Brasil

Família de menino com paralisia faz campanha para realizar tratamento no Equador

Luiz Felipe Galindo sofreu uma parada cardiorrespiratória, que provocou uma paralisia cerebral, aos dois meses de vida. Despesas com o tratamento ficam em torno de R$ 100 mil

Por G1 28/08/2018 08h51
Família de menino com paralisia faz campanha para realizar tratamento no Equador
Reprodução - Foto: Assessoria
A família de um menino de apenas 1 ano e 5 meses de idade, diagnosticado com paralisia cerebral, luta para conseguir aplicar um tratamento médico com células-tronco no Equador. Luiz Felipe Galindo, que mora em Santos, no litoral de São Paulo, sofreu uma parada cardiorrespiratória após nascer, aos 8 meses de gestação. Hoje, ele não consegue falar, comer, se movimentar ou respirar sem a ajuda de aparelhos. O tratamento é uma das únicas chances de proporcionar uma qualidade de vida melhor ao garoto, mas a família não tem condições de arcar com as despesas. Ana Carolina de Sousa Galindo conta que teve uma gravidez tranquila, com acompanhamento médico mensal. Aos oito meses, a bolsa estourou, e ela foi levada para a Santa Casa de Santos, no dia 12 de fevereiro de 2017. “Resolveram segurar, para ver se ele conseguia ficar mais tempo na minha barriga. Fiquei internada seis dias, e fizeram o parto normal. Ele nasceu com anóxia [ausência de oxigênio] e uma asfixia”, explica Ana. Luiz Felipe foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, onde ficou entubado e recebendo leite por uma sonda de alimentação. O quadro de saúde do bebê era estável. Mas, após cinco dias internado, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória de cerca de 20 minutos. Depois, teve crises convulsivas por cerca de 24 horas. No dia seguinte, as convulsões foram controladas, e ele continuou internado. Luiz Felipe foi diagnosticado com paralisia cerebral. Ele só se alimenta por meio de sonda, não consegue falar, se mexer e interagir com os outros. “Não sabemos o que aconteceu para ele ter tido essa parada. Ele ficou na UTI Neonatal, depois foi para a UTI Pediátrica, e depois para o quarto. Ele ficou até os seis meses de vida no hospital”, disse a mãe. Com dois meses de vida, Luiz passou por uma traqueostomia, para ajudar na respiração, além de diversas intercorrências, e conseguiu resistir. Com seis meses, recebeu autorização dos médicos para ir para casa, com a condição de ter um serviço de home care que fornecesse os equipamentos necessários para prestar assistência médica ao menino. O equipamento exigiu algumas mudanças e reformas na casa da família, mas, finalmente, Luiz Felipe conheceu o seu lar. Apesar de idas e vindas ao hospital, por conta de diversas complicações, em fevereiro, o menino pode viver o seu primeiro ano de vida em casa, junto aos pais. “É uma mini-UTI instalada em casa, ventilação mecânica, oxigênio, cilindro, inalador, tudo o que precisa. Nossa rotina em casa é fisioterapia, fonoaudióloga, terapeuta educacional, médicos”, explica Ana. O neurologista infantil Tiago Leal, que acompanha o caso de Luiz Felipe, diz que a parada cardiorrespiratória ocasionou uma lesão cerebral, que provocou Paralisia Cerebral Tetraparética (PCT), um estágio grave da doença. “Ele foi um bebê prematuro, precisou de cuidados intensivos, teve intercorrências e acabou tendo essa parada. Há limitação de pernas e braços. Ele tem, além da paralisia, crises convulsivas, e não consegue se alimentar. Devido a esse comprometimento, o que se colocaria é um estágio mais importante da paralisia”, diz o médico. Hoje, Luiz não apresenta movimentos faciais, os músculos são rígidos, respira por traqueostomia e utilliza sonda alimentar. Os pais buscam tratamentos que possam proporcionar maior qualidade de vida ao filho. Uma terapia, já aplicada em crianças de outros países, utiliza células do cordão umbilical congeladas. Elas têm a capacidade de migrar para a área danificada do cérebro e regenerá-la. O tratamento, segundo a mãe de Luiz, custa cerca de R$ 100 mil, incluindo hospedagem, alimentação e passagens áreas. O procedimento não é realizado no Brasil, somente em países como a Tailândia e o Equador, que seria mais próximo e mais barato. A família teria que ficar um mês fora do Brasil para que Luiz pudesse passar por todo o tratamento. Após a injeção das células, o menino passará por uma terapia para estimular os movimentos, e terá o acompanhamento de especialistas, que irão avaliar a reação de Felipe ao tratamento. Pedagoga, a mãe do menino teve que parar de trabalhar para cuidar do filho, enquanto o pai atua como técnico em contabilidade para pagar os gastos da família. Os pais não têm condições de arcar com todas as despesas do tratamento no exterior. Por isso, estão fazendo a campanha 'Luiz Felipe Nosso Milagre', além de rifas, bazares e diversos eventos com o objetivo de arrecadar o valor necessário para a viagem e tratamento. O neurologista diz que a decisão pelo procedimento deve ser da família. Porém, o tratamento não é feito no Brasil, por falta de comprovação científica que ateste sua eficácia. "Hoje, no Brasil, não tem nenhum lugar que faça esse tipo de tratamento. Não tem nenhum programa que use um medicamento ou qualquer tipo de procedimento semelhante em relação à paralisia", disse. Segundo o médico, Luiz pode passar por um programa de reabilitação com fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e equoterapia, por exemplo. "São os tratamentos que têm eficácia. Em algumas crianças, também pode-se aplicar a toxina botulínica, mas tem que fazer com avaliação médica, e tem um prazo", comenta. A mãe de Luiz tem fé de que conseguirá juntar todo o dinheiro para fazer o tratamento no Equador. Ela crê que é uma das únicas formas de ver uma melhora significativa no estado de saúde do filho, e de melhorar a qualidade de vida dele. “Várias crianças fizeram e tiveram ótimos resultados. O tratamento ainda está sendo estudado no Brasil, por isso não podemos fazer aqui. Mas, os médicos dizem que pode dar uma grande melhora no quadro dele. Já temos uma clínica e o médico. Qualquer melhora para o meu filho, eu quero. Meu sonho é vê-lo sem a traqueostomia, sem a gastrostomia [sonda alimentar] e vê-lo dar os primeiros passos”, diz a mãe.