele Dantas comemorou as vendas e disse que se continuar assim não sobrará nada até São Pedro. “E olhe que no ano passado foi bem melhor, porque o valor do milho estava mais em conta. Mas mesmo com essa alta a gente está conseguindo vender bem viu, não temos do que reclamar não”, ressaltou. Ela diz que a depender do tamanho do milho o preço pode variar, podendo chegar a R$ 50. “Vai do gosto do freguês. Vendo na Bomba do Gonzaga, Chã da Jaqueira e em frente aos Correios do Tabuleiro do Martins. O valor é o mesmo em todos os pontos”, avisou Katiele. O consumidor Jadson Porciúncula comprou quase meia mão de milho, por R$ 15, e achou bom o preço, mas disse que se o cliente procurar pode encontrar mais barato ainda, só que a espiga será menor. “Cinquenta espigas a R$ 25 nunca vi não, deve conseguir encontrar os refugos (sobras) de fim de feira ou depois do São João. Comprei hoje pela manhã [quarta-feira (23)] e a mão de milho estava R$ 35, próximo ao Palato Farol”, comenta. “Onde pesquisei estava numa média de R$ 35 a R$ 40, dependendo da qualidade do milho”, diz Jadson. Paulo Luna também resolveu fazer uma pesquisa de preço e se deparou com a mão de milho de até R$ 45. “Tem de todo preço, mas vai depender do grão, tem de R$ 30, R$ 35 e 40 na Praça da Faculdade”, afirma. “Na Feirinha do Village 2, chegava a R$ 45 no último domingo”, observa. CEASA Para o consultor do Centro de Abastecimento e Logística (Ceasa) Alagoas, Arthur César Nogueira, apesar da grande concentração de milho no Ceasa, localizado no bairro Forene, na parte alta de Maceió, é possível que não seja suficiente para atender todo o estado este ano, mesmo com o preço sendo mantido dentro da média. De acordo com ele, o preço do milho verde, que equivale a 50 espigas, pode ser encontrado na Ceasa por valores entre R$ 25 e R$ 30, mas avisa que o preço pode mudar daqui para o final do mês, dependendo da lei da oferta e da procura. “O setor de hortifrutigranjeiro funciona desse jeito, o movimento ainda é tímido, pode ser que melhore. Então o preço pode aumentar, mas se isso não acontecer pode diminuir”, frisa. Arthur César destaca que, após a mudança de endereço do Centro de Abastecimento, o movimento é mais reduzido agora, porque além de ser mais longe, no decorrer dos corredores e vias existem várias pessoas comercializando o milho. “O que é errado, porque a venda acontece sem higiene, no chão, de qualquer jeito”, afirma. A Emater salientou que não tem como mensurar o volume total comercializado nos municípios. Mas, para se ter uma ideia, apenas um produtor assistido pela Emater plantou mais de 60 hectares de milho, rendendo, aproximadamente, de 15 a 17 mil espigas por hectare. O milho produzido em Alagoas nesta safra é suficiente para abastecer todo o estado.

Produção e consumo de milho em 2021

De acordo com o engenheiro agrônomo, Maurício Albertoni Scariot, do Blog Aegro, a produção de milho no Brasil vem crescendo ano após ano. Mesmo com a previsão de queda para esta safra, a expectativa é de elevada produção, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Estima-se que a produção brasileira de milho para a safra 2020/21 seja de 102,3 milhões de toneladas, 0,2% menor em comparação à safra anterior, a qual bateu recorde em produção. Essa queda se deve principalmente ao milho 1ª safra, prejudicado em função do déficit hídrico ocorrido na região sul”, explica. Maurício salienta que já as estimativas para a produção e área semeada do milho safrinha são de aumento, mesmo com o atraso na semeadura devido ao cultivo da soja. Isso porque, em função dos altos preços pagos pelo produto, o agricultor está motivado a arriscar o plantio mesmo fora da janela ideal de semeadura, principalmente em cultivos irrigados. “Enquanto isso, o mercado interno segue aquecido. Estima-se uma demanda de 71,8 milhões de toneladas para o consumo interno”. “Com a manutenção da produção, mas com aumento da demanda, o estoque de milho projetado para o final da safra 2020/21 é de 7,3 milhões de toneladas, 32,4% menor do que o da safra anterior”, avalia. PREÇO A pandemia de Covid-19 ocasionou estagnação econômica e incertezas no mundo todo, fato que elevou o dólar a patamares históricos. Segundo o engenheiro agrônomo, esse aumento da moeda norte-americana impactou os custos de produção do milho, fazendo com que o preço da saca saísse de R$ 57,41 em março de 2020 (início da pandemia no Brasil), para R$ 75,33 em dezembro do mesmo ano. Em 2021, os preços do milho vêm mantendo os altos patamares apresentados em 2020. No início de fevereiro deste ano, o milho fechou em R$ 83,09 por saca de 60 kg e US$ 5,52 por bushel na Bolsa de Mercadorias de Chicago. No mercado físico do milho, em 5 de fevereiro de 2021, a saca estava sendo cotada a R$ 80 em Não-Me-Toque/RS e R$ 67 em Sorriso/MT. Devido à alta cotação do dólar, baixo estoque no mercado interno e alta demanda, a tendência para 2021 é que os preços se mantenham em alta.