Cidades

Pinheiro: moradores criticam andamento das negociações

Reunião que aconteceria nessa terça foi suspensa; também ontem, tremor que intensificou processo de rachaduras completou 2 anos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 04/03/2020 09h31
Pinheiro: moradores criticam andamento das negociações
Reprodução - Foto: Assessoria
A reunião entre moradores do Pinheiro e representantes da Braskem S/A realizada na segunda-feira (2) na Igreja Menino Jesus de Praga gerou muitas críticas em torno do andamento das indenizações. Para moradores faltam informações detalhadas sobre valores e garantias. Outra reunião, prevista para ocorrer ontem (3) foi suspensa. Também ontem, o tremor que “deu início” a toda a problemática completou dois anos. A moradora do Pinheiro, Fernanda Valéria da Silva afirma que os moradores esperavam que a reunião trouxesse novidades e definições em relação às indenizações. “A gente chega numa reunião dessas e quer respostas. Se eles não nos dão respostas agora, vão nos dar quando? A avaliação que eu faço como moradora foi de fiasco. A única coisa boa disso tudo foi que eles nos ouviram. Eles marcaram num lugar que é dentro do Pinheiro, que é pequeno, tinha muita gente, não tinha estrutura, o som não funcionou direito. Espero que esse adiamento seja no sentido de providenciar um lugar melhor e preparar uma equipe que realmente tenha respostas a nos dar, porque eles não estão trabalhando com transparência e estamos extremamente incomodados com isso”, disse a moradora. Segundo a assessoria de comunicação da Braskem, a reunião foi adiada visando a adequação do formato para “atender mais pessoas e questionamentos”. A nova data para o encontro não foi definida. “A reunião com os moradores do Pinheiro que seria realizada hoje [ontem, 3] foi adiada para que seu formato seja readequado e possa atender mais pessoas e questionamentos. A nova data será informada assim que definida”, afirmou a empresa por meio de assessoria. Fernanda questiona a celeridade das negociações. Para ela, a demora estaria relacionada à uma possível manobra da empresa. “A pessoa enviada pela Braskem não tinha respostas, só alegava o acordo. E o acordo não contempla nossa necessidade à medida que a gente precisa entregar nossa casa e esperar que a Braskem diga quanto ela vale. Tem uma pessoa, amiga minha, do Condomínio Espanha que tem uma semana que entregou a chave da casa e ela disse que a Braskem pediu mais duas semanas para entregar a proposta de indenização. Qual a lógica disso? A impressão que eu tenho é que eles [Braskem] estão ganhando tempo para nos vencer pelo cansaço. Eles [Braskem] não vão conseguir vencer todo mundo pelo cansaço. Eu não vou desistir, têm muitos moradores que vão até o final. Minha família tem quatro imóveis dentro do bairro e não vamos nos contentar com qualquer coisa. Questões, por exemplo, como danos morais, não foram tratadas. Têm pessoas que já estão com advogados nisso, e até agora eles [Braskem] não têm nada sobre isso. A empresa não está passando essa informação e é direito nosso cobrar”, defende. O morador Sebastião Vasconcelos explica que as reclamações vão desde a falta de garantia na indenização com a entrega da chave até o fato de imóveis vizinhos não serem realocados. “A maioria das reclamações são pertinentes, são válidas. Mas eu saliento que muitas pessoas não se informam, a gente coloca as informações do Ministério Público, por exemplo, elas não leem até o fim, ou só leem o que lhes interessa e a maioria acaba ficando desinformada. Com relação às garantias eu não me preocupo, porque se eu não chegar num acordo com ela [Braskem] eu faço uma copia da minha chave  e volto. Você não é obrigado a aceitar, se não for uma proposta no valor do imóvel não me interessa, só que a maioria não é assim, a maioria está morando então fica esse problema”, destaca. Maurício Mendes, também morador, conta que os ânimos se acaloraram durante a reunião e houve bate boca. “Muita gente ou não entendeu ou foi induzida a não querer entender. Por mim ficou claro o passo a passo. Agora quando abriu para perguntas ficou a dúvida que já se tinha falado sobre os R$ 81.500 e sobre os R$ 20.000 do inquilino. Aí começou o bate boca. Enfim, o clima se acirrou e acabou a reunião”, relembra. Eliane Ramos criticou a condução das negociações entre moradores do pinheiro e Braskem. Ela cobrou o que considera como “respeito” ao sofrimento das pessoas que estão sendo obrigadas a deixar seus imóveis. “Somos aqueles que saíram de casa para ouvir o que podíamos ter lido sozinhos, ouvir o que já sabíamos. Pelo amor de Deus, respeitem a nossa dor, não tentem nos fazer de palhaços. Não sabem o que é sair de casa na esperança de obter alguma novidade, o valor de um sonho, de um projeto (...) Exigimos respeito, já que existir justiça está tão longe”, disse a moradora.