Cidades

Trabalhador terá 1º de maio atípico

Segundo sindicalistas, atos vão ocorrer durante todo o dia via redes sociais, com cobranças por melhores condições de trabalho

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 01/05/2020 12h27
Trabalhador terá 1º de maio atípico
Reprodução - Foto: Assessoria
Esta sexta-feira (1º de maio) é o Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador, comemorado anualmente em diversos países do mundo. Esta data representa o momento que os empregados e as empresas têm para refletir sobre as legislações trabalhistas, normas e regras de trabalho. E é homenageada a luta dos trabalhadores por melhores condições trabalho. Este ano, o Dia do Trabalhador será atípico, sem aglomerações ou comemorações festivas, mas com programações por meios remotos. Em Alagoas, a data será lembrada por meios alternativos e com auxílio das redes sociais segundo a presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT/AL), Rilda Alves. “Por conta da pandemia do Covid-19, o 1º de maio não será como tem sido nos anos anteriores, com grandes mobilizações, mas também não passará em branco. Este ano, nossa programação será feita em dois momentos. Um momento de mobilizações, atos nas redes sociais, sobre a luta da classe trabalhadora. Além disso, preparamos um material para ser divulgado via tv, rádio, carros de som para dialogar com as pessoas que estão em casa no isolamento social. A ideia é colocar nesta sexta-feira e no sábado (2). O material retrata um pouco da luta e os desafios que a classe trabalhadora vem enfrentando e, claro, cobra ações do governo com relação as medidas adotadas pelo presidente junto ao congresso, que são medidas que cada vez mais tira direitos do trabalhador, além de melhores condições de trabalho etc. Vale ressaltar que também vamos cobrar a responsabilidade de proteção dos profissionais de saúde que estão na linha de frente da pandemia’’, explica Alves. E o segundo momento de programação, de acordo com Rilda, é uma campanha solidária que foi iniciada na última terça-feira (27) e tem continuidade por mais um tempo após este 1º de maio. “Estamos arrecadando donativos, material de higiene, como álcool em gel, sabão, máscaras e outros itens para serem distribuídos a algumas famílias que estão precisando e ainda não foram beneficiadas por auxílio do governo federal. Estas famílias se encontram necessitadas. Pois o auxílio não vem nem do estado nem do governo federal, até o momento não vimos uma contrapartida do estado para elas. E o auxílio emergencial a gente sabe que não chega a todos, uma vez que é via aplicativo, mas esquecem que nem todos têm como fazer este cadastro por falta de acesso à internet, por não saber usar. Enfim, esses R$ 600 foram pensados de forma equivocada e não vão beneficiar quem mais precisa. Ou seja, mais uma vez se omite a colocar recursos para socorrer estas famílias. Não vamos resolver o problema, mas minimizar. Para resolver precisamos das três esferas do poder. Este será nosso 1º de maio. Vai ter os protestos nas redes sociais com apoio das centrais sindicais, Frente Povo Sem Medo e Brasil Popular e outros movimentas. É diferente por conta que estávamos acostumados a vir gente de todo o estado para as mobilizações, mas ele vai acontecer e seguirá com as cobranças. Não será para comemorar e sim para cobrar e reivindicar’’, esclarece Rilda Alves. Além disso, segundo a sindicalista será enfatizada a importância do isolamento social. E o pedido de proteção ainda maior para os profissionais da saúde.  A CUT e os sindicatos vão aos meios de comunicação e através de suas redes sociais exigir proteção aos profissionais da saúde que têm se exposto nesse contexto de pandemia. Além disso, cobrar a plena implementação e pagamento do auxílio emergencial, repudiar as medidas que impõem corte de salários e direitos, fortalecer e estimular as redes de solidariedade a classe trabalhadora que se contrapõem à política genocida de Bolsonaro. Para profissionais da educação, momento é de luta A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia, ressalta que infelizmente não será um dia de comemorações e sim mais um dia de luta. “Para os trabalhadores da educação a situação é ainda mais drástica. Para além do sofrimento individual ao qual todos estamos submetidos neste contexto de pandemia, onde os efeitos são sentidos nos diferentes aspectos da vida, temos que enfrentar a utilização da pandemia para aprofundar ainda mais os ataques a educação pública e aos trabalhadores. Vemos o governo agindo sem nenhum diálogo com a categoria para impor o ensino a distância, por meio de uma portaria extremamente frágil que não traz respostas para as demandas mais básicas de pais, alunos e profissionais da educação. Além disso, observamos com temor o aumento de casos de assédio moral, onde quadros da Seduc [Secretaria de Estado da Educação] estimulam a convocação de profissionais da educação para o trabalho presencial, à revelia do decreto do próprio governo, numa clara falta de sensibilidade sobre o que significa esta pandemia e os riscos aos quais todos estão submetidos’’, comenta Correia. Segundo a entidade, foi realizado uma vitoriosa semana da educação, em que foram debatidos a fundo com a categoria os desafios da educação pública nesse contexto, que se encerrou nessa quinta-feira (30).  “E neste 1° de maio se juntará as demais categorias nas ações de denúncia da precarização das relações de trabalho, e contra os efeitos da crise criada pela irresponsabilidade e ausência de compromisso dos governos sentidos pela lasse trabalhadora. Somente a luta coletiva será capaz de nos fazer superar esse momento de dificuldades e retomar as nossas vidas’’. SATEAL O presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Alagoas (Sateal), Mário Jorge Filho, também destaca o 1° de maio como dia de luta. “E neste momento atual, em que auxiliares e técnicos de enfermagem estão no centro, entre a doença e a assistência, com o objetivo de devolver a qualidade de vida perdida pela vítima do Covid-19. Nós estamos clamando que essas pessoas atendidas, seus familiares e amigos, e toda a sociedade ajudem a valorizar o papel desse profissional, de modo a perceber o quanto ele contribui para nossa sobrevivência e saúde’’. Filho diz que foi elaborada uma campanha com a proposta principal de denunciar as más condições de trabalho. “Mostrando a que esses trabalhadores são submetidos dentro do ambiente de ambulatórios, casas de saúde e hospitais em todo o país. Vídeos, textos e materiais serão divulgados nas nossas redes sociais, além do nosso canal para receber denúncias de violação de direitos humanos dos auxiliares e técnicos de enfermagem. Desde o início da pandemia, criamos um canal seguro de denúncias, parceria entre o sindicato e a Procuradoria Regional do Trabalho. Nós recebemos a demanda, apuramos as denúncias e encaminhamos o caso para o MPT, que notifica a empresa para reparar a irregularidade”.