Cidades

Ex-reitor da Uneal é contra manutenção do calendário do Enem

Clébio Correia diz que manter o calendário é violar os princípios democratizantes

Por Davi Salsa com Tribuna Hoje 15/05/2020 13h36
Ex-reitor da Uneal é contra manutenção do calendário do Enem
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), professor Clébio Correia, afirma ser contra a manutenção do calendário do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para este ano. As inscrições já foram iniciadas, de forma online, e as datas das provas do exame previstas para os dias 1º e 8 de novembro. “o Enem foi criado como uma política pública de maior democratização do acesso ao ensino superior, integrando as regiões do país, a partir da unificação da forma de avaliação seletiva e, também, através do Sisu pela distribuição federativa de vagas entre pessoas dessas regiões”, afirma. Para Clébio Correia, realizar as provas do Enem no atual contexto de pandemia é violar justamente esse princípio democratizante, ignorando que as medidas de isolamento social, segundo ele, pertinentes e necessárias. Ainda de acordo com o ex-reitor da Uneal, a atual realidade atinge segmentos da população diferentemente, de acordo com a classe social e as condições de acesso às tecnologias da informação e também de acordo com os diferentes graus de avanço que a pandemia alcançou em cada região. “Portanto, não adiar a prova, é aprofundar desigualdades e excluir as populações mais empobrecidas do processo, favorecendo as classes média e alta que, mesmo diante da pandemia, tem asseguradas as condições alimentares, tecnológicas e educacionais imprescindíveis para um bom desempenho no exame”, salienta. Clébio Correia acrescenta que, não bastasse essa realidade, também há de se considerar o fator emocional, para ele, aspecto da maior importância em se tratando do Enem. “As camadas da população submetidas aos mais altos níveis de estresse, durante a pandemia, são, naturalmente, aquelas mais seriamente afetadas pelas necessidades materiais e, principalmente, relativas à saúde”, complementa o ex-reitor, frisando que, nesse momento, todos lutam pela vida, mas com meios totalmente desiguais e quem está enfrentando a pandemia sem as devidas condições de autoproteção não tem como priorizar o estudo e a participação no Enem.