Cidades

Greve dos rodoviários de Maceió está mantida para próxima sexta-feira (9)

Categoria promete cruzar os braços sendo mantidos apenas os 30% da frota do transporte coletivo na capital alagoana

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 07/04/2021 08h51
Greve dos rodoviários de Maceió está mantida para próxima sexta-feira (9)
Reprodução - Foto: Assessoria
Os maceioenses que dependem do transporte público coletivo devem ficar sem ônibus na próxima sexta-feira (9), isso porque os rodoviários prometem cruzar os braços diante da negativa do sindicato patronal quanto às reivindicações dos trabalhadores, entre elas, a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), bem como a manutenção do plano de saúde e tíquete alimentação. De acordo com Sandro Reges, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Alagoas (Sinttro/AL), a paralisação está mantida com apenas 30% da frota de ônibus saindo das garagens. “É direito do trabalhador fazer greve, e no nosso caso não será geral, não queremos paralisar, mas infelizmente existe intransigência do patrão, a categoria não pode ficar sem Convenção Coletiva e os empresários estão irredutíveis nessa questão”. Ainda segundo o sindicalista, a negociação não avançou no Ministério Público do Trabalho (MPT), que já perdurava há mais de dois meses, então já que não houve acordo, a categoria decidiu pela greve. “Faríamos um protesto a partir de hoje [terça,6] até a quinta-feira saindo apenas meio dia das garagens, mas o sindicato patronal recorreu ao Tribunal de Justiça do Trabalho (TJT) e o mesmo concedeu liminar decretando ilegalidade da greve por conta de que não tínhamos avisado em tempo hábil”, observou Sandro Reges. “Vamos cumprir a liminar, os empresários agora já sabem da greve e vamos aguardar até quinta-feira (8) e na sexta-feira (9) paralisarmos de fato as atividades”, acrescentou. Para o passageiro Vinicius Jorge, a greve é legítima já que os trabalhadores estão sendo penalizados, contudo não pode vir a prejudicar o direito dos outros. “Quem não tem como ir ao trabalho chamando uma corrida por aplicativo, táxi ou lotação é ruim, mas entendo perfeitamente o pleito deles, não é justo tirar, mas sim acrescentar, somando”. As empresas de ônibus propuseram, com mediação do MPT, o pagamento gradual de tíquete alimentação e a redução em 50% do pagamento do plano de saúde, o que foi rejeitada a possibilidade pelos rodoviários. De acordo com a proposta, o tíquete alimentação do período de março de 2021 a fevereiro de 2022 seria pago no valor de R$ 200; entre março de 2022 e fevereiro de 2023, os trabalhadores receberiam R$ 350 pelo benefício; e, a partir de março de 2023, o valor do tíquete alimentação dos rodoviários seria de R$ 500. Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sinturb/Mac), a proposta foi adequada à situação econômica atual. Empresas querem reduzir benefícios, diz sindicato dos rodoviários   Conforme o sindicato, as empresas de ônibus propõem pagar R$ 65,00 pelo plano de saúde dos trabalhadores – uma redução de R$ 50% no valor pago -, com a manutenção das demais cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) anterior. “Os trabalhadores não podem ficar sem CCT estão descobertos, esperamos que o TRT seja célere no sentido de fecharmos a Convenção o mais rápido possível. Outro ponto é o plano de saúde que é descontado no contracheque e está aberto faz dois meses, estamos a beira de ser suspenso o serviço por falta de pagamento porque não há uma Convenção assinada, então isso está prejudicando e muito os rodoviários e correm o risco de ficar sem o plano de saúde por conta dessa decisão dos empresários de não descontarem dos trabalhadores, já passou do limite, o Hap Vida está cobrando e infelizmente não tem outro caminho se não a greve”, salientou o representante da categoria rodoviária em Maceió. No mês passado, os rodoviários receberam cerca de R$ 454 de tíquete alimentação, após as empresas receberem R$ 1 milhão pela compra antecipada de vales-transporte pelo Município. Os trabalhadores também conseguiram negociar com a operadora do plano de saúde a prorrogação da manutenção do serviço. MUNICÍPIO Durante a audiência no MPT na última segunda-feira (5), o Município de Maceió afirmou que o ente municipal oferecerá ao setor de transporte público da capital mais R$ 1,5 milhão como aporte para buscar o equilíbrio do sistema, além do aporte mensal que já é feito por força de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) estadual. Segundo o município, o total de aportes chegará a R$ 2,5 milhões. Também ontem, o TRT/AL considerou a greve abusiva dos rodoviários e uma liminar concedida pelo presidente do Tribunal, desembargador Marcelo Vieira, que previu uma multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento, determinando que os ônibus circulassem com 100% da frota em Maceió. Na liminar, o TRT destacou a gravidade do momento atual de pandemia sendo também levada em conta em sua decisão, já que uma eventual paralisação de coletivos urbanos ensejava inevitáveis aglomerações, com agravamento da crise de saúde pública enfrentada por todos. O Sinturb alegou que a redução de receitas do setor, em decorrência das restrições de circulação impostas como estratégia de enfrentamento da pandemia da Covid-19, vem impossibilitando a continuidade do pagamento dos benefícios. O desembargador deferiu também o pedido feito pelo Sindicato das empresas, para que houvesse a inclusão do Município de Maceió para compor a lide, no polo passivo, ante a necessidade de sua autorização para qualquer alteração de tarifas de passagens de ônibus urbanos.