Cidades

Força-tarefa amplia número de imóveis afetados por mineração

Com mais 1.918 edificações a serem desocupadas, sobe para quase 6,5 mil o número de propriedades afetadas

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 16/06/2020 08h14
Força-tarefa amplia número de imóveis afetados por mineração
Reprodução - Foto: Assessoria
Agora são 1.918 imóveis da parte verde cítrica que entraram no mapa de criticidade e relatório confeccionados pela Defesa Civil e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) enviados à força-tarefa composta pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), Defensoria Pública do Estado (DPE/AL), Defensoria Pública da União (DPU) e Ministério Público Federal (MPF), na última sexta-feira (12). Serão 1.485 imóveis localizados nos bairros do Pinheiro e Bebedouro, 120 no Mutange e 313 no Bom Parto, devido ao constante movimento do solo causado pela mineração. Acordo entre Braskem e órgãos de controle firmado em janeiro previa a desocupação de 4,5 mil imóveis nos quatro bairros atingidos pelo fenômeno geológico. Com a ampliação do mapa de criticidade, número sobe para quase 6,5 mil. Para Arnaldo Manoel, presidente da Associação dos Moradores do Mutange, somente o mapa em detalhes vai mostrar quais são esses imóveis que entraram dessa vez na área de abrangência. Ele afirma que ainda existam imóveis afetados em encostas na região e no cruzamento da linha férrea na Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, bem como Rua Delmiro Gouveia. Para Fernanda Valéria, ex-moradora do Pinheiro, a ampliação da área veio tarde demais. “Não é surpresa que a área seria ampliada, a coisa é séria. Eu mesma sai de lá com minha mudança na última quarta-feira (10) e me machuquei toda após a abertura de uma cratera de seis metros dentro do imóvel. Estou toda machucada. Essa ampliação é tardia. Eu sai viva. Mas quantas pessoas estão expostas aos riscos de afundamento? Cobrei anos e anos para resolver a situação da minha casa, que ficou no meio de duas casas, que já estavam isoladas”, criticou. “Precisou eu cair num buraco para perceberem que não dava para ficar mais no imóvel. Os órgãos responsáveis sabiam dos problemas e sabem que tudo está abrindo rápido, por baixo está tudo fofo”, emendou. Ainda conforme Fernanda, sua luta não vai parar, porque ela tem outros parentes com casas dentro do Pinheiro e na mesma situação. “As pessoas estão tendo que sair em meio à pandemia, a exposição é ainda maior. A Justiça ainda não chegou para nós”, frisou. A força-tarefa informou que já comunicou a Braskem para a adoção de imediatas providências, se adequando celeremente à situação apresentada, adotando medidas pertinentes a fim de garantir a segurança dos moradores dessa nova área de criticidade 00, bem como para a Defesa Civil adotar as providências que lhe couberem. A situação também será levada ao judiciário, na ação civil pública interposta no mês de abril de 2019, para que o juiz adote as providências necessárias. A Defesa Civil de Maceió divulgará, o mais breve possível, detalhes do novo mapa. A Força-tarefa alerta a população que é extremamente indispensável se retirar do local de risco para garantir a própria segurança.