Cidades
Defesa Civil: mais 1.700 imóveis realocados
Confirmada ampliação de fenômeno de movimentação do solo, entram 118 imóveis do Flexal de Baixo que têm alagamento
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Conforme adiantou a reportagem da Tribuna Independente na edição de quinta-feira (1º), o processo de afundamento em quatro bairros de Maceió não para de evoluir. Agora mais 1.706 imóveis terão que ser desocupados nos bairros do Pinheiro e Bebedouro, mas com um detalhe 118 localizados numa região conhecida como Flexal de Baixo, em Bebedouro, sequer estavam nos primeiros mapas de risco.
“É uma área que não estava no mapa, não fazia parte do mapa de monitoramento e realocação e passou a ser incluída já com o indicativo de realocação. É uma área de alagamento permanente” afirma o geólogo da Defesa Civil de Maceió Antonioni Guerrera.
Na edição de ontem, o pesquisador Abel Galindo afirmou que as informações obtidas até agora indicam um cenário de continuidade na evolução das rachaduras. Para o geólogo da Defesa Civil de Maceió a expectativa é de que novas áreas acabem sendo incluídas no mapa.
“Isso significa que áreas que antes estavam em monitoramento por não apresentar risco de fato aos moradores estão tendo evolução no processo, devido à movimentação de solo e acabou por gerar danos a esses imóveis, passando para ser realocados. Essa progressão foi de criticidade. Grande parte dessa área foi de danos estruturais e risco social. E outras de alagamento permanente. O processo é dinâmico, nada sugere que o processo vai parar, pelo contrário, indica que ele vai continuar por vários anos. É possível que novas áreas, assim como o Flexal de Baixo, outras áreas sejam adicionadas, seja para observação, monitoramento, seja para realocação”, afirma Guerrera.
Antonioni Guerrera explica ainda que os 1.706 imóveis com recomendação de realocação incluem os 800 que já haviam sido anunciados pela Braskem que entrariam no Programa de Realocação e Compensação Financeira.
“A atualização partiu de uma sugestão da Braskem de inclusão de 800 imóveis que já foi até noticiado, ali na região baixa de Bebedouro e isso dava em torno de 800 imóveis. Eles apresentaram isso, porém a gente já vinha mapeando toda aquela área, desde junho indo casa a casa para ver as feições, esse tipo de dano e o processo de movimentação de solos. Já vinham muitas casas rachando, com dano. Agora não só a área que a Braskem havia projetado, mas também essas outras áreas monitoradas. Somado a isso, destaca-se o trabalho da Junta Técnica, que já tinha vistoriado em torno de 300 casas na região que precisam ser realocadas”, destaca.
Em nota, a Braskem afirmou que segue em tratativas sobre as áreas de risco com os órgãos que compõem o acordo judicial firmado no início do ano.
“Desde que entregou os estudos de impactos de superfície às autoridades competentes, a Braskem está em tratativas técnicas para a definição de possíveis novas ações a serem adotadas, em comum acordo, nos bairros afetados pelo fenômeno geológico. A ampliação da área de desocupação e o Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias da Defesa Civil seguem sendo discutidos com as autoridades. A prioridade da Braskem continua sendo a segurança dos moradores da região”, diz a petroquímica.
Defensoria defende realocar 3.100 moradias
Na semana passada, a Defensoria Pública do Estado (DPE) manifestou posicionamento contrário à remoção de 800 imóveis nas regiões afetadas. O órgão defende a realocação de 3.100 edificações, o que representariam todos os imóveis que ainda estão classificados como de potencial risco.
Com a divulgação do mais novo mapa pela Defesa Civil de Maceió, a Defensoria afirmou que não irá se pronunciar, pelo menos, não por enquanto.
Já o Ministério Público Federal (MPF), outro órgão que faz parte da Força Tarefa do Caso Pinheiro e região, se manifestou sobre o terceiro mapa. Segundo o órgão federal os estudos apresentados pela Braskem continuam sendo avaliados pelos órgãos envolvidos e há possibilidade de que novos imóveis sejam incluídos já que o mapa é “parcial”,
“A divulgação da 3ª versão do Mapa de Setorização pelas Defesas Civis atendeu à solicitação das instituições para possibilitar a continuidade das tratativas com a empresa e, consequentemente, a extensão dos benefícios do termo de acordo a mais imóveis. Esse mapa ainda é parcial e baseado nos novos estudos apresentados pela própria Braskem. No entanto, ainda há informações nesses mesmos estudos a serem analisadas pelas Defesas Civis e pela CPRM. O MPF tem dialogado com os órgãos técnicos, destacando a importância de que a atualização completa relacionada a esses estudos seja elaborada o mais rápido possível”, salienta o órgão federal.
A inclusão de mais imóveis não é surpresa, pelos menos não para quem vem acompanhando diariamente o drama dos moradores, garante o presidente da Associação de Moradores de Bebedouro Augusto Cícero.
“A gente que vem acompanhando isso já tinha essa noção, mas boa parte dos moradores não acreditava que isso ia acontecer. As próprias procuradoras do MPF e Defensoria disseram que mais cedo ou mais tarde a Braskem iria ter que reconhecer toda essa área apontada pelo CPRM, e diante de toda essa pressão, ela teve de assumir”, diz Augusto.
O líder comunitário defende que todo o bairro seja incluído na realocação para evitar que moradores ou ruas inteiros fiquem “ilhados”.
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