Cidades

'Mais imóveis fora do mapa de risco estão com fissuras'

Moradores do Flexal, em Bebedouro denunciam rachaduras e afundamentos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/10/2020 08h18
'Mais imóveis fora do mapa de risco estão com fissuras'
Reprodução - Foto: Assessoria
Cerca de 50 imóveis na região conhecida como Flexal, em Bebedouro estão com rachaduras. A afirmação é do presidente da Associação de Moradores do bairro, Augusto Cícero. Moradores denunciaram à reportagem o surgimento de fissuras, em algumas casas, o solo está cedendo. “O que eu soube até agora são 50 casas no Flexal, mas deve ter muito mais. Isso sem falar da Chã de Bebedouro, Marquês de Abrantes. Só a parte do Flexal deve ter 2 mil casas, mas foi feito um estudo independente que mostra que muitas outras casas estão comprometidas”, diz o líder comunitário. Na mais nova atualização do mapa de risco e setorização de danos, a Defesa Civil de Maceió incluiu 118 imóveis da região do Flexal na zona de desocupação. No entanto, a reclamação dos moradores é que outros imóveis também estão rachando e não se sabe qual o destino será dado. É o caso de Edilene Viana de Mendonça. Ela é moradora do Flexal e afirma que está preocupada com a situação. Há cerca de dois anos segundo ela vêm aparecendo pequenas fissuras “apenas risquinhos” que os moradores acreditavam ser algo normal, no entanto, agora as rachaduras estão aumentando. “Essas rachaduras, tinha uma enorme antes, aí fechei, mandei fechar, com uns seis a oito meses começou a abrir em outra parede e a gente tentando amenizar, passado massa na parede. Também tinha rachadura no piso, afundando, eu mandei fazer a emenda, venho mandando ajeitar a casa, mas aparece de novo. As primeiras começaram há uns dois anos, mas eu vinha ajeitando. Mas agora está piorando. E agora está rachando e a rachadura está abrindo”. Edilene diz que ainda não acionou a Defesa Civil de Maceió, mas que entre os vizinhos “existem situações piores”. “Eu não chamei a Defesa Civil porque alguns vizinhos chamaram e o pessoal disse que não tinha a ver com o problema da Braskem e sim da estrutura da casa. Estou preocupada. A maioria das casas do Flexal de Baixo e do Flexal de Cima está com problemas de rachaduras, de fissuras. Disseram que era construção mal feita. Eu fiquei na minha porque são várias pessoas na mesma situação. No meu caso, eu tenho duas casas na mesma rua a que eu moro, e uma outra de aluguel e as duas estão na mesma situação”, acrescenta. Preocupação aumenta entre moradores   Os moradores da região chegaram a realizar um abaixo assinado direcionado aos órgãos de controle na tentativa de dar visibilidade ao problema. “O muro da minha área de serviço caiu e eu tive que mandar fazer. De dois anos para cá tem muita coisa acontecendo e a gente refazendo”, conta a moradora. Mary Fragoso mora em frente ao Colégio Batista de Bebedouro. Ela afirma que a casa dela não está incluída na área de risco. Segundo Mary, as rachaduras começaram no início do ano e desde então não pararam. “A minha casa está rachando e isso tudo é muito perigoso. Na minha casa tem várias rachaduras e cada vez aparece mais. Na minha vizinha também está. Eu moro nesta casa há nove anos, nesta rua há 60 anos. De maneira alguma eu imaginei que isso iria acontecer, jamais imaginei isso acontecer com o meu Bebedouro”, lamenta. Joselma Evaristo mora há 40 anos na mesma casa na região do Flexal de Cima. Ela afirma que o medo da intensificação das rachaduras motivou a família a esvaziar a caixa d’água com medo que a laje ceda. “Moro há 40 anos e nunca vi isso. A Defesa Civil diz que é problema da estrutura da casa. Agora que começou a rachar, a gente não está podendo nem colocar água na caixa, com medo das rachaduras, como a caixa é na laje a gente esvaziou. O piso está afundando”, comenta. Em nota, a Defesa Civil de Maceió confirmou que a região alvo das denúncias dos moradores está fora da área de risco. “A Defesa Civil de Maceió informa que o endereço Rua Tobias Barreto, 700, em Bebedouro, está localizado fora do Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias. O órgão municipal orienta que, caso suspeite de situação de risco no imóvel onde mora, qualquer pessoa pode acionar a Defesa Civil, pelo número 199, para avaliação do problema e encaminhamentos necessários. Quanto à inclusão de novas áreas no Mapa de Setorização de Danos, a Defesa Civil esclarece que o procedimento requer estudos - junto com o Serviço Geológico do Brasil e Defesa Civil Nacional – para classificar, através de evidências, se o problema registrado na área estudada tem relação com a subsidência que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto”, diz a nota.