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Manguaba: nível de poluição pode gerar novas mortes de peixes

Diante do cenário atual, pesquisador prevê evento semelhante ao de 2019; MPF quer medidas para a despoluição da lagoa

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 19/05/2021 08h34
Manguaba: nível de poluição pode gerar novas mortes de peixes
Reprodução - Foto: Assessoria
O crescente agravamento dos níveis de poluição da Lagoa Manguaba podem gerar uma nova mortandade de peixes, a exemplo o que ocorreu em 2019. A constatação é do doutor em Ciências Aquáticas Emerson Soares. Ele coordena estudos que avaliam os impactos dos poluentes nos ecossistemas estuarinos. Em junho de 2019, uma grave mortandade de peixes atingiu a Lagoa Manguaba logo após um período de intensas chuvas. Segundo Emerson, de lá para cá nada foi feito para solucionar a problemática. A preocupação é que o nível atual de poluentes associado às chuvas provoque um evento semelhante. “A situação atual na lagoa Manguaba, é que os esgotos e efluentes lançados no curso continuam ocorrendo, em alguns trechos acima, com as chuvas lavando o terreno, acaba por lançar alguns agroquímicos no ambiente aquático, não houve medidas de reflorestamento das margens e com o período de chuvas, pode ocasionar lançamento de sedimento e solo no rio e que poderá chegar na lagoa, e conforme vai avançando o acúmulo de nutrientes na região durante certo período, o ambiente e as bactérias não conseguirão fazer a reciclagem dos nutrientes e quando ocorrer mudanças dos ventos e com a chegada do inverno, pode ocorrer novamente fenômenos de mortalidade, pode acontecer neste ano, ano que vem, vai depender da situação de acúmulo destas substâncias na região do canal da lagoa Manguaba”, detalha. Apesar do risco, o pesquisador afirma que é possível evitar um evento drástico como esse. “Não temos como prever quando será, se não temos um programa de biomonitoramento contínuo da região, que inclusive foi proposto, tem uma emenda parlamentar para isso, mas dependerá do governo do estado através da Seplag liberar o recurso. Assim que tivemos um programa de monitoramento contínuo da região poderemos aferir com segurança quando poderá ocorrer. Sem isso fica mais difícil. Inclusive poderemos evitar que eventos daquela magnitude aconteçam”, acrescenta. Esta semana o Ministério Público Federal (MPF) solicitou esclarecimentos a Prefeitura de Marechal Deodoro, ao Instituto do Meio Ambiente (IMA), Agência Nacional de Águas (ANA) e a Secretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) em relação a situação da lagoa em trecho compreendido entre a Massagueira e Barra Nova. O órgão ministerial deu o prazo de quinze dias contados a partir da última segunda-feira (17). Os pedidos de esclarecimentos faz parte de inquérito instaurado em 2019 devido à mortandade de peixes. Segundo o MPF, nem a Prefeitura de Marechal Deodoro tampouco o IMA responderam os últimos ofícios encaminhados em 2020. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Marechal Deodoro informou que não havia recebido informe oficial do MPF - embora os ofícios tenham sido expedidos no ano passado -, e que só se pronunciaria após recebimento do documento. Também consultado pela reportagem o IMA informou que seria necessário apurar as informações relativas ao caso e até o fechamento da edição não obtivemos retorno. MEDIDAS URGENTES Para Emerson Soares é preciso que sejam adotadas providências em diversas frentes a fim de coibir o agravamento da situação. “As medidas mitigatórias é saneamento básico, reflorestamento das áreas marginais, diminuir o uso de fertilizantes e agroquímicos nas plantações, principalmente nas margens do rio e afluentes e da lagoa, não desmatar vegetação ciliar, respeitar o código florestal, haver mais fiscalizações, principalmente de empresas que lidam com descarte de fossas e esgotos, evitando lançamento destes resíduos nas áreas marginais e fiscalizar a extração de areia nas margens dos afluentes no Rio Paraíba do Meio, Sumauma. Como medidas imediatas só a fiscalização e educação ambiental e sanitária, as demais medidas são de médio e longo prazo. Além do programa de monitoramento aquático estar funcionando na região, enquanto isso, ficaremos à espera que infelizmente possa ocorrer outro evento daquele e torcendo para que não ocorra”, pontua.