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Mais Médicos: Neto de Jango tem futuro indefinido após saída de cubanos

João Marcelo Goulart se formou em Cuba e trabalhou na Rocinha pelo programa federal; hoje é supervisor acadêmico, atuando junto aos profissionais estrangeiros

Por G1 24/11/2018 13h25
Mais Médicos: Neto de Jango tem futuro indefinido após saída de cubanos
Reprodução - Foto: Assessoria
Formado em medicina em Cuba e neto do ex-presidente João Goulart, o médico João Marcelo Goulart trabalha pelo programa Mais Médicos como supervisor acadêmico, atuando junto aos estrangeiros que integram a iniciativa federal. Diante da saída dos cubanos, João Marcelo tem seu futuro indefinido. "Num primeiro momento, vamos aguardar a saída dos médicos cubanos. A partir de janeiro, não sabemos o que vai acontecer", diz o médico. Nascido no Maranhão, mas criado em "uma transição entre Punta del Este [litoral uruguaio] e Porto Alegre", João Marcelo mudou-se para o Rio de Janeiro com 10 anos. Ele lembra-se do avô ao falar sobre os motivos que o levaram, ainda adolescente, a negar-se a prestar vestibular no Brasil, pois sonhava formar-se médico em Cuba. "Pela história da minha família, nós temos um sentimento de justiça social e justiça humanitária muito grande, um desejo do meu avô. Sempre quis ir para Cuba porque lá temos uma formação humanitária", conta o médico, que é crítico ao ensino de medicina no Brasil. "É uma formação voltada para o mercado, trata a saúde como um produto”. [caption id="attachment_261546" align="aligncenter" width="750"] João Marcelo (à esquerda), a médica cubana Aliuska Michel (de vermelho) e uma família de pacientes em Santo Antônio do Içá (AM) (Foto: Arquivo pessoal)[/caption] O sonho de estudar na ilha caribenha seria realizado em 2007, quando tinha 18 anos. Após seis anos de faculdade – além de um semestre de adaptação – na Escuela Latinoamericana de Medicina, retornou ao Brasil em agosto de 2013 e realizou a revalidação do diploma. Aprovado, foi incluído no Mais Médicos, pelo qual atuou na Rocinha, no Rio de Janeiro. Em 2015, antes do fim do contrato com o Mais Médicos, João Marcelo decidiu deixar o programa ao saber que seria pai. Chegou a atuar como médico da família em Parobé, na Região Metropolitana de Porto Alegre, por fora do programa. Retornou em março de 2016 para atuar como supervisor. "Um dos pilares do programa é a sustentação acadêmica, disponível para discutir novidades, tirar duvidas deles, otimizar o trabalho deles, melhorar o trabalho deles, identificar os problemas", enumera. João Marcelo concordou com a decisão do governo cubano de deixar o programa justificando declarações "ameaçadoras" do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Para ele, seria arriscado para os estrangeiros permanecerem no país. "Pela segurança dos médicos, Cuba tomou a decisão correta", afirma.