Cidades

Aumenta procura por academias

Fluxo de alunos em busca do corpo perfeito cresce até 30% próximo ao Carnaval; especialistas dizem que resultados dependem de continuidade

Por Lucas França com Tribuna Independente 01/02/2020 10h14
Aumenta procura por academias
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a proximidade do período carnavalesco e da estação mais quente do ano – o verão, o número de pessoas nas academias aumenta consideravelmente. Muitos querem ficar com o corpo em forma nesse período. Em uma academia localizada na Avenida Presidente Getúlio Vargas, no bairro da Serraria, em Maceió, a proprietária diz que o aumento no fluxo de alunos cresce de 20% a 30% a mais que nos demais períodos do ano. “Nos meses que antecedem o Carnaval e a chegada do verão, muita gente acaba procurando as academias na tentativa de conquistar um corpo sarado. Eu não tenho o número exato, mas sei que é entre 20% a 30%. E o pensamento é o corpo, a estética, e não ainda a qualidade de vida. Mas aqui orientamos e influenciamos que eles continuem para além do corpo, ter qualidade de vida, queremos implantar programas de incentivo para que as pessoas não foquem só na estética, e não sejam alunos de temporada”, disse Fabíola Medeiros. Os “atletas de temporada’’ já entram na academia buscando um resultado imediato e querendo saber o tempo necessário para alcançar as medidas esperadas segundo os professores de educação física. “Nós orientamos que o treinamento tem que ser feito com calma. Eles têm essa ideia de treinarem um, dois e três meses e acreditam que já vão ter um resultado satisfatório – mas explicamos a eles que é um processo contínuo, e que no mínimo os resultados começam a ficar mais visível com três meses de treinamento’’, explica o personal Gillion Oliveira, especialista em treinamento físico e grupos especiais. O especialista ressalta ainda que o próprio corpo precisa de um tempo de adaptação – e que esse tempo é de cerca de três meses. “Quando as pessoas chegam aqui com essa ideia da busca do corpo perfeito, do ganho de músculos, a gente orienta e solicita que façam uma avaliação para saber que tipo de exercícios será feito. Para que o aluno tenha um resultado satisfatório. Aqui existe uma avaliação padrão, no entanto, observamos o objetivo de cada um e fazemos treino específico”. A psicóloga Anne Layse de Oliveira Queiroz, após um período de pausa de três anos, voltou a academia há três semanas e com objetivos para conquistar. “Estava sedentária e precisava mudar meus hábitos. Entrei por questão de saúde mesmo, por orientação médicas’’, disse a jovem. Apesar do foco principal não ser a estética, Layse disse que isso também acaba sendo meta para quem inicia as atividades físicas. “Emagrecer, ganhar massa muscular, ter um corpo legal vira consequência. Todo mundo quer, mas a saúde é importante. Eu mesmo, apesar de pouco tempo treinando, já consigo observar melhoras. Tanto fisicamente quanto psicologicamente – sou bastante ansiosa e os exercícios me ajudam a diminuir isso’’, ressalta afirmando que não pensa em parar e quer que os treinos façam parte de sua rotina diária para o resto da vida. O irmão de Layse, o estudante Lucas Wanderley de Oliveira, entrou na academia em julho de 2018, mas precisou dar uma pausa por razões médicas e só pôde voltar aos treinos em dezembro de 2019. Para ele, a hipertrofia muscular é uma meta a ser alcançada, mas sem esquecer a saúde. “Voltei porque quero melhorar meu condicionamento físico, minha saúde e tenho como meta também a hipertrofia. Passei um período grande parado por razões médicas. Muita gente acaba perdendo o foco e até o que havia conquistado quando iniciou os treinos, mas eu só perdi 2kg. Atualmente estou com 65kg e meu foco é chegar os 70kg para observar como vou ficar esteticamente e se o resultado for satisfatório continuo para manter”, disse o estudante. Tanto ele quanto a irmã afirmam que seguem as orientações dos profissionais e realizam os exames periódicos. “Tenho acompanhamento nutricional, realizo as avalições e faço todos os exames necessários. Levo tudo muito a sério’’. [caption id="attachment_353009" align="aligncenter" width="300"] Professor