Cidades
Ex-mulher de delegado morto diz que ele matou sua filha e pede liberdade do neto
Maria do Carmo relatou um casamento marcado pela violência e pelo ciúme
Uma coletiva de imprensa foi realizada na tarde desta terça-feira (31) a pedido da avó do jovem Milton Omena Neto, de 23 anos de idade, detido pela acusação de matar o próprio avô, o delegado federal Milton Omena. Maria do Carmo Rodrigues de Souza relatou que viveu 47 anos “ao lado de um homem extremamente violento” e que o neto tirou a vida do avô em um ato de legítima defesa. “Foi uma luta pela vida dele”, afirmou Maria do Carmo, que pede a liberdade do neto. A ex-mulher do delegado federal estava acompanhada de dois advogados e os três contestam o laudo apresentado nessa segunda (30) pela Perícia Oficial, que concluiu que a jornalista Márcia Rodrigues – filha de Maria do Carmo e mãe de Milton Omena Neto – se matou. “Meu ex-marido matou minha filha”, disse.
O advogado Leonardo de Moraes questionou como Márcia Rodrigues tirou a própria vida disparando duas vezes contra ela mesma. “Foram quatro tiros disparados dentro da casa em que ela morreu. O pai estava perto, do lado de fora da casa, e disse que não ouviu nada”, disse o advogado. “Essa tese de suicídio é impossível. Foi um tiro no pescoço e outro no peito. Discordamos da perícia”, afirmou Leonardo, que afirmou que a coletiva de imprensa nesta tarde teve a intenção de “mostrar fatos escondidos no âmbito familiar que precisariam vir à tona”. O advogado ainda relata que Márcia Rodrigues estava passando por um bom momento pessoal e profissional e que, inclusive, iria apresentar um programa de televisão ainda no ano de 2016.
De acordo com Maria do Carmo, após o crime, que aconteceu em agosto de 2016 em um condomínio no município de Paripueira, Milton Omena chamou os empregados e mandou queimar o colchão em que ficou o corpo de Márcia Rodrigues. “Ele refez a casa de Paripueira depois do que aconteceu”, afirmou Maria. Os advogados disseram que, segundo testemunhas, Milton Omena estava limpo quando peritos chegaram ao local da morte de Márcia. “Ele tomou banho para apagar qualquer evidência e chamou a perícia. No dia, ele disse que não sabia onde estava a arma, mas foi na casa dele. Como a filha iria saber então?”, questiona Leonardo.
Maria do Carmo Rodrigues, conhecida como ‘Carminha’, estava muito emocionada na coletiva e afirmou que a vida ao lado do delegado federal Milton Omena foi marcada por violência constantemente. “Tentei o divórcio várias vezes e ele sempre rasgava as intimações judiciais. Dizia que não queria. Ele pegava a minha cabeça e batia contra o vaso sanitário, e isso aconteceu diversas vezes”, afirmou dona Carminha. A ex-mulher do delegado federal afirmou à imprensa que Milton Omena já tentou suicídio após uma discussão que tiveram. “Ele pegou a arma dele e disparou contra o próprio rosto. Não morreu porque minha filha [Márcia] empurrou o braço dele e o tiro pegou de raspão. Toda a família dele tem conhecimento disso”, afirmou Maria do Carmo.
Dona Carminha também relatou que o ex-marido já disparou um tiro contra ela e que, inclusive, o projétil continua alojado na perna dela. “Casei aos 14 anos de idade. Ele era cinco anos mais velho. Um dia, cheguei à noite em casa e ele quis saber onde eu estava. E eu já estava grávida do primeiro filho. Ele chegou com a arma e atirou. Foi na minha perna. Depois falou para mim que era para eu dizer a todo mundo que tinha sido eu que fui pegar a arma e disparei contra minha própria perna sem querer”, afirmou Maria do Carmo.
Segundo Maria do Carmo, após várias negociações com advogados e até delegados federais que conheciam o casal, Milton Omena aceitou o divórcio. “Ele era possessivo e ciumento e já tentou matar um ex-genro dele porque afirmava que o rapaz era pobre e ia tomar suas terras. Acredito que ele matou minha filha, não foi suicídio. É vergonhoso. Na época da morte dela, um advogado pediu para eu mudar as chaves de casa, pois ele se preocupava que ele viesse me matar”, disse.
Neto amoroso
Dona Carminha afirmou que Milton Omena Neto não teve a intenção de matar o avô. “Ele foi ao encontro do avô para conversar. Ele tinha certeza de que tinha sido o avô que tinha assassinado a mãe dele e queria que ele confessasse”, disse a avó do acusado, que completou afirmando que o neto já havia cortado relações com o avô bem antes do episódio da morte do delegado. “Ele descobriu muita coisa errada do avô e não se falaram por muito tempo. Quando ele foi conversar com o avô sobre a morte da mãe, o avô tentou ataca-lo e houve uma luta pela sobrevivência. Não houve vingança”, disse Maria do Carmo.
Os advogados também afirmam que o perfil de Milton Omena Neto não é o perfil de um assassino. “Ele foi estudar na Irlanda gratuitamente, com bolsa de estudos. Passou no Sisu em Ciências da Computação. Quando tinha onze anos, fez um curso pela NASA. Ele é alguém diferenciado”, disse o advogado Ronald Pinheiro.
Após chorar e se emocionar durante a coletiva, Maria do Carmo afirmou que busca forças nas orações, depois de tudo. “Eu tenho meus dois netos. Eu tenho que ser forte por eles”, finalizou.
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