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“Síndrome do ninho vazio” requer tratamento

Sensação de vazio após mudança dos filhos deve ser enfrentada; segundo psicóloga, questão pode comprometer até autoestima

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 07/09/2018 14h06
“Síndrome do ninho vazio” requer tratamento
Reprodução - Foto: Assessoria
A mudança dos filhos da casa dos pais é sempre carregada por muito saudosismo, lágrimas e uma mistura de sentimentos. E é neste turbilhão de emoções que muitos pais se deparam com a chamada “síndrome do ninho vazio”, um fenômeno psicológico que afeta o humor, autoestima e até a qualidade de vida das famílias. A Tribuna Independente entrevistou a psicóloga Amanda Araújo sobre o assunto. Segundo ela, a situação precisa de enfrentamento e orientação profissional para ser conduzida de forma positiva.   Tribuna Independente - A chamada “síndrome do ninho vazio” é manifesta em mães/pais que desenvolvem uma sensação de perda emocional em relação à mudança do filho(a). Este fenômeno é “novo”, isto é, é uma característica desta nova geração de pais ou é algo presente na evolução das famílias? Amanda Araújo –  A famosa “Síndrome do ninho vazio” não é algo novo. É um processo natural que os pais enfrentam principalmente as mães quando os filhos começam a sair de casa por algum motivo, seja por questões de estudos, casamento ou outra situação. No entanto alguns pais associam essa saída como algo negativo. Como foi dito a SNV acontece mais nas mães, então o cuidado de superproteção muitas vezes não é bem elaborado com a saída desse filho. Tribuna Independente - Como se caracteriza esta síndrome? Amanda Araújo – A SNV é caracterizada por sentimentos de desamparo, tristeza, desânimo e quando não tratada leva a alguns sintomas como depressão, distúrbio do sono, diminuição da libido, melancolia, entre outros. Precisando ter o acompanhamento com o psicólogo. É de suma importância salientar que o bom relacionamento entre o conjugue ajuda bastante nesse novo ciclo que se inicia para uma melhor adaptação. Tribuna Independente – Pode ser considerado um problema de saúde mental tratável ou passível de tratamento? Amanda Araújo –  É tratável sim! O terapeuta vai ajudar essa mãe ou esse pai a ter uma melhor visão diante da situação e entender que essa nova fase pode ser vista de forma positiva, entender de forma saudável como enfrentar os ciclos que se encerram e como aceitar os que estão por vir, pois às vezes só enxergamos a perda e não conseguimos enxergar os ganhos que ela pode nos trazer, muitas vezes até tirar os sonhos da gaveta. Ajudar no bem-estar físico, social e psicológico. Tribuna Independente – Como identificar? Amanda Araújo – Tristeza constante, sentimento de abandono, autoestima baixa. Tribuna Independente – O fato de, atualmente, não haver a necessidade ou cobrança social da mudança do filho da casa dos pais, pode estar relacionada à síndrome? Amanda Araújo – Justamente! Não é novo, pois o ninho vazio é associado a problemas psicológicos como a depressão e sentimentos de insatisfação. Como os estudos sobre depressão, ansiedade tem aumentado essa síndrome ficou mais visível. A frustração dos pais (geralmente da mãe) é passada para o filho causando um sentimento de culpa “estou assim por que você está me abandonando”. Por isso em alguns casos o filho quando se casa ou leva a mãe pra morar com o casal ou mora na casa da mãe. Por que frustração? Porque existem mães que criam os filhos na idealização de que ‘cuidei dele agora é a hora deles cuidarem de mim’. Tribuna Independente – Muitos filhos e até familiares podem entender como um cuidado exagerado, superproteção ou até “besteira de mãe/pai”. Como deve ser o enfrentamento? Amanda Araújo – A orientação é procurar um profissional que auxilia a lidar neste novo ciclo da vida. Porque é uma nova fase na vida dos pais que precisa ser encarada de forma natural e saudável. Por isso que o bom relacionamento de pai e mãe é importante, quando não, acontece até mesmo o divórcio.