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Caixa Econômica reúne 46% dos casos de covid-19 em bancários de Alagoas

Dados baseados em denúncias ao sindicato apontam 150 profissionais infectados pelo coronavírus e três mortes no estado

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 17/06/2020 07h53
Caixa Econômica reúne 46% dos casos de covid-19 em bancários de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Cento e cinquenta infectados pelo novo coronavírus. Este é o número parcial de bancários que testaram positivo em agências bancárias no estado de Alagoas. Somente na Caixa Econômica, o número é de aproximadamente 70 pessoas contaminadas até o momento, representando 46,6% do total de casos confirmados. Três bancários já morreram vítimas da Covid-19 no estado, um da Caixa, um do Banco do Brasil e outro do Bradesco. Os dados são do Sindicato dos Bancários baseados em denúncias feitas através dos canais de comunicação da entidade. Luis Augusto é um desses bancários que contraiu o vírus. Ele contou à reportagem que o transmissor foi o seu cunhado, que durante visita acabou por contaminar a esposa dele também. “Ele não sabia que estava infectado foi lá em casa e teve contato com a irmã dele que é minha esposa e acabamos infectados. Me afastei de imediato do trabalho, assim como os colegas que tiveram contato comigo dentro do banco. Passei mais de 15 dias em casa me tratando, e estamos em regime de rodízio após o retorno. Os colegas ficam receosos, mas eu não, já devo estar imune”, disse. O presidente do Sindicato dos Bancários em Alagoas e membro do Comando Nacional, Márcio dos Anjos, revela que o quantitativo pode ser ainda maior, já que muitos ainda temem por seu emprego e não relatam a contaminação. “Os números são bem maiores. Esses são os que chegam pelas nossas redes de comunicação, canais de denúncia dentro da entidade. Os dados não são oficiais porque a Febraban [Federação Brasileira de Bancos] não passa o quantitativo”. Quanto à maioria dos casos confirmados ser nas agências da Caixa, Márcio dos Anjos é enfático ao afirmar que seja por conta do recebimento do auxílio emergencial, que gerou aglomerações desde que o valor começou a ser liberado. “Nós sempre defendemos a ampliação do pagamento do auxílio para todas as agências bancárias, essa foi uma das propostas”, frisou. O sindicalista pontuou também que outra frente de luta foi a criação do calendário de aniversário como intuito de desafogar os bancos da Caixa Econômica, bem como o pagamento por primeira letra do nome. “Não aceitaram, com o objetivo claro de quebrar o isolamento social colocando os mais pobres nas ruas em filas quilométricas, gerando assim aglomerações.” Segundo Márcio dos Anjos, foram várias tentativas de amenização do contágio nas mesas de negociações porque do contrário a contaminação seria cinco vezes maior. Uma das medidas para o enfrentamento da pandemia no dia 16 de março foi o afastamento imediato de todas as pessoas do grupo de risco, além das gestantes. Também o controle de funcionários e clientes nas agências; redução do horário bancário; rodízio de funcionários; álcool em gel para todos e uso da máscara para os 450 mil bancários do país fornecida pelos bancos; não haver demissões enquanto durasse o período de pandemia nos bancos privados; entre outras. De acordo com o presidente da entidade, quando um funcionário apresenta os sintomas é afastado por 14 dias para buscar fazer o exame. As demais pessoas do local seriam afastadas por sete dias e se ninguém desenvolvesse os sintomas voltaria às atividades normais. Quando alguém é detectado, a agência fecharia por dois dias para a sanitização sendo aberta em seguida com outros funcionários, que não aqueles que tiveram contato com o infectado. Porém está sendo desrespeitado por alguns bancos, conforme Márcio dos Anjos. “Os bancos afastam quem está com os sintomas, mas permanecem com as pessoas que tiveram contato com o infectado, ou seja, mesmo que seja assintomático continua proliferando o vírus. Isso está acontecendo, infelizmente.” O sindicalista mencionou que alguns bancos estão sendo negligentes quanto à sanitização. “Vergonhosamente um setor que lucra bilhões não se importa com a vida humana, apenas com o lucro. Não tem cumprido com rigor a questão da sanitização”. Justiça determina testes em bancários   Uma decisão liminar determinou que todos os bancos do país testem seus funcionários para a Covid-19 por meio dos exames de IGM e IGG. Mais precisos, os testes informam se o paciente ainda não foi infectado, se contraiu e foi curado ou se apresenta quadro ativo da doença. O Bradesco começou a fazer o exame e a previsão é que os demais iniciem em breve. O desembargador Gerson Lacerda Pistori, da Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), na última sexta-feira (12), suspendeu a decisão de origem, determinou a testagem em massa e também concedeu aos trabalhadores o direito ao reembolso por testes que tenham sido feitos em laboratórios particulares. A liminar também definiu que os funcionários que tiverem testes positivos para Covid-19 deverão passar por novos exames a cada 21 dias. FEBRABAN A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou, em nota, que as instituições têm testagem para os empregados que manifestem sintomas, “evitando assim os testes falso positivos e a contaminação nas clínicas que ministram os exames.” “A decisão do TRT-15 será avaliada, mas a Febraban reitera que, por iniciativa dos próprios bancos, já disponibiliza a testagem, dada sua preocupação permanente com todos os funcionários e clientes bancários”, disse a federação. Em maio, o Bradesco divulgou o início de um programa que resultaria na testagem de quase todos os 100 mil empregados do banco. CAIXA A Caixa informou que vem adotando diversas medidas para melhorar a segurança de todos os clientes, colaboradores e parceiros no contexto da pandemia de Covid-19, entre elas estão a aquisição de EPIs; higienização e descontaminação das unidades; empregados grupo de risco em home office; álcool em gel nas unidades; espaçamento no atendimento aos clientes; agências com limitação de clientes no interior. “O banco reforça que suas unidades seguem funcionando para atendimento presencial no interior das agências apenas para serviços sociais essenciais, com fluxo de pessoas no interior limitado e higienização ampliada e frequente. O esforço da Caixa visa atender com mais qualidade a população e garantir que o auxílio chegue a quem realmente precisa”, informou a Caixa por meio de nota.