Cidades

'Ampliação não atende todos os imóveis'

Segundo lideranças, número de residências com rachaduras é maior do que as inseridas em novo mapa de criticidade

Por Lucas França com Tribuna Independente 17/06/2020 07h59
'Ampliação não atende todos os imóveis'
Reprodução - Foto: Assessoria
Outros 1.918 imóveis foram inclusos na ampliação da criticidade nos bairros atingidos pelo fenômeno geológico. Deste total, 1.485 estão localizados nos bairros do Pinheiro e Bebedouro, 120 no Mutange e 313 no Bom Parto. Mas, para os representantes dos bairros, a ampliação ainda não atende todas as residências com rachaduras. De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do bairro do Bom Parto, Fernando Lima, os números divulgados nesta nova etapa pela força-tarefa não atendem nem ao pleito anterior dos moradores. “Desde muito tempo, esses números divulgados pelos órgãos são bem abaixo da realidade. Nós conhecemos cada casa que está rachada, afundando. Infelizmente, essas 313 residências inclusas na área crítica nem se aproxima dos números que estamos pleiteando. Antes, já sabíamos que era cerca de 600 casas. Mas agora, já são cerca de mil. E ainda não foram verificadas todas. Estamos trabalhando junto com a Junta Técnica – cada dupla do órgão só atende duas casas por dia e mesmo assim estamos trabalhando. Nós fazemos o acompanhamento diário”, contesta Lima. Fernando Lima disse que já conversou com o coordenador da Defesa Civil Municipal, Dinário Lemos. “O mapa atualizado vai nos dar uma dimensão ‘exata’ do que eles desejam que saia, e não da realidade nossa. Por exemplo, existe um faixa próximo à lagoa que as casas estão rachando ao meio. E essas não entraram no perímetro dos órgãos. O pleito de antes já mudou, e aumentou. Trezentos e treze casas com as 73 apontadas anteriormente não chega nem perto do número de residências danificadas. Em várias ruas têm casas que não foram visitadas ainda. Existe uma trava burocrática. Pessoas que deveriam ser realocadas, ainda não foram - as casas sequer foram seladas. A situação está cada dia pior. Estamos à mercê de uma justiça que não é justa”, reclama. No Mutange, bairro em que cerca de 98% dos imóveis já foram desocupados, o presidente da Associação dos Moradores, Arnaldo Manoel, diz que desocupação tem que ser de 100%. “Esse pedido de ampliação já vem de muito tempo. Como a área delimitada pela Braskem anteriormente foi área de resguardo, não atendia a todos os moradores que foram atingidos. Tinha uma parte fora dessa delimitada - inclusive minha casa estava fora e era uma das atingidas, contestei e mostrei que ela também deveria ser inclusa, com isso foi feito a ampliação até o cruzamento da linha Férrea, na Avenida Major Cícero de Góes Monteiro. No entanto, no outro lado, as casas que ficam em frente não foram inclusas. Ou seja, uma nova luta. Atualmente temos 98% de moradores fora do bairro, mas ainda têm uns 2% residindo, e essa é nossa preocupação. Pedimos que essas casas sejam inclusas nesse processo e atinja 1.005 das residências”, comenta. Arnaldo ressalta que os poucos moradores que ainda estão na localidade estão sujeitos a vários tipos de crimes, além do perigo de desabamento das casas. “Eles estão sujeitos a roubos, tráfico de drogas e ao medo de desabamento, pois o solo continua em movimento. Até tudo ser resolvido não dá para nos calar. Não recebemos nenhuma informação de como vai funcionar essa realocação, se de fato vai abranger todas as casas. Estamos nessa incógnita”. BRASKEM A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com a Braskem - empresa apontada como responsável pelo afundamento dos bairros por conta da mineração na região - para saber como fica a situação dessas famílias que acabaram de entrar na área de risco. E como será feito a negociação em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), já que no próprio relatório da força-tarefa, composta pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE-AL), Defensoria Pública do Estado (DPE/AL), Defensoria Pública da União (DPU) e Ministério Público Federal (MPF), é solicitada a desocupação dos imóveis e a realocação dos moradores, com base no mapa e relatório confeccionados pela Defesa Civil e Serviço Geológico do Brasil (CPRM). A empresa através da assessoria de comunicação apenas confirmou o recebimento do ofício encaminhado pelos órgãos de controle. E se limitou a falar que está analisando seus termos para poder se manifestar.