Cidades
Rio São Francisco pode sofrer nova redução de vazão
De acordo com o Ibama, pedido de alteração chegou no dia 7 de julho e, se for acatado, volume passará de 600m³/s para 550m³/s
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) fez uma nova solicitação para mais uma redução da vazão dos reservatórios das hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (AL), no Rio São Francisco.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o pedido chegou ao órgão no último dia sete de julho. No entanto, a assessoria de comunicação disse que por enquanto, ainda não tem respostas se o pedido vai ser acatado ou não, pois está em análise.
A Informação do órgão é que a Chesf, que opera as usinas, deve elaborar outro plano de contingência que vai passar por analise do Ibama e da Agência Nacional de Águas (ANA). A partir disso os órgãos devem definir se autorizam a implementação de mais uma redução ou não.
De acordo com informações passadas pelo Ibama a reportagem da Tribuna Independente, no pedido consta que a nova redução seria de 550m³/s. Atualmente está em 600m³/s.
Já o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) informou que todas as segundas-feiras acontecem uma reunião promovida pela ANA transmitida por videoconferência para os estados da bacia. Mas, na reunião dessa semana, não foi discutida a possibilidade, de uma nova redução na vazão do rio. No entanto, a entidade sabe que o setor elétrico já demonstrou interesse em reduzir mais uma vez.
O CBHSF confirma que a vazão defluente estava em 600m³/s e não mais 700m³/s. E ressaltou que esse é o menor patamar da história do Rio São Francisco. O comitê também disse que vêm se colocado como crítico ao fato de o Rio São Francisco vir sendo utilizado como o maior gerador de energia, porque entende que há alternativas, a exemplo da geração eólica.
Além disso, o CBHSF informou que conseguiu provocar a formação de um grupo de trabalho que estuda as formas de gestão dos recursos hídricos da bacia. De acordo com o comitê, esse grupo reúne diversos segmentos, como ANA, pesquisadores e universidades, entre outros.
O setor elétrico justifica que as defluências reduzidas objetivam evitar que os reservatórios de Sobradinho e Xingó atinjam o volume morto. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alega que, mesmo diante dessas reduções defluentes, Sobradinho deverá chegar em novembro, quando começa o período úmido na bacia, em 10% e Xingó, em 5%. E o pedido atual está fixado em 550m³/s e não em 500m³/s.
Para a CBHFS, é evidente que essa medida vai causar impactos profundos. “A navegação praticamente acabou em diversos pontos aqui no Baixo São Francisco após a redução. A piracema, que acontece em janeiro, deverá enfrentar profundas dificuldades. Alguns municípios praticamente não praticam algumas culturas, como a rizicultura, justamente devido a pouca água”, informou o comitê.
Mudança prejudica captação e qualidade da água
“A redução de vazão do rio São Francisco, nas represas de Sobradinho e de Xingó é uma decisão que compete ao Governo Federal, por meio de vários órgãos, como o ONS, a ANA e o Ibama, para atender a vários parâmetros, entre eles a produção de energia e a irrigação. Como as chuvas foram poucas, já era esperada essa redução. Por outro lado, ela prejudica as captações de água da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) ao longo do rio”, informou presidente da Casal, Clécio Falcão.
A Companhia possui 14 estações de captação de água ao longo do Rio São Francisco e segundo o órgão, quando ocorre essa redução de vazão, é preciso fazer investimentos nas captações, pois a água se afasta da margem. “Assim, para conseguir retirar a água bruta do rio, precisamos fazer investimentos, que custam muito caro para a companhia”, explicou Clécio.
Ainda segundo o presidente da Casal, o problema mais grave, quando ocorrem as reduções, é em na cidade de Piaçabuçu, onde a cunha salina tem avançado sobre o rio até o local onde fica a captação de água. “As demais companhias de saneamento sofrem com a redução de vazão do rio, mas a Casal tem um problema a mais que é a salinização da água em Piaçabuçu. Essa situação somente ocorre em Alagoas”, ressaltou.
Clécio Falcão disse que a companhia já tem um projeto para construir uma nova captação de água para Piaçabuçu, num local próximo à comunidade Penedinho. “Com essa redução, talvez tenhamos que fazer novos estudos para saber onde teremos que instalar essa captação de água”.
Clécio ressaltou que o órgão tem recebido pouco apoio do Governo Federal para obras de engenharia nas estações de captação de água bruta e que, até então, não houve ajuda.
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