Cidades

Pesquisador aponta para “piora” no afundamento de bairros

Professor Abel Galindo afirma que nos próximos meses haverá deformações consideráveis no trecho compreendido entre os bairros do Bebedouro e Mutange

Por Tribuna Independente 01/10/2020 08h31
Pesquisador aponta para “piora” no afundamento de bairros
Reprodução - Foto: Assessoria

A divulgação de três novos estudos contratados pela Braskem S/A nas áreas afetadas pela mineração de sal-gema em Maceió aponta para o aumento do risco no cenário da instabilidade de solo. Guardado a sete chaves pela empresa e pelos órgãos de controle, as conclusões ainda não vieram a público. No entanto, o que sabe é que há uma incerteza até dos especialistas sobre a amplitude do fenômeno e até quando continuará atingindo os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto.

Recentemente, moradores do bairro do Farol começaram a ser visitados pela Defesa Civil de Maceió, após relatos de rachaduras com potencial relação ao fenômeno de afundamento.

Envolvido no assunto muito antes do ápice, em 2018, o pesquisador Abel Galindo conversou mais uma vez com a reportagem da Tribuna Independente. Galindo afirma que com as informações obtidas até agora, é possível admitir que há um cenário de piora progressiva e que nos próximos meses “teremos deformações consideráveis”.

Tribuna Independente – Professor, o que o senhor vem concluindo a partir das informações que obteve até o momento?

Abel Galindo - Nos próximos dois meses teremos deformações consideráveis. Na parte da lagoa, aquela que estava escondida, aquela onde meu estudo anterior mostrou que atrás da Casa José Lopes, Miguel Couto, Campo do CSA havia afundamento. O radar [do CPRM] não pegou, mas houve um afundamento considerável, em alguns pontos mais de 70cm. A previsão de deformação e recalque é muito grande nos próximos meses. O problema é que são expectativas, não há 100% de certeza, é um fenômeno imprevisível.

Tribuna Independente – O que motivou essa perspectiva de piora no cenário de instabilidade do solo?

Abel Galindo -Tenho estudado muito sobre o comportamento das rochas salinas e suas deformações em profundidades e vi casos em que sua ruptura se dá lá embaixo na base da camada das rochas. Também vi casos em que não havia nenhum sinal de que aconteceria algo na superfície e mesmo um ano depois, dois, as deformações foram aumentando até a ruptura. Teve aquele relatório de que apontava que não havia sinais de movimentos de baixo para cima, mas agora eu vejo que há pontos que estavam em movimento e outros não, tinha parado. Só que esses pontos que estavam parados voltaram a se deformar. Enfim, temos uma situação muito imprevisível, eu vejo hoje aquela área toda como em deformação e vai continuar se deformando. Nos próximos meses, seis meses, um ano, vamos ter uma deformação muito grande.

Tribuna Independente – Esta semana, o Ministério Público Federal (MPF) divulgou que segue em tratativas sobre a situação e tráfego do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, qual a sua avaliação?

Abel Galindo - A ideia de que o VLT poderia voltar trafegar, nada disso, as deformações vão crescer muito. Devem crescer muito e não tem a menor chance de ter VLT, parquezinho na Major Cícero de Góes Monteiro, todo o problema está entre o IMA e o Colégio Bom Conselho, ali teremos grandes deformações nos próximos meses e aumentando cada vez mais, isso com certeza pode provocar colapsos em alguns pontos. A probabilidade de acontecer deformações grandes entre esse trecho é grande.