Cidades

Em Guaxuma, esgoto cai direto na rodovia AL-101 Norte

Moradores relatam que situação já está acontecendo há cinco meses; eles também reclamam de mau cheiro e insetos

Por Lucas França com Tribuna Independente 10/04/2020 15h19
Em Guaxuma, esgoto cai direto na rodovia AL-101 Norte
Reprodução - Foto: Assessoria
Poderia ser apenas uma pichação, um ato de rebeldia ou simplesmente arte. Mas, as frases que completam as das placas que ficam na região Norte de Maceió, nos bairros de Guaxuma, Garça Torta, Ipioca, Riacho Doce e outros, como: Reduza a Velocidade, seguida de ‘merda na pista’ ou travessia molhada, seguida com ‘merda na ponte’, são um protesto pacífico dos moradores para chamar atenção para um esgoto a céu aberto que há cinco meses vem causando transtornos na região. De acordo com Jadson Oliveira, que mora próximo à localidade, equipes da Prefeitura foram acionadas, estiveram no local, mas até agora nada foi feito. “Isso já dura de cinco a seis meses. Ninguém resolve nada. E não sabemos porquê. Já veio mostrar a situação reportagem de TV, de sites, a situação também já foi divulgada em redes sociais, mas tá aí como vocês podem observar’’. O morador conta que os transtornos vão além da água suja escorrendo na pista até mau cheiro e aglomeração de mosquitos na região. ‘’Final de tarde e noite, fica ainda pior. Ninguém consegue ficar na porta de casa por conta do mau cheiro e dos insetos por conta desse esgoto de fossa. Além disso, até acidente já aconteceu aqui por conta dessa situação’’, relata. Um dos diretores da Associação comunitária e morador do bairro Guaxuma, Willians Douglas do Nascimento, fala que a situação não está afetando apenas a comunidade de Guaxuma, mas sim todos os bairros da região. “É um problema para todos. Os motoqueiros passam e tomam banho naquela água, os carros têm que passar com os vidros fechados. E ainda é pior para os trabalhadores - algumas domésticas e funcionários do Sesc acabam se molhando também quando passa carros e eles tem que atravessar. Além disso, ali é o único acesso próximo que a comunidade tem para ir à praia, pois tem que ser pelo Sesc, ou seja, não dá para evitar o esgoto’’. Douglas diz que a Prefeitura está ciente da situação, e inclusive foi equipes pediram que os moradores assinassem um termo, que segundo ele, era para notificar que o problema do esgoto era da população. “Funcionários de uma secretaria que eu não lembro o nome vieram até a região e trouxeram uns termos para os moradores do conjunto assinarem, como se o problema do esgoto fosse nosso’’. Outro morador da região, Mikeias Xavier, estudante de direito, relata que o problema não é resolvido. “A imprensa já veio, a prefeitura, mas nada de solução. A Prefeitura trouxe apenas uma notificação para as pessoas. Mas isso faz meses”, diz. Material era despejado na praia antes da construção de prédios É um bairro esquecido, diz Mikeias Xavier. “Muitas ruas sem saneamento básico. E olhe que é uma região que está crescendo. O pessoal da prefeitura relatou que essas obras de contenção do esgoto teriam início de imediato, mas tudo não passou de um conto de fadas. Até a nossa entrada para a praia foi bloqueada com a construção dos prédios, agora fazemos uma boa caminhada para ir à praia. Eu faço atividades físicas e estou tentando fazer outro percurso, para não passar na água de esgoto’’. Causa O presidente comunitário da Grota do Andraújo, na Garça Torta, Cícero do Leite, disse que o esgoto já rendeu muito ‘’barulho’’. “O esgoto é um pouco mais distante daqui, mais prejudica a todos que passam por essa região. Até o que chegou a mim, esse esgoto desce do Conjunto Elias Pontes Bonfim - e antigamente descia para a praia, ali na comunidade Poeirão, na Guaxuma. Aí, com a construção dos prédios - foi aberto uma rede de esgoto para cair no Riacho do Sesc, mas a direção do Sesc mandou tapar a boca de lobo do esgoto, aí não tinha como escorrer e ficou assim. Nada de resolverem. E olhe que ali em Guaxuma mora muita gente importante, e mesmo que não more tem residências como o atual prefeito. O governo também está fazendo a duplicação, mas isso nada de ser resolvido, por enquanto, as pessoas que possam tomam banho de dejetos’’. A reportagem tentou contato com o Serviço Social do Comércio (Sesc) para falar sobre o assunto, mas até o fechamento do material não obteve retorno. A Companhia de saneamento de Alagoas (Casal), esclareceu que esse caso é de responsabilidade da Prefeitura, já que lá não existe rede coletora operada pela Companhia. A prefeitura de Maceió confirma está ciente do caso, e informou através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), que a fiscalização do órgão esteve no local para identificar todos os imóveis que estão lançando irregularmente esgotos em via pública. O órgão notificou os moradores e encaminhou as notificações ao Ministério Público Estadual (MPE).