Cidades

Desaparecimento de Davi da Silva completa cinco anos sem respostas

Jovem sumiu em 25 de agosto de 2014 após abordagem policial; suspeitos irão a júri popular

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 24/08/2019 08h05
Desaparecimento de Davi da Silva completa cinco anos sem respostas
Reprodução - Foto: Assessoria
Neste domingo (25), completa cinco anos o caso de Davi da Silva, 17 anos, que desapareceu no Conjunto Cidade Sorriso, no Benedito Bentes, em 2014, logo depois de ser abordado por uma guarnição da Radiopatrulha da Polícia Militar. Ele teria sido colocado dentro da viatura e, desde então, nunca mais apareceu. A família e a Polícia Civil (PC) fizeram diversas buscas, mas o corpo nunca foi encontrado. E o questionamento da família e conhecidos continua o mesmo: Onde está o corpo do jovem? “O caso irá a júri popular, mas não há uma resposta definitiva. Davi é um corpo insepulto. Vítima da violência que assola os jovens negros da periferia. A luta da família vai continuar até que toda a verdade apareça e os responsáveis sejam punidos. Não queremos que outros jovens passem pela mesma situação que Davi. Para isso a justiça precisa acontecer”, avalia Magno Francisco, primo da vítima. Ainda segundo Magno, os PMs indiciados como suspeitos do desaparecimento estão respondendo processo. Em liberdade e seguem trabalhando. Um dos advogados do caso, Cláudio Luiz, explica que após todos esses anos de tramitação do processo na 14ª Vara Criminal da Capital - Trânsito e Crime contra Criança, Adolescente e Idoso, a justiça determinou que o processo fosse levado para ser julgado no tribunal do júri popular. Em abril deste ano, o processo do foi remetido a uma das varas do Tribunal do Júri. A decisão foi da juíza Juliana Batistela. “A defesa recorreu, mas pelo fato de não ter apresentado as alegações do recurso no prazo legal, foi indeferida a remessa ao TJ [Tribunal de Justiça de Alagoas]. Nenhum dos acusados está preso, mas cumprem medidas restritivas, como o comparecimento periódico a justiça. Recentemente entraram  com um habeas corpus para revogar estas medidas, mas o Tribunal negou o pedido da defesa’’, conta o advogado. A reportagem tentou contato com o TJ/AL, por meio da assessoria, mas, até o fechamento do material não obteve retorno. São réus nesse processo: Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Vítor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade. Acusação é de homicídio duplamente qualificado A acusação do Ministério Público de Alagoas (MPE/AL) é por homicídio duplamente qualificado, conexo aos crimes de ocultação de cadáver, falta de comunicação de apreensão de adolescente, tortura e prevaricação. Outro familiar da vítima disse que a família não sabe nada sobre o processo. “Não sabemos de nada. Ninguém nos comunica nada sobre o caso, nem se terá julgamento ou não. Nada, só que os acusados estão em liberdade”. REVIRAVOLTA A principal testemunha e vítima no caso, Raniel Victor Oliveira da Silva, 19 anos, foi colocado em programa federal de proteção a testemunhas. Mas, devido a problemas familiares retornou a Maceió. Pouco tempo depois foi encontrado morto na Grota do Carimbão, no bairro do Benedito Bentes, com marcas de tiros nas costas e pedradas na cabeça. Os advogados dos casos agora têm duas perguntas: Quem matou Raniel? E onde está o corpo de Davi da Silva? Raniel consta como vítima nesse processo, mas não por homicídio. A mudança de unidade ocorreu porque inicialmente não havia a acusação de homicídio. O advogado Luiz Cláudio comenta que o processo está parado, ainda na 14a Vara, e deverá ser remetido para uma das varas do tribunal do júri popular. “A mãe do Davi, Maria José da Silva e toda família aguarda a conclusão desse processo com a condenação dos responsáveis”.