Cidades

Faltam máscaras e álcool gel em várias redes de farmácia

Procura aumenta nas últimas horas, mas estoques já estavam zerados há dias em alguns estabelecimentos da capital

Por Tribuna Independente com Lucas França 29/02/2020 12h14
Faltam máscaras e álcool gel em várias redes de farmácia
Reprodução - Foto: Assessoria
A procura por álcool gel e máscaras aumentou nos últimos dias nas redes de farmácias da capital alagoana com a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (COVID-19) no Brasil e o registro do primeiro caso suspeito no estado. A reportagem da Tribuna Independente foi em algumas dessas redes e, segundo os gerentes, a demanda é grande e a oferta do produto não está suprindo. Em uma das drogarias, a gerente disse que o estoque zerou há três dias. E na quinta-feira (27), após divulgação do primeiro caso suspeito no estado, a procura teria aumentado. “Procura muito. Produtos zero. Aqui, o estoque acabou faz uns dias já. A cada 100 clientes que entram 92 deles perguntam sobre o produto”, disse a gerente farmacêutica, Daniele Amorim. Ainda de acordo com a gerente, já foi feito o pedido dos produtos e a previsão é que cheguem até a próxima segunda-feira (2). “A indústria que fornece informou esse prazo, mas como é a mesma empresa que fornece para grande parte do país, pode ser que tenha um atraso justamente por conta da demanda”. Em relação aos valores, Amorim disse que até então estaria sendo os mesmos praticados antes. Porém ela acredita que possa aumentar. “Vendemos o estoque com o valor convencional cobrado antes do surgimento do vírus, mas é possível que aumente a partir de agora.” Em outra rede de farmácia o gerente informou que o estoque estava zerado para ambos os produtos. O farmacêutico e proprietário do estabelecimento Mizael Araújo também relata que a procura aumentou e, por isso, há a falta dos produtos. “Estamos aguardando a indústria fabricar e nos enviar”. Já em outra farmácia localizada na Avenida Menino Marcelo, a gerente disse que a demanda está intensa. Mas ainda tinha algumas unidades disponíveis de álcool em gel. “A procura está intensa. Ontem muita gente veio ao estabelecimento à procura. Os que tinham acabaram, porém estamos fazendo o possível para atender os nossos clientes. É o estoque zerando e a gente remanejando de uma filial para outra. Antes que zere de vez já fizemos novos pedidos que devem chegar em uma semana”. A gerente que não quis se identificada contou que em 30 minutos todas as unidades de máscaras foram vendidas em uma das filiais em Maceió. “Estamos tentando suprir as necessidades e ofertar. Muita gente está levando álcool em gel portátil até que cheguem os maiores”. Infectologista explica como produtos devem ser utilizados O infectologista Fernando Andrade explica que o álcool gel deve ser usado em substituição à água e sabão, quando não for possível lavar as mãos. “Não há períodos definidos, deve-se lavar as mãos sempre que necessário: depois de usar o banheiro, antes de comer, coçar olhos e nariz. E o álcool  gel utilizado quando isso não for possível ser feito’’. Andrade diz que qualquer marca de álcool gel pode ser utilizada, sem problemas. E em relação às máscaras, ele explica que deve ser usada por quem está com doença respiratória, ao sair de casa. “A máscara também pode ser utilizada por pessoas que têm a imunidade reduzida, ao sair na rua ou frequentar locais com aglomeração de pessoas e ou com pouca ventilação e as pessoas que já estejam com doenças respiratórias e viroses, por exemplo”. CONSUMIDORA A consumidora Enaide Tenório disse que percorreu algumas redes e não conseguiu o produto. “A minha mãe tinha pedido, mas ainda não tinha ido. Hoje [nessa sexta-feira, 28], fui direto à Casa do Médico a procura já que vende utensílios médicos – mas fui informada que não tinha mais que o estoque que tinha chegado acabou pela manhã. Aí, fui ao Centro e percorri algumas, mas também estava em falta. Em uma delas, estavam chegando com álcool, aguardei, mas era álcool 70. Deixei meu telefone para que quando chegasse me avisassem. Aí consegui comprar as máscaras e acabei comprando aqueles álcoois em gel que vende em supermercados. Fui a umas cinco farmácias, além da Casa do Médico. Agora, no final da tarde, uma das farmácias me ligou contando que reservou uma unidade para mim. Já fui pegar’’, conta Enaide. Enaide diz que a preocupação maior é porque muita gente está comprando para formar estoque e, por isso, acaba muita gente ficando sem. “Um vendedor me contou que tiveram pessoas que foram para comprar caixa de máscaras. A população está muito preocupada com a situação. E de fato a prevenção é importante”. CASO SUSPEITO O primeiro caso suspeito do novo coronavírus (COVID-19) em Alagoas foi anunciado no fim da tarde da quinta-feira (27) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Segundo o órgão, o paciente é um alagoano de 66 anos que retornou de uma viagem à França no último dia 11. As amostras do paciente foram coletadas e serão analisadas pelo laboratório nacional de referência. Conselho de Farmácia diz que não há motivos para pânico O presidente do Conselho Regional de Farmácias de Alagoas (CRF/AL), Robert Nicássio, disse que o comercio de uma forma geral – incluindo as indústrias e distribuidoras – foram pegos de surpresa com a demanda. [caption id="attachment_358098" align="aligncenter" width="600"] Álcool gel e máscaras começaram a desaparecer das farmácias da capital antes mesmo de ser divulgado o primeiro caso suspeito de coronavírus no Estado (Foto: Edilson Omena)[/caption] “As informações que temos é que desde início do mês começou a aumentar muito a procurar e agora, com a suspeita no estado as pessoas correram para adquirir o produto. Mas o que a gente está colocando para a população é que não entrem em pânico”, disse acrescentando que apenas o uso de forma isolada dos produtos não impedem o contagio – são ações em conjunto que impedem o vírus. Ou seja, a lavagem das mãos, a proteção do nariz na hora que for espirrar (essa proteção com lenços descartáveis e em seguida higienizar as mãos) evitar local com aglomeração de pessoas e ter cuidado com as mãos na hora de tocar as mucosas – olhos, boca e nariz. Então, o certo é ter cuidado com o que ler, com as fake news e ficar mais atentos nas informações em torno da doença’’, orienta Robert. AÇÕES EM ESCOLAS Algumas escolas particulares da capital também iniciaram campanhas de orientação para a prevenção da doença. O Colégio Santíssimo Senhor já está usando álcool gel nas portarias e reforçando a importância de lavar bem as mãos, além de espalhar cartazes nos corredores sobre o assunto. Segundo a assessoria de comunicação da unidade, o assunto também está sendo tratado em sala de aula. O Colégio Maria Montessori, também em Maceió, começou a trabalhar a conscientização de pais e alunos, orientando os estudantes a lavar as mãos com água e sabão com frequência e adotar todos os outros procedimentos de prevenção. Na agenda dos alunos do Fundamental 1, por exemplo, os pais vão receber um recado com as orientações e o pedido de que, caso os filhos estejam doentes, evitem enviá-los para a escola.