Carlos Daniel mostra alguns exercícios da modalidade: “qualquer pessoa pode iniciar um cross, mas claro seguindo todas as orientações” (Foto: Adailson Calheiros)[/caption] Busca por Cross Fitness também cresce Cross Training, Treino ou Cross Fitness são modalidades que cresceram bastante em todo o mundo e conquistaram muitos adeptos em Maceió. Em um Centro de Treinamento (CT) também localizado na Avenida Presidente Getúlio Vargas, no bairro da Serraria, o número de alunos matriculados aumentou. O coach de Cross, Carlos Daniel, disse que as pessoas que entram têm como meta perder peso ou definir o corpo com o ganho de massa magra. “O desejo na maioria das vezes é conseguir perder peso e ter um corpo musculoso – principalmente os jovens. Por serem exercícios de impacto acabam sendo a opção mais rápida para esse objetivo. No entanto, vale lembrar que cada organismo responde de forma diferente e todo exercício necessita de tempo de adaptação do corpo”. Daniel mostrou alguns dos exercícios praticados por seus alunos no CT e disse que qualquer pessoa pode praticar. “Temos alunos de 17 a 60 anos aqui. Qualquer pessoa pode iniciar um cross, mas claro seguindo todas as orientações. São exercícios aeróbicos, intensos e de impacto que traz resultados satisfatórios, mas assim como qualquer prática precisa de orientação, acompanhamento e disciplina de cada aluno”. “Tudo deve ser feito de forma equilibrada”, diz especialista Para ter um resultado desejado é necessário que o praticante associe exercício físico e uma boa alimentação. E isso também precisa de tempo para que o corpo possa se adaptar a essa transformação. “Alimentação é essencial para que se obtenha resultados satisfatórios. A base da nutrição - é uma tríade que deve permanecer de forma equilibrada e o paciente entender que o sono e o descanso, a alimentação adequada e o treinamento (ambos de forma individualizada) devem ser feitos que o resultado vai vir. Mas vale lembrar que os resultados são diferentes de pessoa para pessoa e em tempos diferentes. Não significa que a dieta de uma pessoa sirva para outra. Um amigo pode ganhar cinco quilos em um mês e o outro usando a mesma dieta não. Pode ganhar mais ou até perder’’, explica o nutricionista Dayvison Souza. Dayvison explica que para cada objetivo existem estratégias e programas diferentes – “vai ser avaliado o objetivo de cada paciente para ser feito o plano alimentar. Fazemos analise dos exames e até conversamos com o preparador físico para trabalhamos de forma conjunta’’. Assim como os professores de educação física, o nutricionista diz que nesta época muitas pessoas acabam os procurando para alcançar objetivos que acabam sendo inalcançáveis. “Na maioria das vezes eles chegam com metas que são de outras pessoas e muitas de famosos atletas que já vêm fazendo isso à vida toda. E essas pessoas querem alcançar em três meses, então a gente tem que orientar da melhor forma – deve ser constante e gradual”. Além da alimentação também se faz necessário tanto para quem vai iniciar a prática esportiva quanto para quem já a faz, o acompanhamento de um cardiologista e endocrinologista. A cardiologista Fernanda Carla explica que o profissional vai detectar possíveis alterações cardiológicas. “Como HAS [Hipertensão Arterial Sistêmica], arritmias e doenças coronarianas, além de outras doenças que podem comprometer o desempenho cardiovascular ao exercício. Como também prevenir eventos durante os mesmos”. A especialista conta que durante avaliação é feito exames de rotina laboratoriais, e cardiológicos como teste ergométrico e Eletrocardiograma (ECG). Visando avaliação mais criteriosa para liberação dos exercícios tanto aeróbicos como também anaeróbicos. “Os principais cuidados são com os pacientes diabéticos, HAS, que se beneficiam com os exercícios, para melhor controle dos seus níveis glicêmicos e pressóricos. O check-up anual se faz necessário para detectar possíveis alterações que possam comprometer a saúde e bem-estar, além de avaliar a desempenho dos pacientes ao exercício. Principalmente nos pacientes que já são sabidamente HAS e/ou diabéticos, devem fazer avaliação cardiológica com regularidade” explica.